RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
O braço-direito de Ney Santos (PRB), Jones Donizette – que deixou a Secretaria de Comunicação para conduzir as campanhas de Ely Santos (PRB), irmã do prefeito, e Hugo Prado (PSB) -, ocupou o palanque do governador e candidato à reeleição Márcio França (PSB) em Embu das Artes e até anunciou França como “próximo governador de São Paulo”, mas deu apoio “fake” ao pessebista. Neste segundo turno, Jones revelou em quem realmente vota – João Doria (PSDB).
No ato em Embu em apoio a França, em 9 de setembro, no sítio onde o grupo político de Ney fazia as reuniões para as candidaturas de Ely, a deputada federal, e Hugo, a deputado estadual, ao qual o VERBO estava presente, Jones chegou a recepcionar França em clima de festa diante de mais de 500 apoiadores e ficou próximo ao candidato no palanque com adesivo do pessebista no peito. Ele até fez “selfie” com a candidata de França ao Senado, Maurren Magi (PSB).
No evento, coube ao chefe-de-gabinete de Ney, pastor Marco Roberto, frisar que “toda a equipe” do prefeito apoiava França, ao falar ao candidato. “Vamos eleger um governador que sabe do que São Paulo precisa, que tem trabalhado pelo Estado. Governador, o senhor tem um parceiro, o prefeito Ney Santos, que está sob o seu comando, o senhor dá o comando, e nós vamos executar. Tem um exército na rua para que São Paulo possa avançar de verdade”, discursou.
Nas redes sociais, na antevéspera do primeiro turno, Jones divulgou ainda que votaria em França. “Está chegando a hora. Estes são os meus candidatos! Se ainda não decidiu, vem comigo!”, escreveu, no dia 5 de outubro, com uma “cola digital” em forma de celular. Contudo, depois do resultado das urnas, com a ida de França e Doria ao segundo turno – e a derrota de Ely e de Hugo, que ficaram apenas como suplentes -, Jones não mais declarava voto no candidato do PSB.
Jones passou a exibir no perfil pessoal uma imagem em que aparece entre o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) e Doria e os dizeres “Jones Donizette apoia #Bolsodoria”. Moradores questionaram a “mudança”. “Vixi, vocês não estavam com Márcio França?”, disse Rose de Oliveira. Questionado por outro morador ao dizer que votaria em Ciro Gomes (PDT) para presidente no primeiro turno e que Ciro era França, Jones debochou. “Sei não, mano, não sou segurança deles”, disse.
OUTRO LADO
Procurado pelo VERBO, Jones afirmou que votou em França, mas que mudou de candidato. “No primeiro turno, meu candidato a governador foi o Márcio França, foi meu voto. […] E no segundo turno meu voto é no Doria, por uma estratégia política. Primeiro, porque o Márcio França recebeu apoio do PT, e eu não caminho com o PT, […] não faço aliança com o PT”, disse, em afirmação falsa. Apesar de rejeitar Doria, o PT não declarou apoio ao candidato do PSB.
O VERBO questionou que Jones já foi filiado ao PT. “O que isso tem a ver? Fui filiado ao PT, sim, fiquei de 2002 a 2006. Conheci o ‘modus operandi’ do PT, tenho a legalidade para dizer que quem tiver o apoio do PT perde o meu voto”, disse. Indagado que mesmo após se desfiliar foi comissionado no governo Chico Brito, do PT, ele calou. Ele admitiu, porém, que a mudança é fisiológica. “Para nós, é interessante o Doria ser governador e Bolsonaro ser presidente pela aliança que o PRB tem, que vai fazer com que a Ely Santos assuma a cadeira [de deputada federal]”, declarou Jones.
> Compartilhe pela fanpage do VERBO ONLINE