ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
O ex-secretário de Saúde de Embu das Artes José Alberto Tarifa, demitido pelo prefeito Ney Santos (PRB) após dois anos no cargo, disse ao VERBO que lamenta ter sido exonerado sem poder concluir o trabalho que se propôs a fazer em favor da população de Embu após assumir a empreitada não “por dinheiro nem status”, mas pelo “desafio profissional”. Tarifa afirmou que “sair é sempre triste” e, “diante do que há para fazer, saio com a sensação de dever não cumprido”.
Tarifa, que é dentista e funcionário de carreira da Saúde de Taboão da Serra, disse que, apesar da exoneração, teve o trabalho reconhecido. “Sair é sempre triste. Não assumi a Secretaria de Embu por dinheiro e nem status, assumi pelo desafio profissional e porque acreditei que poderia contribuir de alguma forma com as pessoas que moram em Embu. Pela quantidade de mensagens de apoio que que recebi, acho que de alguma forma consegui contribuir”, disse.
Tarifa não deixou de externar frustração em ter de sair sem ter podido organizar a saúde de Embu. Gestor de diálogo e acessível, ele contou com apreço dos agentes e lideranças da saúde desde o início, apesar das dificuldades do governo Ney, mas passou a ter problemas insolúveis em 2018, ano de eleições, ao ser “fritado” por auxiliares diretos como a adjunta Maria Serrano, cargo político de Ney, a começar por não apoiar candidato a deputado estadual do prefeito.
Serrano “pediu a cabeça” de Tarifa em junho. Na “sabotagem”, ela reuniu comissionados para falar com Ney e expôs que Tarifa apoiava Analice Fernandes (PSDB), e não Hugo Prado (PSB). Ney quis já demitir Tarifa, mas sem opção de troca desistiu. No anúncio do novo secretário, Raul Bueno, Ney disse que demitiu Tarifa por não ter pulso firme, mas se contradisse e admitiu falta de recursos. No orçamento, Ney tirou R$ 16 milhões da saúde para honrar acordos políticos.
Embora acredite ter contribuído com a saúde de Embu, Tarifa disse não ter ficado satisfeito. “Diante do que há para fazer saio com uma sensação de dever não cumprido. Minha experiência em Embu foi muito intensa, conheci pessoas fantásticas que me marcaram profundamente e sempre irão fazer parte da minha vida. Isso foi o meu maior prêmio e agradeço muito por terem me presenteado com essa amizade”, disse ao VERBO. Em nenhum instante agradeceu Ney.
Tarifa fazia parte de um grupo no WhatsApp de agentes e lideranças por melhorias na saúde. Ele saiu na madrugada desta sexta (25), após exonerado. Antes, deixou uma mensagem de agradecimento e incentivo a lutar pelo SUS (sistema público). “Gostaria de agradecer a todos deste grupo, pois com suas colocações nos mostraram alguns caminhos por onde trilhar a rota para um SUS melhor. Infelizmente ainda há muito por fazer, logicamente não só em Embu”, disse.
“Mas não desistam de lutar por esse SUS, que foi criado graças à participação popular, e que mesmo com todas as dificuldades é hoje o sistema de saúde que salva nossas. Digo nossas, porque eu e minha família também fazemos parte da população SUS e nossas vidas também estão nas mãos do SUS”, afirmou Tarifa. Ele já recebeu convite para novo trabalho. “Ainda não decidi. Recebi uma proposta e vou pensar neste fim de semana”, disse ele à reportagem.
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