Pela 1ª vez em dia útil, feriado de ‘Santa Terezinha’ é nesta 2ª-feira (1º) em Taboão

Especial para o VERBO ONLINE

ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

Em Taboão da Serra, segunda-feira, 1º de outubro, é feriado de “Santa Terezinha”, padroeira da cidade – oficialmente, dia do “Amor Misericordioso de Deus”. A comemoração entrou em vigor em 2016, mas desde então caiu em um sábado e domingo e não teve grande impacto na rotina dos moradores. Na primeira vez que cai em dia útil, bancos, órgãos públicos – como o Poupatempo – e empresas não irão funcionar. O shopping da cidade abrirá em horário diferente.

Fiéis
Fiéis prestam devoção a Santa Terezinha diante de imagem defronte o santuário no centro de Taboão da Serra
Féis do Santuário Santa Terezinha
Devotos de Santa Terezinha e Aguinaldo na Câmara na aprovação do feriado do ‘Amor Misericordioso de Deus’

O dia é da santa, mas o feriado é do Amor Misericordioso de Deus por ser o título escolhido pelos católicos para vencer a resistência dos vereadores evangélicos – que, contrários à devoção aos santos, exigiam outro nome para aprovação, em 2015. O vereador Cido (DEM), autor do projeto original, como feriado de Santa Terezinha, apontou à época que Marcos Paulo (PPS), presidente da comissão que liberava os projetos, evangélico, “engavetou” o texto por seis meses.

Monsenhor Aguinaldo de Carvalho, do Santuário Santa Terezinha, disse que teve a “resposta” do nome. “Deus tocou meu coração: de que adiantaria sair por aquela porta feliz, […] se para trás ficassem irmãos [vereadores evangélicos] derrotados, magoados? Na posse dos senhores, conclamei que tivéssemos não uma bancada católica ou evangélica, mas cristã. E não queria ser contrário ao que disse de estarmos juntos nas batalhas que devem ser vencidas”, disse.

“No dia 22, na abertura da novena de Santa Terezinha pedi a Deus que me iluminasse, que o feriado não fosse para dividir Taboão da Serra. Dormi preocupado, mas logo de manhã a resposta veio, está escrita nestas faixas, o dia do amor misericordioso de Deus”, disse ainda o padre, na Câmara. Ele frisou que a santa falou a frase e “ajudou muito” contra o impasse, e todos saíam “vitoriosos”, brindando o amor de Deus “no mundo cercado de violência e ódio”.

Na prática, mesmo com nome “alternativo”, os católicos obtiveram o que queriam, “um dia de guarda”. Empregados em Taboão, eles estarão de folga e terão mais disponibilidade para os festejos da santa. Já os evangélicos não ficarão, segundo pastores, “constrangidos” em ter que se referir a feriado católico e terão também mais uma ocasião para culto a Deus. Santa Terezinha era padroeira de Taboão desde 2004, mas 1º de outubro era ponto facultativo, não feriado.

Marcos Paulo (Pros) exaltou o prefeito Fernando Fernandes (PSDB) e o monsenhor “por chegarem a um consenso”. Ele negou que tivesse postergado o projeto, como presidente da Comissão de Justiça e Redação, e criticou o VERBO. “Era necessário um grande diálogo. Um jornalista, do VERBO ONLINE, postou matéria tentando colocar católicos contra evangélicos, dizendo que o vereador Marcos Paulo segurou na comissão por seis meses. Não foi isso”, declarou.

VERBO apenas repercutiu, porém, que na sessão anterior Cido (DEM), autor do projeto original, como feriado de Santa Terezinha, reclamou de que a matéria foi apresentada por ele em março ou abril e que ainda não tinha parecer da comissão para poder ir a votação, indicando que estava emperrada por questão de convicção de Marcos Paulo. “Sei que o presidente tem seu posicionamento, ideologia, princípios, mas […] o prazo [para parecer] já está vencido”, falou.

O então vereador Eduardo Lopes (PSDB) disse lamentar que haja, segundo ele, “pessoas no município que torcem por uma guerra religiosa” e que em 16 anos como pastor “nunca” viu “nenhum conflito entre evangélicos e católicos” – em 2005, porém, projeto de Marco Porta (PRB) de retirar imagens religiosas de locais públicos ofendeu os católicos da cidade. Lopes admitiu, porém, que o tema do feriado foi de “altíssima complexidade” e o “processo, bem exaustivo”.

Após a votação, monsenhor Aguinaldo, que ao chegar à Câmara entregou uma rosa, símbolo da santa, a cada vereador, disse ter ficado “surpreso, não imaginava que pudesse novamente esse assunto ser colocado em pauta”, quando Cido o procurou no início do ano para dizer que pediria o feriado – em 2013, o prefeito prometeu em público apresentar o projeto, mas em reservado disse não poder constranger vereadores evangélicos; em 2014 não cumpriu a palavra.

Após a missa em que assinou a lei, em 1º de outubro de 2015, Fernando disse não querer “que o feriado se torne uma guerra santa” e o chamou de “marco histórico”. “Hoje estamos cumprindo com o dever de honrarmos a história de Taboão. Mas fizemos de maneira mais inteligente, criamos o feriado do dia do amor misericordioso de Deus, que foi a razão de vida de Santa Terezinha, e atende católicos, evangélicos, só não aos ateus, que não acreditam em Deus”, disse.

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