RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
O prefeito Ney Santos (PRB) exonerou nesta quarta-feira (16) o secretário de Serviços Urbanos, Léo Novais, em início da reforma administrativa com a qual tenta “respiro” nos últimos dois anos de governo – a administração é mal avaliada pela população, com gestão caótica desde a saúde até a conservação da cidade, atribuição da pasta mexida. O pastor Marco Roberto, chefe de gabinete de Ney, deverá assumir o posto. Outros secretários serão demitidos ou remanejados.
Léo deixa o governo para abrir espaço para reformulação administrativa – ele era citado como uma das iminentes baixas desde novembro do ano passado. Ele era uma das peças-chave da atual gestão, inclusive chegou a ser o nome a deputado federal do prefeito. Conforme revelou o VERBO, após entrar até em córrego para fazer a limpeza, ele chegou a deixar a secretaria em segundo plano para participar da entrega de kits escolares em busca de visibilidade eleitoral.
Léo se tornou uma pessoa de confiança de Ney antes ainda da eleição. Ele presenciou Ney contar a um ex-assessor que teve a campanha a prefeito financiada, “em boa parte”, por um membro de facção criminosa que age dentro e fora dos presídios, no valor de pelo menos R$ 12 milhões. Com Ney eleito, Léo virou secretário e ocupou o cargo mesmo após anunciado que se afastaria por causa da candidatura. Ele ficou e usou a estrutura da pasta até desistir de concorrer.
No entanto, “ouvinte” da delicada revelação, Léo seguiu em alta conta com Ney na esfera pessoal. Contudo, no âmbito administrativo, desde que deixou de fazer parte dos planos eleitorais de Ney, ele foi perdendo credibilidade e espaço na secretaria. Era cobrado em público por moradores por pedido de serviços feito há semanas e não executado. O próprio pastor Marcos, cogitado para o cargo, era quem mandava na pasta e deixava Léo como secretário figurativo.
Sobre outras danças de cadeira no Executivo, o secretário Francisco Carlos (Cal) deverá deixar a pasta de Governo. Conforme relatos de interlocutores do governo ao VERBO, o nome cogitado como substituto, desde novembro também, é o presidente reeleito da Câmara, Hugo Prado (PSB) – a eleição ao Legislativo foi de cartas marcadas para, entre outros interesses, levar o vice-presidente Gilson Oliveira (MDB) a assumir o comando da Casa, como gratidão.
Ney contaria com Hugo como uma das últimas cartadas para tentar erguer o governo. Aliado de primeira hora de Ney, Hugo – formado em gestão pública e com energia da juventude – teria a missão de integrar e “desemperrar” o Executivo, já que o núcleo duro do governo Ney, encabeçado por pastor Marcos e Jones Donizette (Comunicação), não atende muitas vezes as demandas dos secretários – que se veem obrigados a ter de recorrer ao próprio prefeito.
Hugo, porém, estaria resistente diante da percepção de que Ney “perdeu a mão do governo”. Ao entregar panetones aos eleitores, no fim do ano, ele ouviu duras críticas à administração municipal e também levou “bordoadas” ao procurar fazer a defesa da gestão. “Ele está com medo de se afundar politicamente”, disse um interlocutor do vereador à reportagem, sobre aceitar ser secretário. Procurado, Léo não respondeu ao contato. Hugo não fala com o VERBO.
> Compartilhe pela fanpage do VERBO ONLINE