ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
A Polícia Civil realizou nesta terça-feira (19) a reconstituição restante da violenta colisão de uma viatura da Polícia Militar, prefixo E-05109, contra um Renault Logan, na estrada Kizaemon Takeuti na altura do número 1.100, no Jardim Roberto, em Taboão da Serra, que aconteceu há um ano – em 17 de março de 2018. No carro particular estavam os pais com três filhos, crianças. Os PMs afirmam que o motorista fez uma conversão proibida. O casal refuta a alegação.
A viatura do Baep (Batalhão de Ações Especiais da Polícia Militar), placa GBN 0305, bateu tão forte que amassou toda a porta dianteira do passageiro e fez o carro girar. A contadora Giselle Barauna, que estava sentada ao lado do marido, o motorista, sofreu escoriações e desmaiou, mas foi socorrida e liberada. As crianças de 4, que chegou a bater a cabeça, e 8 anos também foram socorridas, ficaram em observação e tiveram alta. O garoto de 2, na cadeirinha, escapou ileso.
Condutor do Logan, o motorista de aplicativo Fernando Machado de Jesus cruzava a pista contrária para entrar no edifício residencial Spazio Felicitá, para uma visita, quando foi atingido, às 13h30. “O trânsito estava parado, a viatura passou o farol vermelho e bateu no nosso carro quando eu estava entrando no condomínio, a faixa era pontilhada”, disse ao VERBO – ele ficou no local por três horas, até ser levado ao 1º DP de Taboão para registro da ocorrência.
No local do acidente, o tenente Andreatti, indicado para falar sobre a ocorrência, relatou à reportagem que a viatura com quatro PMs se deslocava para “dar apoio” a uma ocorrência de roubo. Ele não soube dizer onde e apenas disse que era em lugar “próximo”. “O cidadão entrou com o veículo fazendo uma manobra à esquerda pela faixa contínua. A viatura tirou um pouco, mas não foi possível evitar a colisão”, disse. Em veículo grande, alto, os policiais não se feriram.
Questionado sobre a sinalização, Andreatti disse que a faixa não é contínua. “Ali está apagado de tanto desgaste da pista, não é pontilhada”, disse na ocasião. O VERBO tentou confirmar a grafia correta do nome do PM, mas o tenente não tinha a tarjeta de identificação na farda. Ele disse que ia ser aberta investigação “para apurar o procedimento dos policiais e a situação, algo de praxe”. A ocorrência foi registrada como acidente de trânsito com lesão corporal culposa.
A PM depôs que o motorista fez uma conversão proibida. Fernando fez adendo ao boletim de que não estava errado. “Renascemos. […] Uma viatura em alta velocidade ultrapassou o farol vermelho e acabou batendo em nosso carro. Graças a Deus, ando de cinto e meus filhos também. Mas infelizmente os policiais fizeram um BO dizendo que a batida foi por culpa nossa, que era uma conversão proibida e não era. A faixa não era contínua e sim serrilhada”, disse Giselle.
A perícia feita hoje foi com a presença da família – na data marcada inicialmente, 26 de fevereiro, o casal não conseguiu comparecer. Apenas Giselle participou da reconstituição, com uma perita e um PM que fotografou na frente do condomínio – Fernando ficou no 2º Distrito Policial, próximo ao local, sob justificativa de que só era necessário um. Os PMs envolvidos no acidente não participaram. “Ficou a palavra deles de quando vieram da outra vez”, comentou Giselle.
Giselle espera que seja considerado que o marido ao fazer a manobra aproximou o máximo possível da linha divisória da pista, além de se deparar com faixa que não estava contínua. “Minha expectativa em relação à reconstituição é que seja apurada a verdade, e utilizado como base dos fatos o Código de Trânsito Brasileiro, em específico os artigos 38 e 39, que a justiça prevaleça. Espero que seja resolvido logo, é desgastante para ambos os lados”, disse à reportagem.
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