‘Contra o povo’, vereadores pró-Ney rejeitam bons projetos por serem da oposição

Especial para o VERBO ONLINE

RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
GABRIEL BINHO
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

Em prejuízo à população ou à aplicação correta do dinheiro público, vereadores da base de apoio ao prefeito Ney Santos (PRB) estão rejeitando e barrando projetos e outras proposituras de grande relevância para a sociedade apenas por serem de autoria da oposição, em flagrante “politicagem”. Os aliados de Ney têm tido uma postura servil não é de hoje na atual legislatura, mas que tem se aprofundado e privado a cidade de avanços e solução de problemas graves.

Ney e os 13 vereadores que o apoiam e vetam
Ney e os 13 vereadores que o apoiam e barram projetos importantes para população só por serem da oposição
Vereadores
Bete, André, Edvânio e Rosângela, da oposição, mas que votam a favor de projetos do governo se são ‘positivos’

Em um caso clamoroso de retrocesso, em novembro de 2017, Ney vetou projeto de lei que previa a obrigatoriedade de afixação na cidade de avisos com o telefone de denúncia da violência contra a mulher, o Disque 180, uma das ações em defesa da mulher muito difundidas no país. Apesar de alegar “inconstitucionalidade”, Ney barrou a iniciativa em represália ao autor, Edvânio Mendes (PT), por ter votado contra a taxa de lixo, em “mesquinhez” contra causa nobre.

Na ocasião, o vereador André Maestri (PTB) disse que o veto foi “político”. “Nos últimos tempos aumentou a violência contra a mulher, a fragilidade da mulher em buscar socorro. Aí o prefeito veta e encaminha o veto, e os vereadores [aliados de Ney] mantêm o veto. O projeto passou pelo jurídico, pela Comissão Mista, mas por uma questão política Embu deixa de avançar na defesa e proteção às mulheres. É lamentável que o prefeito tenha se apequenado”, afirmou.

Autor da lei vetada, Edvânio chamou Ney de “retrógrado” e de prefeito que “não respeita as mulheres”. “Quando o prefeito vem e veta esse projeto, mostra que não tem respeito pela mulher, e que só tem vaidade. Eu votei contra o projeto do prefeito da taxa de lixo, contra o aumento do IPTU, contra esse ‘Cartão’ [Cidadão]. Isso é represália. Esse prefeito para mim é um ultrapassado, ele é um machista que não respeita a população feminina desta cidade”, disse.

Diante do forte desgaste que sofreu ao ter que se posicionar contra as mulheres, no caso, só para não permitir que um projeto da oposição vingasse depois de ser aprovado na Câmara, Ney – carimbado como “machista” – determinou que os vereadores governistas tratem de “matar no ninho” – no Legislativo – qualquer matéria, não importa se relevante, proposta pelos vereadores Rosângela Santos, Edvânio Mendes, ambos do PT, André Maestri e Dra. Bete, ambos do PTB.

Na quinta-feira (23), um dia depois de ter novas matérias rejeitadas na Câmara, Rosângela publicou em rede social um vídeo em que apontou que os governistas barraram a implantação de oficinas culturais nos projetos do programa “Minha Casa, Minha Vida”, que atendem famílias de baixa renda. Ela teve também rejeitada indicação de ampliação da escola Armando Vidigal, para pessoas com deficiência, com ampliação do atendimento para maiores de 18 anos.

Rosângela também fez indicação de curso voltado ao comércio, em vista da implantação de um shopping na cidade, também barrada. “Infelizmente, os vereadores da base do governo que fazem parte da Comissão Mista simplesmente rejeitaram. Rejeitaram pelo simples fato de eu ser oposição, de estar ao lado do povo. Triste essa situação […] Não precisa fazer isso, eu aprovo todos os projetos que vêm do governo que são bons para a população”, diz a vereadora.

Na sessão passada, André pediu ao governo Ney detalhamento das dívidas da prefeitura, mas o requerimento também foi rejeitado, em plenário, por nove votos, em nova decisão contra o interesse público. Votaram contra a transparência nos gastos públicos os vereadores Daniboy (DEM), Bobilel (PSC), Gerson Olegário (PTC), Gideon Santos (PRB), Índio Silva (PRB), Gilson Oliveira (MDB), Jefferson do Caminhão (PSDB), Luiz do Depósito (MDB) e Doda Pinheiro (sem partido).

“Sem [o governo] tem o que esconder, paciência. Mas é meu dever garantir a saúde financeira da nossa cidade, porque amanhã quando tiver problema batendo na porta vou cobrar e mostrar a verdade para a população, que está sofrendo com a falta de medicamentos, com médicos que não estão sendo pagos e não estão dando o devido atendimento. Isso é reflexo da [má] saúde financeira da cidade. Eu ainda sonho que este Legislativo vai ser independente”, afirmou André.

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