ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
O prefeito Fernando Fernandes (PSDB) disse no último dia 7 que não admitiu “dobrada” (propaganda eleitoral conjunta) da mulher, a deputada estadual e candidata à reeleição Analice Fernandes (PSDB), com a candidata a deputada federal Ely Santos (PRB), irmã do prefeito licenciado Ney Santos (PRB), por conta de que Ney é réu por associação ao crime organizado, desde que “teve que se tornar foragido da polícia” e pesa “sobre ele tudo isso que está acontecendo agora”.
Fernando se referiu ao processo criminal contra Ney ao ser indagado sobre o racha com quatro vereadores do próprio partido, Eduardo Nóbrega, Carlinhos do Leme, André Egydio e Érica Franquini, e Alex Bodinho (PPS). Ele disse que o argumento dos agora cinco opositores de que uma briga que teve com Bodinho causou o rompimento é “pretexto” e que o real motivo é não ter dado apoio à irmã de Ney. “O cerne da questão é o não apoiamento a Ely Santos”, disse.
Fernando evitou se ater ao problema judicial do agora desafeto Ney. “Eu não quero entrar nesta questão ética e moral. Está aí colocada na grande mídia, cada um que analise do jeito que quiser”, continuou. Questionado pelo VERBO se se referia à denúncia de que Ney tem ligação com o crime organizado, apontou que o caso é notório. “Não sou eu que estou dizendo isso, está na mídia. Eu tenho direito de não querer envolver a minha esposa nesta candidatura”, afirmou.
O prefeito disse não querer “explicitar” por não querer posar de “padroeiro da ética e da moral” e “ofender ninguém”, e que “quem vai decidir sobre isso é a Justiça”. Contudo, apesar de ainda Ney e Ely, também denunciada, não serem eventualmente condenados, ele disse preferir se precaver. “Eu tenho direito de me preservar. Na verdade, não é a mim que estou preservando, mas a candidatura da Analice. A Justiça vai dizer se fizeram ou não [crimes apontados]”, disse.
No entanto, ao situar no tempo os acontecimentos sobre os mais novos adversários políticos, ao voltar a ser indagado pelo VERBO, Fernando admitiu que a recusa à “dobrada” de Analice com Ely se deve a Ney e a própria irmã terem passado a ser réus por crimes muito graves. “A minha atitude em relação à candidatura dela [Ely] é anterior a essa movimentação [dos quatro vereadores irem apoiar Ely], desde lá trás eu já vinha com esse posicionamento”, disse.
“Eu nunca neguei que nós apoiamos Ney Santos no Embu quando foi candidato a prefeito, eu era contra o PT [que disputava com Geraldo Cruz]. Naquele momento, as circunstâncias eram outras, ele dizia, inclusive, que Analice ia ter espaço na prefeitura para apoiamento a ela. E acabou não honrando nada disso. Aliás, agradeço ele não ter honrado. Agradeço”, observou, ao se referir à decisão de Ney de lançar um candidato, Hugo Prado (PSB), e não apoiar Analice.
Ao ser questionado ainda pela reportagem se se arrependeu de apoiar Ney a prefeito em 2016 por conta de o agora rival ter cooptado os vereadores tucanos para apoiar uma candidatura que repele, Fernando deixou claro o motivo da rejeição à irmã do prefeito vizinho. “Não [me arrependo]. Naquela ocasião não pesava sobre ele tudo isso que está acontecendo agora. Ele não teve que se tornar foragido da polícia, não tinha acontecido nada daquilo”, afirmou.
Mais explícito após pressionado, Fernando tinha sido mais reservado em outra entrevista menos de uma semana antes, no dia 1º. “Eles [vereadores dissidentes] tomaram a iniciativa e fizeram acordo deles [com Ney]. Depois, vieram a mim e quiseram fazer material [de campanha] da Analice com a Ely. Falei: ‘Isso não, não quero’. Por ‘n’ motivos, que não quero ficar aqui destilando”, disse. Solicitado a dizer um apenas, ele disse: “Não vou citar, não sou da mesma estirpe”.
Na ocasião, Fernando fez alusão a Ney ser “fichado” no Gaeco (grupo de combate ao crime organizado) ao dizer que deixará “grande governo” para Taboão, em resposta a Ney de que fará o próximo prefeito da cidade. “Esse legado não será jogado às traças, não será deixado na mão de aventureiro, principalmente de quem não tem história nenhuma com esta cidade. Nenhuma! Não tem nem condição moral e ética para isso!”, reagiu. Procurado, Ney não se manifestou.
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