JOSÉ AFONSO DA SILVA
Colunista do VERBO ONLINE
Sexta-feira passada veio ao mundo minha terceira filha, Maria Isabel, motivo pela qual não me foi possível entregar a tempo o artigo para a minha coluna semanal aqui no VERBO ONLINE. No artigo, que não será publicado, eu refletia sobre alguns perigos que cercam o mundo: aumento da violência social, piora dos serviços públicos, destruição do meio ambiente, desemprego, ao mesmo tempo em que as saídas políticas encontradas por alguns políticos para resolver ou amenizar esses dramas tendem apenas a agudizá-las, piorando ainda mais o caos social.
Aí me veio à cabeça, quase que automaticamente, o que o mundo reserva a Maria Isabel? Viverá ela num país onde 52 milhões de brasileiros vivem na pobreza extrema? Onde 17,8 milhões de crianças e adolescentes vivem abaixo da linha de pobreza? (42% das crianças de 0 a 14 anos). Viverá ela num mundo que concentra 25% das mortes por armas de fogo do mundo? (Dados IBGE e Pnad). Será que Maria Isabel viverá num país onde direitos fundamentais como educação, saúde, moradia e saneamento básico estarão assegurados? Terá ela acesso a elementos essenciais a vida humana como água, alimentos, ar puro?
Faço essas perguntas como pai, mas também preocupado com o mundo que estamos deixando para as futuras gerações. Não podemos nos permitir acompanhar o aumento das desgraças humanas apenas como observadores passivos e inertes. Engana-se quem pensa que as eleições resolverão esses problemas, mesmo porque, e vocês hão de concordar comigo, os principais candidatos não têm compromisso nenhum com o bem estar social das pessoas, pelo contrário, estão muito mais preocupados em se manterem no poder a qualquer custo para favorecer os de sempre em detrimento dos mais pobres.
No entanto, as coisas podem sim piorar se nossas escolhas forem baseadas em mercadores da fé, em salvadores da pátria e charlatões da política. A única saída possível para nós do andar debaixo é nossa organização, seja no nosso local de trabalho, de estudo, no nosso bairro, enfim, é preciso criar condições para que tenhamos voz de fato e não apenas delegarmos a outros que decidam sobre o nosso futuro e nosso destino. Isso se quisermos um mundo melhor, que, tenho certeza, todos almejamos.
Por fim, o importante para o momento é que Maria Isabel nasceu bem, com 3,9 kg e com muita saúde. A mãe sofreu um pouco mais, em conseqüência da cesárea, mas está se recuperando bem.
*José Afonso da Silva, militante do PSOL de Taboão da Serra e responsável pela secretaria do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), tem coluna publicada às sextas-feiras, com exclusividade, no VERBO ONLINE
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