‘Insensível’, Bobilel diz que não falou sobre morte de bebê porque não foi procurado

Especial para o VERBO ONLINE

RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
GABRIEL BINHO
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

Em resposta tida como esdrúxula, o presidente da Comissão de Saúde da Câmara de Embu das Artes, Bobilel Castilho (PSC), disse que não falou sobre a denúncia de negligência contra a maternidade municipal no parto da adolescente R. D., 17, e a posterior morte do bebê por não ter sido procurado pela família. Ele falou que em caso de erro “não pode ficar impune”. A criança não resistiu após 23 dias na UTI do Hospital Geral do Pirajuçara (HGP), devido a “asfixia grave”.

Bobilel, da Comissão da Saúde, e R. D., 17, que deu à luz na maternidade
Bobilel, da Comissão da Saúde; R., que deu à luz na maternidade de Embu; HGP indica causa da morte do bebê

Sem dizer uma única palavra sobre o caso um mês após o parto com forte indício de erro e uma semana após a morte de Bernardo, nome do bebê, inclusive com respeito de um minuto de silêncio no plenário, Bobilel foi questionado pelo VERBO após a sessão na quarta (15) sobre a falta de sensibilidade por não se manifestar. Ele negou ser omisso, quando se saiu com a alegação de que não foi procurado. “Na verdade, eu não falei porque ninguém me procurou, né?”, disse.

O vereador disse, porém, que já procurou saber sobre o caso. “Mas a gente já pediu informações na maternidade. Eu já pedi informações, e estou aguardando a resposta deles”, disse. A reportagem relatou que a maternidade demorou mais de 12 horas após o parto para constatar que o bebê estava mal e que o prontuário médico só foi entregue à família após um mês. “Perguntei para o [secretário] José Alberto Tarifa, que falou para mim que ia investigar”, falou.

“A gente denuncia as coisas, fala o que está acontecendo, mas nem tudo a gente resolve. Mas a gente não é omisso, não”, disse. A reportagem relatou que o HGP aponta que o bebê morreu após “asfixia grave” – teve o cordão umbilical enrolado ao pescoço. Avó da criança, a professora Sandra de Souza acusa procedimento traumático. “Como forçaram parto normal, minha filha fazia força para o bebê nascer. Quando vinha, o cordão puxava ele para trás, esganando”, diz.

Bobilel alegou desconhecer o relatório do HGP. “É complicado eu falar de uma coisa se não tenho acesso. Eu teria que ter esses documentos. Se você [repórter] tiver, pode até me dar. Eu não tenho. Eu não trabalho com esse negócio de ‘falaram, disseram’, tenho que ver o documento, é o certo. Me entregando isso, já estou correndo atrás. Entrego para o Tarifa também, essa situação não estava sabendo”, disse. Como fez o VERBO, bastava o vereador procurar a família.

Questionado sobre o que diria à família, que está abalada, Bobilel transmitiu condolências. “Deixo meus sentimentos, né? Ninguém quer perder uma filha [um filho], um neto, é uma dor que não tem cabimento. Não pode ficar impune, se foi um erro tem que pagar, a gente não pode ser omisso no que é errado. Tem que investigar para ver o que de fato aconteceu”, afirmou. Bobilel é o mais eloquente defensor do governo Ney Santos (PRB) – nunca aponta erros da gestão.

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