Derrotada, candidatura de Ely não paga cabos eleitorais e leva sonoro ‘esculacho’

Especial para o VERBO ONLINE

Ely

RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
GABRIEL BINHO
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

A candidatura da deputada federal derrotada Ely Santos (PRB), irmã do prefeito Ney Santos (PRB), não pagou cabos eleitorais que trabalharam na campanha e foi cobrada com forte reprimenda de mulheres que balançaram bandeiras com o rosto da postulante nas ruas. Elas fizeram a veemente cobrança ao coordenador-geral da candidata, Jones Donizette, ex-secretário de Comunicação de Ney, e o acusam de humilhar os contratados e de não ter educação.

Coordenador-geral da campanha de Ely com a candidata
Coordenador-geral da campanha de Ely, Jones, com a candidata e Ney, alvo de reprimenda de cabos eleitorais
Ely
Jones, que atrasou pagamento a cabos eleitorais, é retratado sobre derrota de Ely em charge de Gabriel Binho

Em áudios gravados na terça-feira (9), a que o VERBO teve acesso, mulheres conversam em protesto contra a falta de pagamento prometido para o dia anterior, ao se referirem a Jones. “Amanhã ele vem com cara dele sem caráter nenhum e dá o dinheiro na mão. E ainda vai querer vir ‘cantando de galo’, humilhando os outros, porque só isso que ele sabe fazer. Agora, pagar certinho, direitinho, não né?”, reclama uma das cabos eleitorais da equipe de Ely.

Elas, de Itapecerica da Serra, onde Jones mora, miram também a mãe dele. “Quem topa ir lá para a porta da mãe do Jones fazer protesto lá? Ou lá no Embu, para o Ney Santos saber o que o Jones está fazendo com a gente, que até agora não pagou nada. No sábado o Leandro falou: ‘Gente, o combinado é dia 8, o combinado não foi dia 5’. Nós ‘engoliu’ seco, esperamos até segunda. Cadê o resto do pagamento, Jones? Agora, chamar ‘nós’ de sem caráter, você sabe né?”, diz.

Em um grupo de mensagem de texto, as correligionárias dizem também que a mãe de Jones destratava os contratados. “Vamos todo mundo lá para a casa da Maria, para a mãe do Jones, filha! A Maria gostava de ficar humilhando a gente também, falava um monte para a gente: [imita a voz da mulher] ‘Meu filho colocou eu aqui para ‘mim’ olhar, porque vocês ‘faz’ fofoca’. Vamos, dona Maria, fala para o seu filho depositar nosso pagamento aí, ‘fi’ [filha]”, diz uma mulher.

Uma cabo eleitoral manifesta impaciência com a demora no acerto. “Eu não vou esperar nada, eu quero o meu dinheiro hoje [dia 9]! Amanhã, nós já ‘processou’, já recebeu mais de R$ 700, Jones. Desculpa, mas a gente não vai esperar, não vai mesmo! E outra, não vem pedir com educação, porque a gente sabe que você não é assim, você já humilhou a gente uma vez e para humilhar de novo… Só que agora você não pode, quem está devendo para gente é você”, adverte.

Outra contratada da equipe de Ely diz dispor de advogada se precisar, em tom indignado. “A gente vai ver o que dar isso aí, porque até de noite se eu não tiver meu dinheiro neguinho vai se foder, tá? Para ficar humilhando a gente lá foi bom, agora tá todo mundo com o cu trancado. A mãe dele fez até uma menina chorar dentro da perua, de palhaçada, com um comentário. Para ficar rodando com a gente para cima e para baixo foi boa, então foda-se”, dispara ela.

Jones, constrangido, tenta apaziguar os ânimos ao responder em grupo de rede social. “Mais uma vez, compreendo a frustração de vocês por esse um dia e meio de atraso no pagamento. Mas estava conversando com o financeiro, com o pessoal do banco… Até para não deixar vocês no cavalete no fim de semana, está chegando o feriado. O que consegui acelerar é que a listagem já está no banco, vai processar os pagamentos todos até amanhã ao meio-dia”, promete.

“Até amanhã [esta quinta] ao meio-dia, as pessoas que não tiverem recebido o dinheiro na conta, a gente vai chamar para acertar de outra forma, tá bom?”, garante, preocupado em evitar protesto público contra Ely e Ney. “Então, não adianta ir para frente da casa de ninguém, ir para a frente de comitê de nada, ir na rua gritar ou para rede social, porque isso não vai trazer dinheiro, o que importa é o dinheiro estar na conta”, continua o coordenador-geral.

No áudio, ele ainda tenta justificar o atraso. “O banco continua fazendo o processamento do pagamento hoje, até a noite. Amanhã até o meio-dia, o que não der tempo de ser processado… vai ficar 50, 60 pessoas que também ‘teve’ problema na conta, deu número e CPF errado, aí não tem como fazer a transferência. Esses, vamos ter que conversar de forma especial, e os que não der tempo de ser processado, vamos chamar na parte da tarde de amanhã [hoje]”, diz.

Uma cabo eleitoral volta, porém, a reclamar no áudio. “Por que você não faz isso hoje, paga ‘nós’ hoje que está sem receber? Só esse pouquinho de gente. Paga ‘nós’ hoje na mão, né, por que tem que ser amanhã? Paga ‘nós’, marca com ‘nós’ hoje à noite no comitê lá e paga a gente”, diz. Na prestação de contas parcial, Ely declarou ter recebido R$ 1.096.455,00 de doação de campanha. Em Itapecerica, ela foi a mais votada, com 5.645 votos, mas não se elegeu.

OUTRO LADO
O VERBO procurou o coordenador-geral da campanha de Ely no fim da manhã desta quinta-feira e perguntou, às 11h59, se já tinha pago o pessoal que trabalhou na campanha. “Falta um minuto!”, lembrou este site. Ele disse que está acertando. “90% já foram pagos por transferência, 10% retiraram o cheque agora à tarde conforme combinado. Todos que tiveram problemas de CPFs inválidos e conta bancária com problema receberão em cheque”, afirmou Jones.

> OUÇA ÁUDIO DE REPRIMENDA DE CABOS ELEITORAIS EM COORDENADOR DA CAMPANHA DE ELY

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