Joice acusa ter sido xingada por Nóbrega e diz não ter ‘nada a esconder’ sobre CPI

Especial para o VERBO ONLINE

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

Três dias depois do embate com Eduardo Nóbrega (PSDB) durante sessão, a vereadora Joice Silva (PTB), presidente da Câmara de Taboão da Serra, gravou um vídeo na sexta-feira (28) em que diz “romper o silêncio da violência constante que há meses venho sofrendo” do vereador e afirma que foi xingada de “fraca, burra, lixo e ridícula” pelo colega, já fora do plenário. Porém, ao contrário do que declarou após a confusão, Joice não voltou a acusar Nóbrega de machista.

Presidente da Câmara de Taboão, Joice fala em vídeo
Presidente da Câmara de Taboão,Joice diz em vídeo que foi xingada de fraca, burra, lixo e ridícula por Nóbrega
Vereador Eduardo Nóbrega na sessão do entreverto
Nóbrega na sessão; ele diz que acusação é mentira orquestrada por Fernando para ‘tentar desviar foco da CPI’

Joice chama a atenção ao dizer que sofre “violência” recorrente de Nóbrega, quando exibe imagem do corredor interno de saída do plenário que mostra o vereador caminhando e gesticulando muito – ela se retirou e foi seguida pelo colega. “Estou aqui para romper o silêncio da violência constante que há meses venho sofrendo do vereador Eduardo Nóbrega. Esse vereador já me ameaçou várias vezes e na última sessão perdeu totalmente o controle”, diz a presidente.

“Como você pode ver no vídeo, ele caminha na minha direção, gritando, esbravejando, colocando o dedo no meu rosto aos berros, totalmente descontrolado. Me chama de fraca, burra, lixo e ridícula. Você acha isso justo? Nenhuma pessoa aceita ser xingada por um colega de trabalho. Sou vereadora, presidente da Câmara e mulher, sim. Ele é meu colega de trabalho, sempre o respeitei, mas ele não me respeita”, continua Joice – que estaria no fundo -, sem acusar machismo.

Joice diz, enfática, que “foi a quinta vez que Eduardo Nóbrega, descontrolado, violento, agrediu um colega de trabalho”. “Já o vi arremessar copos, celular em vereadores e, de forma covarde, dar um soco em um vereador com idade superior a 60 anos. No mesmo corredor onde ele meu agrediu verbalmente”, prossegue a presidente, sem citar o nome do parlamentar. Contudo, ela se refere ao episódio em 2016 em que a vítima foi o ex-vereador Luiz Lune (então PC do B).

Joice diz que não aceita violência e ninguém deve aceitar, “seja em casa, no trabalho ou em qualquer lugar”, e nega veladamente impedir a instalação de CPI contra a gestão da saúde do governo Fernando Fernandes (PSDB). “Por isso estou aqui para dizer basta, chega de violência, Eduardo Nóbrega, não suporto mais seu descontrole, agressividade e violência. Como presidente da Câmara, cumpro e cumprirei o regimento, não tenho nada a esconder”, afirma ela.

“Mas não vou descumprir minhas obrigações legais de presidente para agradar a seus interesses pessoais e políticos”, avisa. Ela encerra o vídeo, de 2 minutos e 14 segundos, ao dizer que não vai se intimidar e pede tratamento igual ao que diz oferecer. “Não vou me acovardar. Não vou me vitimizar. Quero respeito! Não vou aceitar gritos, ameaças nem intimidações. Estou pedindo o mesmo que sempre dei ao senhor, vereador, e a todos os meus colegas: respeito”, diz.

O VERBO perguntou sobre a alegado xingamento se a imagem tinha som. Joice disse que não, mas que fez boletim de ocorrência em que colegas confirmam a versão. “As câmeras não captam áudio. Só imagem. Mas no BO os vereadores testemunharam”, falou. A reportagem pediu o BO. “Está com minha advogada”, disse. Não disponibilizou. Após cogitar, ela decidiu não falar à imprensa. “Essa semana é reta final de eleição, acho que o vídeo responde às perguntas”, disse.

OUTRO LADO
Procurado pelo VERBO, Nóbrega disse que a sessão se passou “sem que ela [Joice] tivesse impedido as manobras da base [governista]”. “Eles passaram, abusivamente, a pedir o artigo 103 – a reunião de líderes para definir quais projetos vão ser votados – não para discutir o procedimento de votação, mas para que não se pusesse nada para votar. Faltando 16 minutos para o fim da sessão, houve novo pedido de reunião de líderes, de 20 minutos, ia estourar o tempo”, disse.

“Os vereadores não ganham R$ 10 mil por mês para brincar com o dinheiro do povo. Em defesa do parlamento, eu pedi questão de ordem e disse para a presidente que ia acabar a sessão. Eu fiz uma defesa veemente, forte, cobrando uma postura dela como presidente. Se ela não está preparada para discussões acaloradas, não está preparada para ocupar cargo público. Ela tentar usar questão de gênero, feminismo, se vitimizar demonstra uma fraqueza absurda”, afirmou.

Nóbrega negou ter xingado Joice. “A própria imagem mostra que eu não consigo nem vê-la, ela está nos fundos, estou muito longe dela. E, no corredor, repito as mesmas palavras que falei na tribuna – ‘você não tem o direito de apequenar o parlamento’, ‘jogou a sua história no lixo'”, disse. Ele reconheceu ter tido discussões acaloradas na Casa. “Em uma delas, tive situação de vias de fato com outro vereador. Me reservo o direito de não dizer mais sobre o assunto”, disse.

Nóbrega classificou a acusação de ter xingado a presidente de “mentira deslavada orquestrada pelo prefeito Fernando Fernandes para tentar desviar o foco da CPI”. O “bloco independente”, formado por Nóbrega e mais quatro vereadores, quer a CPI desde que rompeu com o prefeito após não ter aprovação para dobrada de Ely Santos (PRB) com Analice Fernandes (PSDB), candidatas a deputada. Ele alega que recebeu “várias denúncias, uma delas, de desvios na saúde”.

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