Fernando paga salário real abaixo do mínimo, e funcionários passam necessidades

Especial para o VERBO ONLINE

RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

Entre um governo e outro, servidores concursados de Taboão da Serra têm recebido salários indignos para qualquer trabalhador brasileiro. Há mais de duas décadas, funcionários públicos municipais como os que ocupam cargo de assistente de desenvolvimento escolar, assistente de desenvolvimento infantil e ajudante geral recebem o salário fixo congelado no valor de R$ 730, há quatro anos abaixo até do mínimo, que em 2015 era de R$ 788 e hoje está em R$ 954.

Funcionários municipais de Taboão em greve no ano passado
Servidores de Taboão em greve em 2017; salário de ass. desenvolvimento escolar, R$ 850, abaixo do mínimo

Não bastasse o valor irrisório dos vencimentos, os funcionários mal pagos da administração municipal não possuem convênio médico e nem benefício para despesas com a locomoção até o trabalho. “Nunca tivemos vale-transporte. Para quem mora longe, por exemplo, fica complicado se locomover, tem que pagar a condução do próprio bolso”, diz uma assistente de desenvolvimento escolar que preferiu não se identificar, com receio de perseguição, ouvida pelo VERBO.

De acordo com a funcionária, para “amenizar” o valor tão baixo do pagamento, a prefeitura incorpora um abano de R$ 250,00. “Só que esse abono não está incorporado ao salário, o nosso salário está congelado há mais de 20 anos”, conta, sobre o paliativo que devia ser temporário. Anualmente há o aumento nacional do salário mínimo, porém, mesmo assim a prefeitura não acompanha as atualizações e os vencimentos desses servidores continuam “parados no tempo”.

A assistente disse que o prefeito Fernando Fernandes (PSDB) já prometeu aumento salarial a esses funcionários, como também o vale-transporte, mas até agora nenhum compromisso se concretizou. “Entra prefeito e sai prefeito, tudo continua do mesmo jeito. Eles fazem o que querem”, desabafa. No ano passado, servidores da educação fizeram greve, mas voltaram ao trabalho após dois meses sem conseguir aumento – o prefeito se negou a negociar com a categoria.

Segundo outra servidora, com o cargo de ajudante geral, muitos colegas estão enfrentando sérias dificuldades. “Muitos funcionários da prefeitura de Taboão estão numa situação precária, estão passando necessidades, e eu me incluo entre eles”, diz. “Muitos estão com dívidas e sem casa para morar, é triste chegarmos a esse ponto. Já fizemos greve, mas nunca conseguimos porque não temos apoio de nenhum político da cidade”, acrescenta, ao lembrar da paralisação.

O VERBO sempre questionou Fernando sobre a falta de reajuste aos servidores. Em 2016, na campanha à reeleição, indagado se seria possível dar aumento, disse que sim, mas sob ressalva. “Lógico, mas estou colocando uma condição, ela é responsável, é ter aumento de arrecadação. Veja que 17 Estados estão pedindo falência”. disse. Ele falou que seria irresponsável dar aumento “com a arrecadação caindo”. “Chegamos em 2013, a arrecadação caiu o tempo todo”, frisou.

Em abril daquele ano, ao afirmar que o “comprometimento” do orçamento com folha de pessoal era de menos de 40%, bem abaixo do limite mínimo de 51%, Fernando foi questionado pela reportagem que os servidores pediam aumento. “Não fazemos esse tipo de loucura quando não pode ser feito”, disse, ao contestar a considerável margem de folga. “É, mas a prefeitura não vive só de pagar folha de funcionário. Saúde funciona só com folha de pagamento?”, reclamou.

OUTRO LADO
Questionada pelo VERBO, a prefeitura de Taboão da Serra disse, em nota, que “não há, em seu quadro, servidores públicos que recebam remuneração abaixo do mínimo estabelecido nacionalmente em 2018, que é de R$ 954”. No mesmo informe, confirmando o que foi dito pelas servidoras públicas à reportagem, a prefeitura afirmou que “para o cargo de assistente de desenvolvimento escolar, a remuneração total do funcionário é de R$ 980, com abono salarial”.

“Ainda sim, vale ressaltar que a Prefeitura de Taboão da Serra encaminhou à Câmara Municipal o Orçamento Municipal para 2019, com medidas fundamentais para a recuperação dos salários dos servidores públicos”, finaliza a prefeitura, sem apontar percentual de aumento. Em setembro, Fernando afirmou que “todos” os servidores terão reajuste a partir do ano que vem, no mínimo, a reposição da inflação. Acossado por ex-vereadores governistas, ele negou pressão.

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