ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
Os vereadores Eduardo Nóbrega, Carlinhos do Leme, Érica Franquini, André Egydio, todos do PSDB, e Alex Bodinho (PPS) romperam em definitivo com o prefeito Fernando Fernandes (PSDB) e anunciaram na noite desta quarta-feira (29) a retirada do apoio à deputada estadual Analice Fernandes (PSDB), mulher de Fernando, à reeleição. Eles comunicaram que vão apoiar à Assembleia Legislativa o candidato Hugo Prado (PSB), presidente da Câmara de Embu das Artes.
Os cinco vereadores já tinham criado na terça-feira da semana passada, em plena sessão da Câmara, um grupo de dissidência, que chamaram de bloco independente e harmônico (BIH), para confrontar Fernando em impor que os parlamentares do PSDB no Legislativo apoiassem a deputada federal e candidata à reeleição Bruna Furlan, do partido. e reafirmar o apoio à postulante Ely Santos (PRB), irmã do prefeito Ney Santos (PRB), de Embu, motivo do agudo racha.
Os cinco já tinham ameaçado retirar o apoio a Analice no próprio anúncio de criação do bloco, como pressão para que Fernando recuasse em forçar a adesão a Bruna. “Sempre foi livre a escolha de deputado federal. Por que agora fazer disso um cavalo de batalha? Nunca titubeamos na escolha do estadual. Agora, se não quer que apoiemos o estadual, nos avise, avise que está nos liberando de apoiar Analice”, disse Nóbrega, “líder” da rebelião, em recado ao prefeito.
Fernando ignorou o “aceno” – com tom de “chantagem”, avaliaram fontes do governo. “Não fui procurado”, disse Nóbrega, em resposta que foi repetida pelos demais, no anúncio da decisão do bloco, que aconteceu no comitê de Ely em Taboão e já com a presença de Hugo, como novo candidato do grupo. André, que sempre teve relação conflituosa com Fernando nos bastidores, resumiu que “na prática não houve liberdade para escolha do nosso deputado federal”.
Fechados com Ney e os candidatos lançados por ele, em esforço de convencer que o acordo é motivado apenas pelo desejo de “fortalecer a região e ter dois representantes que trarão recursos”, os vereadores procuraram justificar o racha com o que chamaram de “desrespeito” por parte do prefeito e lembraram a confusão em que Fernando e depois um assessor tentaram agredir Bodinho. Ainda voltaram quase dois anos atrás para tentar expor a relação estremecida.
“Tudo iniciou em 2016 quando não houve fechamento de questão [dentro do PSDB para votar no candidato do partido a presidente da Câmara]. E houve um desentendimento muito grave, o Bodinho sofreu agressão”, disse Carlinhos, que foi candidato, mas “jogado” pelo prefeito, sugeriu. Bodinho repetiu o “script” do dia da sessão e voltou a chamar Fernando de “covarde” ao alegar que ele estava pressionando funcionários da prefeitura que indicou a apoiar Bruna.
Para rebater crítica de que os tucanos vão dar apoio a postulantes que não são do PSDB, Nóbrega enfatizou que Fernando fez um “trabalho sistemático para eleger o PTB [para presidência da Câmara, dirigida por Joice Silva]” e mais de uma vez preteriu o próprio partido para apoiar nomes de outra sigla, quando passou a dizer que o racha com o prefeito, presidente do PSDB local, visa manter o PSDB à frente da cidade, com Fernando “fora do ninho” se necessário.
“Já houve conversas do prefeito conosco que o candidato dele para presidente da Câmara [na eleição] agora em 2018 também não é do PSDB. E deu demonstrações de que o candidato dele a prefeito em 2020 não será do PSDB. O PSDB está indefeso com o atual condução do presidente do PSDB”, disse Nóbrega. Ele afirmou que o partido fará alianças na Câmara para presidir a Casa e “já viabilizamos a candidatura de um dos membros do PSDB para 2020 [a prefeito]”.
“Qualquer um de nós poderá ser o candidato a prefeito, mas será do PSDB”, acrescentou – em declaração vista com descrença já que Nóbrega tem “obsessão” em ser o próximo prefeito. Ele ainda atribuiu o racha ao tratamento que teria recebido de Fernando. “Fui alvo de ofensas pessoais de alguém que jamais esperaria. Diante disso, eu poderia sair do PSDB, seria justa causa para sair, mas preferimos fazer a defesa do PSDB e brigar para que continue grande”, disse.
Em outra afronta a Fernando, Nóbrega disse ainda que o grupo apoiará Paulo Skaf (MDB) a governador, e não mais o tucano João Doria, mas ainda assim considerou que o PSDB ficará fortalecido para as eleições de 2020. Só a vereadora Rita de Cássia (PSDB) não aderiu. “Ainda dá tempo”, disse. Já Érica procurou justificar que Fernando já não atendia as demandas dos vereadores “há seis meses”. “Estamos sendo desrespeitados, não nos sentimos base do governo”, disse.
Apesar de o grupo abandonar Analice, Nóbrega disse que ela é “atuante” e “merece os votos que terá seguramente de Taboão e região” – o vice-prefeito Láercio Lopes (PSDB) declarou apoio a Ely, mas mantém a Analice. O bloco falou em não fazer oposição sistemática a Fernando na Câmara, mas colocou condição para voltar a dialogar. “O primeiro ato do prefeito é se desculpar com o Bodinho. Depois ao Eduardo Nóbrega”, impôs o próprio Nóbrega, ex-líder do governo.
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