ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
A presidente da Câmara de Taboão da Serra, Joice Silva (PTB), disse que Marcos Paulo (PPS) “enganou” “companheiros” ao fechar 20 dias antes com vereadores adversários, opositores do prefeito Fernando Fernandes (PSDB), para se eleger presidente do Legislativo, na sessão na terça-feira (4). Paulinho rebateu que o grupo que não honrou a palavra de o escolher para o cargo, em eleição marcada por farpas, provocações, ironias, “teatro” e termo de baixo calão – “chupa”.
Ao “virar a mesa” após “jurar” lealdade até a hora da eleição ao então grupo, Paulinho foi eleito presidente por 7 votos a 6 com o apoio do “BIH” (bloco independente e harmônico) – André Egydio, Eduardo Nóbrega, Carlinhos do Leme, Érica Franquini, todos do PSDB, Alex Bodinho (PPS) – e de Moreira (PSD), oposição. Ronaldo Onishi (SD), Johnatan Noventa (PTB), Priscila Sampaio (PRB) e Rita de Cássia (PSDB), nomes a presidente, vice, 1º e 2º secretários, saíram derrotados.
Chamado a abrir a eleição, Moreira ficou constrangido ao perceber que revelaria a negociação logo de cara ao votar, sendo oposição, em Paulinho, até então considerado do grupo governista, e do prefeito. “Continua, sra. presidente? É que normalmente eu sou o último, e estou sendo o primeiro. [Sou] Privilegiado? É?”, disse, ao tentar disfarçar o “jogo de cena”. Mas vereadores de Embu das Artes aliados do “BIH” chegaram em visita incomum, a indicar reviravolta já selada.
Após Moreira votar em Paulinho para presidente, Carlinhos para vice, Érica para 1ª-secretária e votar em si para 2º-secretário, Onishi, em sinal de algo “errado”, pediu a suspensão da sessão e reunião com os aliados, atônitos e aflitos. Os adversários mal escondiam a satisfação, mas buscavam ser discretos – só após Joice sair, André, ao lado, levantou e só depois de olhar para o lado cumprimentou Moreira pelo voto. Érica e Nóbrega também o saudaram discretamente.
Com a eleição retomada, Rita foi a segunda a votar. Com o semblante fechado após a reunião, só disse os nomes, em menos de um minuto. A próxima, Érica, entre as mais criticadas por romper com o prefeito e compor o “BIH”, não deixou de criticar apoiadores que a “abandonaram” para ir para o governo, elogiou Moreira pelo apoio e repetiu os votos do colega, inclusive em Paulinho. “Chegou a sua hora. Quando Deus escolhe, o homem não pode parar”, disse.
Tachada de não ter voz própria e votar com o “BIH” em suposto acordo do deputado Marcos Pereira com o prefeito de Embu, Ney Santos, ambos do PRB, Priscila respondeu aos detratores. “Estou aqui como prova viva de que não sou carta na manga. É comigo que, nas próximas eleições para presidente, os vereadores têm que conversar”, disse. Bodinho, pivô da briga do “BIH” com Fernando, anunciou só o voto, mas foi quando se ouviram os primeiros gritos de “Paulinho”.
Carlinhos, após votar em si para vice, escolheu Paulinho para presidente e disse que “a gente está fazendo justiça”. Já Johnatan disse ser um homem “de palavra”, votou em si para vice e em Onishi para presidente. Cido afirmou que “a política é a arte do diálogo” e votou na “chapa” de Onishi, ao chegar a dizer que “Deus está honrando esta conquista”. Onishi já não se iludia. O candidato virtualmente derrotado fez discurso sem o entusiasmo de quando usa a tribuna.
Apontado pelo prefeito como cabeça do “BIH”, Nóbrega lançou farpas contra Fernando e indicou a vitória do bloco ao dizer que a “eleição mais emblemática” da Câmara foi a de Orlandino, contra o favorito Salvador Grisafi (anos 1990), “mas hoje superaremos aquela geração”. “A vaidade passa, o ser humano vai aprendendo. Se não aprende na boa, aprende na força. Se não vai no amor, vai na dor, e em Taboão vamos começar a ver isso”, disse, ao votar em Paulinho.
Próximo, Paulinho disse que na eleição de Joice ficou a promessa de que ele ou André seria o próximo presidente, mas “descobriu” a candidatura de Onishi durante conversa com Pereira (PRB). “Foi uma grande surpresa. Ali descobri que dificilmente o compromisso seria honrado. […] E todos sabiam do meu sonho, da minha família [ser presidente], em especial o prefeito, que disse que me apoiaria e não apoiou. Votarei no que foi conversado dia 10 de novembro”, disse.
André, que era o candidato do “BIH”, foi o mais contundente. “É o dia para eu lavar a minha alma, que foi humilhada durante seis anos. Por você, prefeito! Na Câmara nem tudo o senhor manda! Acabou! Eu gostaria de ser presidente, mas conversei com Marcos Paulo e a gente se acertou em um projeto para a cidade. […] Quero falar por último a uma pessoa: Marcos Pereira, chupa!”, disparou. Priscila se levantou, bateu palmas e fez gestos de ironia. André retribuiu.
Última a votar, Joice disse que deu a palavra, mas “uma candidatura foi retirada, outras peças foram colocadas no jogo”, e criticou Paulinho por sempre dizer que votaria com a base. “Hoje o senhor sentou com o então seu grupo e continuou a dizer que estaria junto. O que me chateia é que o senhor teve a oportunidade de conversar e não o fez. É muito triste o senhor dizer que dia 10 de novembro já tinha decidido a sua vida, e continuou enganando seis companheiros”, disse.
Paulinho voltou à tribuna e, ao contrário da fala serena durante o voto, usou o característico tom exaltado ao retrucar Joice. “Palavra dada, você honra com quem honra, o meu histórico no parlamento é de minha palavra não fazer curva. Não me cobre que eu não faça curva com quem fez curva comigo”, reagiu, ao se dizer agora BIH. “Por não ser aclamado pelo governo e ter sido todo o emaranhado que o governo criou, o BIH acaba de ter seis vereadores na Casa”, avisou.
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Penso que onde o dinheiro do crime entra, ninguém segura, nem religião….kkk