ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, no Pirajuçara, em Taboão da Serra
O candidato à presidência da República Ciro Gomes (PDT) fez campanha nesta terça-feira (11) na periferia de Taboão da Serra, no Pirajuçara, e falou sobre o plano de segurança pública que pretende aplicar se for eleito. Antes de caminhar poucos metros desde a frente do Poupatempo até a esquina e tomar água de coco na barraca de ambulante, ele deu entrevista em que disse que vai revogar a lei que fixou teto para os gastos públicos para aumentar os recursos da área.
Ciro disse que irá criar um sistema de financiamento nos moldes do SUS da saúde para ajudar Estados e municípios. “Eu pretendo implantar, concretamente, o Sistema Único de Segurança Pública, e a Senasp, a Secretaria Nacional de Segurança Pública, será empoderada com muito dinheiro […]. As condições para que o dinheiro seja liberado são unificação dos padrões de identificação [criminal], boletim eletrônico, pela internet, e delegacias 24 horas”, disse.
“Todo o dinheiro que a Senasp vai usar a partir da implantação do Sistema Único de Segurança será direcionado a boas práticas que hoje existem aqui e ali no Brasil e quero disseminar para todo o país. Polícia que funciona não é de aparato, que mata pobre para matar bandido e acaba constrangendo jovens por aí. Polícia boa é a equipada com tecnologia, para mapear, se infiltrar, investigar e aí, sim, cortar a cabeça do crime organizado, das facções”, enfatizou.
Ele prometeu melhorar as delegacias para atender as mulheres. “Qualificá-las, gradualmente, para que todas possam atender a violência contra a mulher. Está crescendo muito e não podemos fazer de conta que a mesma estrutura antiga vai dar resposta a isso, 60 mil mulheres foram estupradas no Brasil nos últimos 12 meses. Esse número deve ser muito maior, pois parte delas não se sente respeitada nas delegacias sequer para registrar a violência que sofreram”, disse.
Ciro falou, porém, que para investir mais em segurança será preciso derrubar a lei do teto de gastos sociais, adotada pelo governo Michel Temer (MDB). “A emenda 95 hoje proíbe que o Brasil bote um centavo a mais em saúde, educação, segurança. Para ser sério é bom que a gente já vá dizendo ao povo que precisamos revogar a emenda. Acho que vamos conseguir. Conseguindo, vou fazer o orçamento expandir na proporção que virou o problema da segurança”, afirmou.
Indagado sobre Taboão ter a maior densidade populacional do Brasil (14 mil pessoas por km2), ele disse que focará obras que gerem oportunidades. “Hoje 82% do povo brasileiro vive nas cidades. Não é só requalificar a moradia, mas [investir em] saneamento básico. Ao arrumar a casa, desratizar o Palácio do Planalto, vamos agir imediatamente para gerar emprego, e esse setor gera aos milhares sem exigência maior de qualificação, por isso vou começar por aí”, disse.
Ciro criticou a troca tardia do candidato do PT, de Lula, preso, por Fernando Haddad. “A cúpula do PT, sabendo que o deslinde de tudo isso seria o que vamos assistir hoje, incitou pesadamente frações importantes do nosso bom povo – que tem gratidão e respeito ao Lula – para tentar manipular esse sentimento justo para lançar uma pessoa que, talvez, tenha dificuldade para interpretar com fidelidade o que o Brasil precisa agora, um rumo firme, seguro”, disparou.
Em outra investida vista como tentativa de desconstruir o adversário que poderia tirar votos no campo da esquerda, Ciro se pôs como aquele que poderia derrotar Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno. “É bom que as pessoas lembrem que há uma ameaça protofascista. Há menos de dois anos, Lula e eu apoiamos Haddad na reeleição para prefeitura de São Paulo e ele perdeu não só para o Doria, que é um grande farsante, mas para os votos nulos e brancos”, disse.
Questionado se a esquerda pode se dividir, Ciro afirmou que “já estamos divididos”, desde que o PT fez “uma tentativa de golpe para a qual fui convidado”. “Fui convidado para exercer esse papelão aí [de Haddad], de candidato a vice de araque para amanhã ser escolhido na frustração do povo pela não candidatura do Lula. Para um país em sofrimento, em caos, em dificuldades tão graves, […] não é assim que se constrói uma liderança para o futuro da nação”, afirmou.
Com Lula fora da disputa, Ciro brincou ao evocar ser radicado no Nordeste, embora nascido no interior paulista. “É fato que o único nordestino disputando as eleições sou eu. Mas eu sou candidato para presidir o Brasil e vou enfrentar a miséria, a desigualdade onde está. Neste momento estamos em Taboão da Serra, mas o endereço da miséria no Brasil já não é mais só o Nordeste, as periferias das cidades hoje impõem uma vida que o nosso povo não merece”, declarou.
> Compartilhe pela fanpage do VERBO ONLINE