Cúpula do PSDB acha atitude de vereadores ‘indefensável’, mas espera se explicarem

Especial para o VERBO ONLINE

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, no Parque Assunção, em Taboão da Serra

Chamados por Fernando Fernandes (PSDB) para discutir punição aos quatro vereadores tucanos que se rebelaram contra o prefeito, o presidente estadual do PSDB, Pedro Tobias, e o secretário-geral, Cesar Gontijo, afirmaram nesta terça-feira (11) que os dissidentes cometeram “falta muito grave” e tiveram atitude “indefensável” ao romper com Fernando e apoiar adversários. A cúpula da sigla ameaçou os “rebeldes” de expulsão, mas terão direito a se explicar.

Fernando entre
Fernando responde a jornalistas entre o presidente Tobias (dir.) e o secretário Gontijo sobre tucanos ‘rebeldes’
Vereador Eduardo Nóbrega ao lado de Doria
Nóbrega ao lado de Doria em Taboão quando apoiava o tucano, em evento lembrado por dirigente do PSDB

Os dirigentes baixaram em Taboão da Serra um dia depois de os vereadores Eduardo Nóbrega, Carlinhos do Leme, André Egydio e Érica Franquini fazerem campanha para o candidato a governador Paulo Skaf (MDB), pelo Pirajuçara. “Eles já vinham tendo problema comigo. Mas ao organizarem a visita do Skaf, num ato de infidelidade claro, transcende a questão municipal, chega ao nível estadual, estão sendo infiéis ao nosso candidato, João Doria”, disse Fernando.

Diante dos integrantes do diretório estadual do partido, o prefeito enfatizou que os vereadores romperam com ele por ter tomado a decisão de não querer propaganda eleitoral da mulher, a deputada estadual e candidata à reeleição Analice Fernandes (PSDB), ao lado de Ely Santos (PRB) – irmã do prefeito Ney Santos (PRB) -, “que é a candidata a deputada federal que eles apoiam”, disse. “Esse é o real motivo da desavença deles comigo”, afirmou Fernando.

Primeiro dos dirigentes a se posicionar na coletiva, na antessala do gabinete do prefeito, o secretário prestou apoio a Fernando e reprovou que os vereadores destoem dos demais filiados que têm levado a candidatura de Doria, quando fez crítica incisiva aos dissidentes. “Fernando, nossa vinda é para afirmar nossa solidariedade e o respeito do PSDB por você. Em que pese terem sido eleitos pelo PSDB, a gente vê a pouca qualidade moral que eles tiveram”, disse Gontijo.

Gontijo disse que o PSDB está constrangido. “Quero dizer da minha indignação com a postura dos vereadores. O partido se sente envergonhado pela forma como fizeram, tão vil, deselegante, mas vão ter, certamente, as penalidades cabíveis conforme o estatuto”, disse. Mais adiante, reforçou a crítica, mas ponderou, sobre o direito à defesa. “O que fizeram é indefensável do ponto de vista moral. Mas juridicamente vamos seguir os trâmites normais”, completou.

O presidente também disse a Fernando que “estamos com você” e que o processo disciplinar está em curso, quando endureceu contra os vereadores. “Ontem, mandamos uma carta para responderem tudo [sobre o caso]. Eles têm prazo de cinco dias. Se não responderem, vamos tomar uma decisão dentro do partido. Pode ser suspensão até expulsão. Não tem problema nenhum expulsar, já expulsei prefeito, já expulsei gente mais pesada que eles”, afirmou Tobias.

O presidente reforçou, porém, que os vereadores terão direito a ampla defesa. Contudo, ele reafirmou a possibilidade de expulsão, mas demonstrou preocupação que o partido não perca cadeira na Câmara. “Vamos ver que punição cabe a eles. Vai ter, de mais leve até mais grave, não vou adiantar sem ver a opinião deles, sem o direito de defesa. Vou fazer de tudo [para evitar exclusão], mas se um dia for expulsar, assumem os suplentes. O mandato é do PSDB”, falou.

O secretário falou que o PSDB vai se precaver para não sofrer contestação. “Não podemos deixar que simplesmente sejam expulsos e levem consigo o mandato que tiveram com votos do PSDB”, disse Gontijo. Fernando enfatizou que os vereadores têm que entender que não foram eleitos com os próprios votos apenas, mas do partido. “Parece que eles se esqueceram disso. Mas não vamos nos esquecer. Então, eles não podem ser premiados usando artifícios legais”, disse.

Informado que o primeiro suplente do partido, Macário, também se “rebelou”, Tobias disse que o substituto também está sendo arrolado no processo e também não assumirá em caso de expulsão. “Vai junto, perde também [a vaga]”, disse. Questionado se até a eleição, em 7 de outubro, uma decisão será tomada, ele disse: “Sem dúvida”. “O motivo de tudo é a eleição, estão apoiando Skaf contra Doria, o candidato do partido. Isso é uma falta muito grave”, frisou.

Fernando rebateu crítica de Nóbrega de que não valoriza o PSDB. “Elejo cinco vereadores, quase 40% da Câmara é do PSDB, e não dou importância?”, ironizou. Ele rechaçou acusação de que destratou os dissidentes. Tobias saiu em defesa de Fernando. “Esses quatro vereadores nunca me procuraram, nunca reclamaram. Soube que ficaram rebeldes. Queria ver o que podia fazer, mas trouxeram o Skaf aqui. O Conselho de Ética tem que tomar uma decisão”, disse o presidente.

Fernando ressalvou que “pode não haver expulsão”. “Um deles pode, na defesa, falar: ‘Me arrependi, fui induzido ao erro’. É lógico que esse vai ter uma punição muito diferente daquele que assumir [o rompimento]”, disse. Ele mirou Nóbrega ao ver que o vereador foi citado pela imprensa como o mais animado no apoio a Skaf. “[No ato com Doria em Taboão], ele fez uma fala até emocionante, de que o Doria teve um desprendimento ao deixar a prefeitura”, disse.

O prefeito se irritou com questionamento ainda sobre o motivo do rompimento dos vereadores e repetiu que a razão foi não querer propaganda de Analice com Ely. Os dirigentes, porém, estranharam o cisma repentino e sugeriram outras razões. “Eles estiveram no evento do Doria, há muitos argumentos subjetivos porque mudaram de ideia muito rápido”, afirmou Gontijo. “Não tenho prova, mas para essa mudança, acredito que deve ter alguma coisa”, disse Tobias.

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