RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
O prefeito Ney Santos (PRB) deixa de fazer sistematicamente o repasse integral para pagamento do salário aos agentes comunitários de saúde e os leva a pedir “socorro” há pelo menos cinco meses. Eles exigiam o direito básico de receber em dia já em agosto – quando Ney, em vez de sanar o problema, foi tirar licença para atuar na campanha eleitoral, na caçamba de carros ou soltando fogos ao alto. Profissionais de enfermagem também sofrem atraso nos vencimentos.
Os agentes comunitários de saúde em Embu das Artes são contratados por uma organização privada, mas recebem com repasse feito pela prefeitura. Um grupo se reuniu na quinta-feira com a gerência da empresa, mas saiu revoltado. “Infelizmente o Cejam falou que não teve repasse. Não vai haver pagamento [do 13º] amanhã [sexta-feira], como estava programado [conforme a lei], e não tem previsão de quando haverá”, disse uma profissional que participou da reunião.
“Os funcionários do Cejam em Embu das Artes sofrem frequentes atrasos no pagamento, vale alimentação, vale transporte. Além de serem impedidos de tirar férias. São desrespeitados como funcionários”, denunciou à reportagem uma contratada a serviço da prefeitura no dia 2 de agosto, ao se referir a julho e meses anteriores. “Inclusive, estamos novamente com o salário atrasado e segundo o RH da própria empresa, sem previsão de pagamento”, afirmou ela.
Em quadro que explica a escalada de caos na saúde de Embu, a situação já era dramática à época. “Os funcionários estão adoecendo, porque além de problemas com o frequente atraso sofremos pressão por parte dos gerentes das unidades, políticos e a própria Secretaria de Saúde. Funcionários, infelizmente, tentando suicídios, afastados por problemas psicológicos”, relatou. Ela apontou caso de enfermeira que se afastou por doença relacionada ao trabalho.
A forma como os funcionários a serviço da prefeitura são tratados é uma “falta de respeito total”, acusou. “Temos contas, filhos e nossos compromissos financeiros e ninguém está nem aí para isso. Enquanto o prefeito gasta milhões com festas, viagens e sua vida luxuosa, os funcionários têm que se virar para conseguir pelo menos conseguir comer. Isso é um absurdo. Desumano! Estamos pedindo socorro. Tá muito difícil nossa situação”, ressalta a funcionária.
“Só queremos o que é nosso. Ser respeitados como funcionários e [ter] a remuneração pelo nosso trabalho!”, finalizou – ela não terá o nome revelado pelo VERBO. “Assim como outros funcionários, temo algum tipo de perseguição”, falou. Outra funcionária disse à reportagem que não recebe em dia “desde o antigo governo [Chico Brito]”. “Porém, neste ficou muito pior. Antes atrasava alguns meses. Só às vezes. Agora é todo mês. Atraso de 5, 10 dias. Parcelado”, afirmou.
OUTRO LADO
Procurado após a reunião dos agentes de saúde no Cejam, o secretário José Alberto Tarifa (Saúde) não se manifestou. Na sexta-feira (30), o VERBO questionou o próprio prefeito. “Agentes comunitários de saúde protestam que estão recebendo pagamento com atraso, parcelado ao longo do mês, e não têm mais vale refeição e alimentação por falta de repasse do valor contratual por parte do seu governo ao Cejam. Por que o atraso, prefeito?” Ney ficou em silêncio.
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