ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
O vereador Eduardo Nóbrega (PSDB) discutiu acaloradamente na sessão nesta terça-feira (25) com a presidente Joice Silva (PTB) por recorrer a manobra de suspender os trabalhos por tempo acima dos minutos restantes para o fim da sessão e evitar a leitura de requerimento de uma CPI. Nóbrega, Carlinhos do Leme, André Egydio e Érica Franquini, apesar de tucanos, e Alex Bodinho (PPS) tentam investigar Fernando Fernandes (PSDB) após romperem com o prefeito.
Apesar de usado para “gastar” o tempo e impedir a apreciação de matérias incômodas, o pedido de reunião de líderes está previsto no regimento da Câmara e é legal. Os sete vereadores governistas que se mantiveram aliados a Fernando – Rita da Saúde (PSDB), Priscila Sampaio (PRB), Marcos Paulo (PPS), Johnatan Noventa (PTB), Ronaldo Onishi (SD) e Cido (DEM), além de Joice Silva – passaram a blindar o governo desde que o grupo dissidente se disse “independente”.
Nóbrega não aceitou a suspensão da sessão, subiu à tribuna e disparou críticas a Joice. “Presidente, a senhora está rasgando a sua história, está sendo ditadora, está rasgando a história de sua mãe [ex-vereadora Arlete Silva]!”, disse. “Não estou sendo ditadora”, respondeu Joice. “Basta a senhora não fugir da escola e ver que 20 minutos [de suspensão] passa das duas horas. Estou apenas alertando Vossa Excelência”, esbravejou Nóbrega, quando o som foi cortado.
Com o microfone desligado, Nóbrega continuou a protestar ainda por 1 minuto e 15 segundos, ainda mais incisivo. “A senhora é presidente da Câmara, não é capacho do prefeito. É brincadeira o que está fazendo. Você não está respeitando o parlamento. A senhora é fraca, a pior presidente que esteve aqui. […] É ruim, é fraca”, disse o vereador, quando Joice se levantou, falou algo para Nóbrega, deu as costas e fez gesto com o braço para trás de desdém.
“Não respeitou o parlamento, não sabe fazer conta de matemática”, continuou Nóbrega. O aliado Carlinhos do Leme ligou o microfone para Nóbrega, que arrematou o ataque. “Ela rasgou a história dela e da mãe dela. Pedir prorrogação de sessão, de 20 minutos, quando se tem 16, fugiu da escola”, disse. Joice voltou ao plenário e reagiu firme. “O senhor cumpra o regimento, porque a presidente até dezembro sou eu e ainda quem manda nesta presidência sou eu”, disse.
Joice deixou o plenário e foi seguida pelo corredor interno por Nóbrega, que exaltado continuou a protestar, ainda com maior rispidez, de acordo com testemunhas. Durante a discussão, dois grupos de moradores taboanenses, um de ex-funcionários comissionados ligados aos cinco vereadores dissidentes demitidos após o rompimento do grupo com o prefeito e o outro enviado pela campanha da candidata Analice Fernandes (PSDB), gritavam e vaiavam cada lado.
As manifestações chegaram a se acirrar, e a Casa reforçou a segurança com a chegada de mais guardas municipais, mas os grupos se limitaram a “torcer”. Minutos depois, Joice voltou ao plenário e ao encerrar a sessão comunicou “advertência” a Nóbrega. “Declaro encerrada a 27ª sessão, constando a advertência ao vereador Eduardo Nóbrega, que descumpre o regimento quando a sessão está suspensa e de forma machista vem interpelar a presidente”, anunciou.
Joice concedeu entrevista e reforçou que sofreu um ataque machista de Nóbrega. “O maior conhecedor do regimento interno descumpre quando a sessão é suspensa. Ele liga o microfone, insulta a população, desrespeita a presidência desta Casa, não só desrespeita, age de forma machista, que ficou muito claro para todos. Ele não me respeita não só por eu ser a presidente, mas por ser mulher, e isso já foi feito várias vezes aqui e eu nunca me manifestei”, declarou.
Joice disse que o colega vai ter de aprender a conviver com ela. “Eu tenho mandato, fui muito bem votada e exijo respeito. Foi um ato desrespeitoso do vereador Eduardo Nóbrega, que não respeitou o regimento, ele dá caminho aos dois grupos, e cada um utiliza como puder […] Estou inconformada com a falta de respeito do vereador tanto em plenário quanto fora. […] Não tenho medo de ameaça, grito. Ele vai ter que aprender a me engolir, me respeitar”, disse.
Também em entrevista, Nóbrega acusou os governistas de travar a sessão e evitar a leitura de requerimento de CPI. “A base vem, dentro do regimento, protelando. Até aí a gente respeita. O problema é que são duas horas de ordem do dia. A base passou o tempo inteiro solicitando o artigo 103, uma reunião de lideranças para decidir como vai ser colocado um projeto em votação. É um veto que está há mais de dois meses na pauta. Isso apequena o parlamento”, disse.
“Pedi a palavra e cobrei da presidente, simplesmente, que não deixasse a Câmara passar o vexame de um pedido de 20 minutos de reunião, quando só tinha 16 minutos para acabar a sessão”, prosseguiu Nóbrega, que negou ter sido machista. “Não cobrei da mulher ou da vereadora Joice Silva. Cobrei da presidente. O que as mulheres lutam e eu sou um dos grandes defensores é igualdade de gênero. Não é privilégio. O mesmo direito, o mesmo dever”, disse Nóbrega.
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