RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Itapecerica da Serra
O governo Jorge Costa (PTB) não autorizou que uma carreta com serviços de saúde e estética entrasse em Itapecerica da Serra no fim de semana sob justificativa de que o responsável não seguiu ou ignorou posturas municipais e frustrou campanha antecipada de Jones Donizette. Secretário em Embu das Artes, braço direito do prefeito Ney Santos (PRB), Jones se declara candidato a prefeito de Itapecerica de 2020 e criou movimento social para se viabilizar eleitoralmente.
Após anunciar durante a semana que a “carreta da saúde” estaria no Jardim Jacira, no sábado, e no Parque Paraíso, no domingo, Jones fez vídeos em que acusou Jorge de “impedir” a entrada do caminhão. “Foi feito um movimento do bem, de pessoas que querem ajudar o povo, fizemos toda a parte burocrática”, disse, com ofício à Secretaria de Trânsito, ao lado do vereador Val Santos (PRB). Ele disse que a Guarda Municipal deflagrou uma operação “para prender a carreta”.
Jones comparou Jorge ao ditador venezuelano Nicolás Maduro, que “meteu fogo na carreta de alimentos que ia levar ajuda humanitária para o povo”, segundo ele. “É um governo que está se demonstrando perseguidor, que utiliza a Guarda para prender a carreta que levaria ajuda humanitária à população de Itapecerica”, disse. Em outro vídeo, disse que a comunidade do Jacira, “tão esquecida por esta administração”, foi atendida numa escola estadual, sem a carreta.
O governo reagiu de imediato. Em áudio num grupo de WhatsApp a moradores do Jacira, a que o VERBO teve acesso, Saulo Trolesi, assessor de Jorge, disse que a carreta só não foi autorizada a passar pelo centro. “Jones fez um vídeo atacando o prefeito, dizendo que ele não quer que a saúde venha ao município. Esse trabalho sempre é bem vindo. O que me espanta [é que] tem vários caminhos para entrar na cidade sem ser pelo centro, que é o que ele quer”, disse.
Saulo negou que a blitz visava a carreta e alfinetou o grupo político de Jones. “A GCM está ali para cumprir o seu dever, prender bandidos, veículos irregulares. Se a carreta tiver documentada, o motorista estiver habilitado, não estiver armado como é normal no governo Ney Santos […], não tem porque não passar pela blitz. Quando a pessoa vê a blitz e volta para trás tem algo errado […]. Foi negado o pedido para passar pelo centro, mas existem outros caminhos”, disse.
Em outro áudio em que disse falar direto a Jones, Saulo o repreendeu de novo. “Assisti a seu vídeo, achei até estranho. […] Já que não dá para passar no centro, passe por outro lugar, tem vários outros meios para chegar ao Jacira. Isso ficou em dúvida”, criticou. Ele disse ainda que a blitz existe desde a denúncia de que membros de facção criminosa estariam entrando na cidade. “Ocorre desde a época do Natal. Fica aí o meu desabafo, e você interprete da melhor forma”, disse.
O secretário José Carlos Calado (Governo) disse ao VERBO que Jones deveria ter pedido autorização na Secretaria de Saúde. “Ele cita algumas especialidades, a questão é de Vigilância Sanitária, de segurança da saúde. Ele fez o pleito da forma equivocada”, disse. Ele reforçou que o procedimento seria normal e questionou a ação. “Vai se mexer com vidas, trazer médicos – são médicos mesmo? Se irão atender no nosso município, passa por responsabilidade nossa”, frisou.
Calado negou motivo político para restringir a carreta e chamou Jones de “oportunista”. “O prefeito Jorge Costa até o momento não se manifestou sobre a carreta, o que tem de decisão é da Secretaria de Trânsito. E não há nada de ajuda humanitária, é lamentável que haja oportunistas, pessoas desguarnecidas da verdade, é muito triste Itapecerica passar por isso. Seria melhor que ele se voltasse para Embu, que está precisando muito, principalmente na saúde”, declarou.
> Colaborou a Redação do VERBO ONLINE
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