ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, no Jardim Salete, em Taboão da Serra
O candidato a presidente da República Guilherme Boulos (PSOL) fez campanha na manhã de domingo (26) no conjunto habitacional João Cândido, no Jardim Salete, em Taboão da Serra, em que prometeu, como carro-chefe da candidatura, construir em larga escala equipamentos sociais nas áreas de educação, saúde, moradia, transporte/mobilidade urbana e saneamento básico e com as obras gerar seis milhões de empregos só nos dois primeiros anos de governo, se eleito.
Boulos disse que o programa “Levanta Brasil” será voltado às metrópoles. “Investiremos R$ 180 bilhões nos primeiros dois anos em obras de educação – creche e escola -, saúde – UBSs e hospitais -, moradia popular, saneamento básico e mobilidade urbana. Vamos construir o que o povo precisa e gerar seis milhões de empregos, e ao mesmo tempo lidar com a falta de serviços públicos nas regiões metropolitanas, que têm maior carência e terão prioridade”, afirmou.
Ele prometeu também um “aperfeiçoamento” do programa de moradia dos governos Lula e Dilma (PT) para atacar o déficit habitacional e o transito caótico. “Vamos fazer o ‘Meu Bairro, Minha Vida’. Não é apenas dar teto como o ‘Minha Casa, Minha Vida’ fez. Todo dia as pessoas vão da periferia ao centro [para trabalhar] e geram um caos de mobilidade. Além de viabilizar casas, vamos levar para as regiões de maior carência serviços públicos e geração de emprego”, disse.
Em discurso aos moradores dos prédios construídos pelo “Minha Casa, Minha Vida”, Boulos disse que “é uma vergonha” tantas pessoas sem moradia no país. “Tem condição de ter casa para todo mundo, no Brasil tem mais casa sem gente do que gente sem casa, são 6 milhões e 300 mil famílias sem casa e mais de 7 milhões de imóveis abandonados. Prédio vazio ou terreno abandonado devendo imposto, vamos desapropriar e transformar em moradia. Está na lei”, falou.
Ele prometeu ainda “creche em tempo integral” e rapidez no atendimento de saúde com o programa “UBS Completa”. “Hoje se alguém chega no posto com dor vai levar uma dipirona e um papel para fazer exame daqui a seis meses. Com equipamento, dá para fazer um exame básico e já sair com resultado e remédio na mão. Se for um procedimento mais complexo, uma tomografia, não vai fazer no posto, mas o teto de espera dá para ser de um mês, não seis”, afirmou.
Boulos condicionou, porém, os investimentos sociais ao fim de “privilégios”. “Tem jeito de investir nisso, agora tem que tirar dos banqueiros, dos grandes empresários. Temos condições de fazer, porque não temos rabo preso com eles. Tem seis milhões de famílias sem casa e juiz recebendo recebendo R$ 4 mil por mês de auxílio moradia, tendo casa. Vamos ter que mexer nos privilégios de quem está lá em cima e fazer chegar aonde tem que chegar”, disse, aplaudido.
Ele foi enfático em condenar o reajuste aos juízes e citou os apartamentos que faltam ser erguidos no local. “Achavam pouco R$ 33 mil e aumentaram para R$ 40 mil. Quero chegar lá para ter o prazer de dar a primeira e maior canetada da minha vida e revogar o aumento do Judiciário e aumentar o salário mínimo do povo. Os prédios aqui estão aprovados, e eles dizem que não têm dinheiro para construir. Mas não falta para aumentar salário de juiz e deputado”, disse.
Ele disse que vai continuar a confrontar os adversários. “Disseram que o Boulos só fica falando mal dos outros e não fala de proposta. Pelo contrário, [mas] a gente fala mal porque é tudo pilantra e vamos colocar o dedo na cara deles, sim”, avisou. Ele mirou o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). “No debate, para falar as coisas ele colava na mão. Falei: ‘Peraí, Bolsonaro, você defende escola militar. Lá pode colar?’ Ele fingiu que não ouviu. É um despreparado”, disse.
O VERBO questionou Boulos, em primeira eleição, sobre estar lá em baixo nas pesquisas (em torno de 1%) apesar de a população rejeitar políticos tradicionais. “A campanha começou faz uma semana, ainda não conseguimos chegar a nossa mensagem para a maioria do povo. A candidatura vai crescer, é a candidatura da esperança”, disse, em meio ao apoio dos militantes do MST (Movimento Sem-Teto) de Taboão e do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto).
Recebido pelo ex-vereador Paulo Félix, líder do MST, Boulos lembrou ter iniciado a militância na cidade. “Eu sou o primeiro candidato a presidente da história deste país que morou em Taboão da Serra, comecei a minha atuação aqui, com o MTST, já há 15 anos atrás”, disse. Ele prestou solidariedade a Nilton César, presente ao ato, marido da copeira Dilma Oliveira, que era do MST, morta por um estuprador. “Dilma presente!”, gritou Boulos ao lado dos militantes.