RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
GABRIEL BINHO
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
Um dos serviços mais importantes por contribuir com a prevenção e tratamento precoce de doenças é tratado com descaso pelo governo Ney Santos (PRB), em mais uma situação de caos na prefeitura. Os agentes comunitários de saúde estão recebendo o pagamento com atraso, em parcelas no mês, e não têm mais cartão-alimentação, além de trabalhar sob pressão e assédio moral. Os profissionais decidiram fazer um protesto para serem recebidos por Ney.
Os agentes comunitários de saúde de Embu das Ares são contratados pelo Cejam, mas recebem com repasse feito pelo governo municipal. Um grupo se reuniu na tarde desta quinta-feira com a gerência da empresa, mas saiu revoltado. “Infelizmente, o Cejam falou que não teve repasse. Não vai haver pagamento [do 13º] amanhã [nesta sexta-feira], como estava programado, e não tem previsão de quando haverá”, disse uma profissional que participou da conversa.
O Sindicato dos Agentes de Saúde da Região Metropolitana (Sindacs) participou da reunião e criticou o Cejam por não “priorizar os menores salários” ao pagar com o reduzido repasse, mas disse que o “problema maior” é a prefeitura não estar em dia. “Ela [empresa] colocou que recebeu metade do que tinha que receber este mês. Sem contar os meses atrasados, foi feita uma conta que já está em quase R$ 1,3 milhão em atraso”, disse o sindicalista Rodrigo Rodrigues.
“De fato, a Secretaria de Saúde, junto com a Secretaria de Finanças, não fez o total do repasse para o cumprimento do contrato de gestão. A empresa também alega que não tem o valor de reserva e não consegue fazer o encaminhamento [pagar sem receber]. […] O contrato de trabalho com o Cejam não é um contrato simples, os trabalhadores a partir do momento que não recebem podem causar um colapso na saúde pública da cidade”, ressaltou Rodrigues, com alerta.
Rodrigues defendeu ainda informar a sociedade sobre a angústia dos agentes de saúde e cobrar uma reunião com Ney, do contrário pleitear um termo de ajustamento de conduta no Ministério Público. “Devemos deixar essa situação mais pública. É pedir respeito à categoria, que paguem os valores na totalidade. […] Temos que fazer que o prefeito nos receba. Se ele tiver ciência do que está acontecendo e não der encaminhamento, vamos impetrar [o TAC]”, afirmou.
A vereadora Rosângela Santos (PT) também esteve na reunião com os agentes e criticou o que apontou como falta de prioridade de Ney. “O Cejam apresentou que a prefeitura não tem recurso. Como não tem? R$ 9 milhões foram para pasta de Comunicação só neste ano. Se vocês não se unirem, podem ter certeza que não vão ter resposta nenhuma. Foi falado que vai ter outra licitação. Se tiver, vai romper esse contrato, vai dispensar vocês sem direito nenhum”, disse.
Não é de hoje que os agentes sofrem com salário a “conta gotas”. “Em alguns meses atrasa, em outros não, mas isso já vem há uns dois anos. Só que de seis meses para cá tem acontecido frequentemente. [No mês passado] O pagamento caiu em três parcelas, a primeira foi no dia 10, depois no dia 15 e dia 20. E a gente não é notificada de nada, eles não avisam, o pagamento não cai na conta como tem que cair”, contou uma profissional – o VERBO não revelará o nome.
Cada agente comunitário de saúde teria de atender 200 famílias ou cerca de 700 pessoas, conforme o Ministério do Trabalho. “Eu tenho uma área de 308 famílias, 970 pessoas. Só que eu ainda atendo o pedaço de uma área descoberta que não tem agente comunitário, então estou atendendo no total 492 famílias, cerca de 1.200 pessoas. Infelizmente, eu não bato meta, impossível, não consigo”, disse. Os profissionais ainda são cobrados a atender mais.
“Há muita cobrança, assédio moral da gerência da unidade [do Cejam]. Eles cobram muito. Só que não tem nenhuma notificação por escrito, ela só fala nas reuniões que o Cejam está cobrando, que a prefeitura está cobrando as metas. Só que como a gente vai trabalhar? A desmotivação está enorme, ninguém quer trabalhar sob pressão, e sem receber”, desabafou. Nem o vale-refeição está sendo entregue. “Desde o mês passado a gente não está recebendo”, disse.
Os agentes de saúde saíram da reunião e decidiram ir até a porta da prefeitura na segunda (3) para cobrar de Ney o pagamento em dia. “Eles [Cejam] alegam que a prefeitura não faz o repasse do dinheiro. Então vamos nos reunir na prefeitura na segunda-feira para falar com o prefeito. Vamos [fazer protesto], temos o direito, estamos trabalhando, temos que receber”, afirmou ela. Procurados, o secretário José Alberto Tarifa (Saúde) e o prefeito Ney silenciaram.
> Compartilhe pela fanpage do VERBO ONLINE