ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
Os vereadores Eduardo Nóbrega (PSDB) e Alex Bodinho (PPS), protagonistas da aguda crise na base governista de Fernando Fernandes (PSDB), aberta em agosto do ano passado, estiveram na manhã de sexta-feira (8) no gabinete do prefeito e pediram desculpas a Fernando, em gesto que foi recíproco. “Eles fizeram as pazes comigo e eu fiz as pazes com eles”, disse Fernando ao VERBO ao ser flagrado pela reportagem ao deixar o prédio da prefeitura para almoçar.
“Você está espionando?”, brincou Fernando ao se deparar com a reportagem. Indagado sobre o encontro com os dissidentes, os autodeclarados “BIH” (bloco independente e harmônico), ele disse que recebeu Nóbrega e Bodinho. “Eles saíram daqui agora há pouco”, falou ao confirmar a conversa. Bodinho teve violenta discussão com Fernando e foi agredido por assessor do prefeito por divergências sobre apoios na eleição. Em resposta, Nóbrega idealizou o “BIH”.
Questionado se os oposicionistas, como sempre chamou os cinco primeiros vereadores “rebeldes” (quatro do PSDB), estavam de volta ao governo, Fernando disse ainda não haver acordo. O VERBO brincou que as partes se acertariam no dia seguinte. “Amanhã é sábado”, despistou, ainda espirituoso. A reportagem comentou que nem em fim de semana conversas políticas param. Como a concordar com a fala, Fernando disse, porém, que ainda “estamos conversando”.
Ao ouvir que tinha voltado a dialogar com alguém que tinha se tornado pivô da crise na base governista – Bodinho – e com o articulador do bloco de oposição – Nóbrega -, Fernando sinalizou, porém, que o retorno dos dissidentes deve acontecer em pouco tempo. “Você lembra do Ulisses Guimarães?”, disse ao querer exemplificar que, a exemplo da nuvem que se move no céu, a política muda. “Estamos conversando”, reforçou Fernando ao entrar no restaurante.
Os vereadores do “BIH” colocavam como condição para o reatamento que Fernando pedisse desculpas a Bodinho – por causa do bate-boca – e ainda a Nóbrega – que se dizia desrespeitado com “ofensas pessoais” do prefeito -, o que aconteceu formalmente na reunião. Nóbrega, que levou Bodinho para a conversa, é o mais ansioso pela volta à base do governo, ao buscar apagar as desavenças para tentar ser o candidato a prefeito em 2020 com apoio de Fernando.
O martelo de reconciliação só não foi batido ainda por resistência em torno dos dissidentes alinhados ao prefeito Ney Santos (PRB), hoje inimigo de Fernando. André Egydio (PSDB), que sempre teve relação conturbada com Fernando e no “BIH” passou a fazer discursos ácidos contra o prefeito, já declarou continuar na oposição. Ele e Érica Franquini (PSDB) teriam fechado acordo para apoiar o deputado estadual Aprígio (PSD), virtual prefeiturável em 2020, que se aliou a Ney.
Outro personagem de resistência para a recomposição com o governo é o recém-ingresso no “BIH”, o presidente da Câmara, Marcos Paulo (PPS), que tem rusgas e “situações mal resolvidas” com Fernando, como não “perdoar” ter sido preterido pelo prefeito para a eleição para comandar o parlamento. Paulinho também “bate o pé” para sustentar o discurso de plena independência do Legislativo, para não se tornar mero “despachante” dos projetos do Executivo.
Na sessão pelos 60 anos de Taboão, Paulinho negou reconciliação e disse que o tratamento respeitoso ao prefeito foi por conta da ocasião, mas deixou escapar que o racha no “BIH” se desenhava. “Não vou expor aqui quem quer, quem não quer [dialogar]. […] O debate interno dentro do ‘BIH’ e ‘BO’ [oposição] está havendo”, disse. Fernando disse ainda à reportagem na sexta que duas semanas atrás recebeu Paulinho na prefeitura, mas indicou que a visita foi institucional.
Há duas semanas, o VERBO publicou que os dissidentes intensificavam o diálogo para voltar ao governo e negociavam a readmissão dos comissionados que tinham no Executivo em troca de deixarem de fazer oposição. Não eram os seis, porém, que aceitavam voltar ao “amém” de antes ao prefeito. Na sexta, os “fiéis” ao prefeito participaram do encontro – Fernando deixou a prefeitura acompanhado de Priscila Sampaio (PRB), Ronaldo Onishi (SD) e Johnatan Noventa (PTB).
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