Érica acusou seis meses de descaso, mas exaltou Fernando 15 dias antes de romper

Especial para o VERBO ONLINE

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

Ao anunciar rompimento com o prefeito Fernando Fernandes (PSDB) e a retirada do apoio à deputada estadual Analice Fernandes (PSDB) à reeleição em favor do vereador de Embu das Artes Hugo Prado (PSB) no fim de agosto, a vereadora Érica Franquini (PSDB) disse que tomou a decisão por não ter mais as demandas atendidas pelo prefeito fazia cerca de “seis meses”. Porém, apenas 15 dias antes, Érica disse ter sido atendida e ainda fez agradecimento efusivo a Fernando.

Érica diz não ser atendida
Érica diz que não é atendida por Fernando havia 6 meses, em agosto; mas 15 dias antes agradece por serviço
No mês em que rompeu com Fernando
Vinte dias antes de criticar Fernando, Érica participa de entrega de creche; em julho, também elogia o prefeito

Érica e mais quatro vereadores – Eduardo Nóbrega, Carlinhos do Leme, André Egydio, todos do PSDB, e Alex Bodinho (PPS) – romperam com Fernando por rejeitar “dobrada” da mulher, Analice, com a candidata a deputada federal Ely Santos (PRB), irmã do prefeito Ney Santos (PRB). Longe de ser simples recusa à propaganda conjunta, Fernando impôs o não apoio da máquina administrativa e por consequência votos a Ely menos do que os prometidos pelo grupo.

No anúncio do rompimento, no comitê da então candidata Ely em Taboão, ao lado dos outros dissidentes, Érica alegou que não deixava o apoio ao governo Fernando por outro motivo – recebimento de dinheiro de Ney, por exemplo – que não o de não ter mais as reivindicações recebidas da população atendidas pelo prefeito, daí passou a criticar a gestão. “As críticas são porque não estamos sendo atendidos. Se quem traz a demanda é o povo, temos que falar”, disse.

O VERBO questionou que Érica nunca criticou o governo, pelo contrário, sempre elogiou o prefeito por ser atendida, em público e nas redes sociais. “Eu era atendida. De um tempo para cá, não sou mais, eu não me sinto mais base do governo”, disse. A reportagem indagou desde quando não seria mais contemplada. “Faz mais ou menos seis meses que não sou atendida em quase nada. E outra: a maioria dos secretários não respeita vereador. Estou insatisfeita”, afirmou.

Érica reforçou o suposto descaso do prefeito. “Eu tenho vergonha, estava desanimada na política, você é eleito pelo povo, mas o povo cobra e você não tem respaldo do Executivo. Eu não estava mais querendo sair candidata, estava angustiada, toda segunda-feira [dia de reunião com Fernando] era cobrança em cima de cobrança do Executivo. Eu não expunha no Facebook porque cobrava diretamente ao Executivo e esperava que atendesse minhas solicitações”, disse.

“Com a formação do bloco independente, estou me sentindo mais aliviada, de poder cobrar, representar realmente a população, que tem me cobrado muito, eu tive 3.500 votos [3.446 exatamente]. E ajudei o prefeito Fernando Fernandes a sentar naquela cadeira, então acho que merecemos respeito. Sempre cobrei o prefeito que fizesse uma reunião com os secretários para que atendessem os vereadores. Nunca aconteceu. Para ser base, eu tenho que ser atendida”, disse.

Apesar de dizer que não era mais atendida há “mais ou menos seis meses”, Érica postou no Facebook em 14 de agosto – apenas 15 dias antes de anunciar rompimento com o prefeito – que o governo tinha feito serviço que pedira. “Quero agradecer imensamente ao prefeito Fernando Fernandes e a Secretaria de Obras e Serviços Urbanos por atender minha solicitação de limpeza e retirada de entulho da rua Benedito Prestes Ferraz ao lado do EMI Anjinho”, escreveu.

Não foi uma manifestação isolada. Um mês antes de virar oposição, Érica estava com Fernando na Arena Multiuso no “Quentão do Taboão”. “O Fundo Social de Solidariedade organizou um bingo com vários prêmios, onde todo o dinheiro arrecadado foi destinado às ações sociais. Quero agradecer a todos os envolvidos neste lindo evento, secretários municipais […], ao nosso querido prefeito Fernandes e a nossa deputada estadual Analice Fernandes pelo apoio”, disse.

Uma semana depois de Érica se “rebelar”, Fernando ironizou a vereadora ao dizer que não era mais atendida depois de um tempo. “Depois de um tempo, não. Depois de agora, né? Porque até então eu era o melhor prefeito do Brasil! Para eles todos [os cinco dissidentes]. Agora mudou. Será que não é política? Em um mês eu passei do melhor ao pior? Não dá, né? Eles não vão convencer ninguém com isso, está na cara que é uma ação política contra o governo”, declarou.

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