RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
GABRIEL BINHO
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
O vereador Ricardo Almeida (PRB) disse na sessão na quarta-feira (8) que “de antemão” é contra a criação da Secretaria da Mulher, prometida pelo prefeito Ney Santos (PRB) para ter o vereador Luiz do Depósito (MDB) de volta à base do governo. Ricardo alegou a necessidade de a gestão conter gastos, mas não conseguiu disfarçar a insatisfação de ver que Luiz votou contra a taxa do lixo e foi “premiado”, em crítica a Ney em alardear que precisava cortar despesas.

A barganha política de Luiz atendida pelo prefeito, que em troca quer que o vereador passe a defender o governo e apoie a candidata a deputada federal que lançou, a irmã Ely Santos (PRB), foi revelada há três semanas pelo VERBO. Para voltar aos “braços” do prefeito, Luiz negociou a redução da taxa de lixo e a criação da secretaria. Ele usou o discurso de que o governo está desgastado com a pecha de “machista” por Ney vetar projetos em defesa da mulher.
Na sessão, a vereadora Dra. Bete (PTB) argumentou que o governo deveria “unir” os serviços existentes, como o CRM (Centro de Referência da Mulher), os centros de assistência social e as pastas que já assistem as mulheres em outras áreas, em vez de criar uma secretaria. Em aparte, Luiz justificou que a secretaria poderia receber recurso dos governos federal e estadual e teria uma “equipe especializada” para cuidar de “muitos casos que temos” de violência doméstica.
Ricardo pediu a palavra e se colocou contra a pasta. “Não existe vendido aqui, existe cada um com sua opinião, eu vou manter a minha. De antemão, sou contra a criação da Secretaria da Mulher pelo momento que estamos enfrentando hoje. Fica uma coisa meio confusa até mesmo na minha cabeça, como vereador. Eu votei a favor da taxa, entendi que o município precisava de arrecadação, senão não conseguia sobreviver”, disse, ao apontar incoerência do governo.
Em seguida, Ricardo se queixou de privilégio a Luiz, que foi contra a taxa de lixo, enquanto foi massacrado por ser a favor. “Naquele momento, eu fui um vilão. O senhor votou contra a taxa de lixo e hoje volta como um super dínamo [com plenos poderes] – ‘agora vamos criar uma secretaria’. De antemão, sou contra. Sou contra e vou manter minha posição até o fim. Agora, eu sou a favor de cortar. Vamos cortar aí, abaixar, reduzir, aí eu sou a favor”, declarou, firme.
Ele comparou o “carimbo” de ter sido a favor do tributo a uma enfermidade. “Mas já antecipo que não sou a favor da criação de secretaria, até porque hoje eu tenho uma doença crônica que carrego que é a taxa do lixo. Mas eu votei consciente, não porque houve um acordo, mas porque havia necessidade. Agora, se for para cortar secretaria, conta comigo, minha caneta tem tinta”, afirmou Ricardo. Vereadores governistas ficaram atônitos com o discurso do colega.
Índios Silva (PRB), líder de Ney na Câmara, tentou despistar para desfazer o mal-estar. “Estou ouvindo uma discussão de criação de secretaria, gostaria de saber onde está esse projeto, porque até o momento não chegou nada para mim”, disse o vereador. Luiz pediu aparte e também desconversou. “Para você ver, eu estava falando de ter uma delegacia da mulher aberta aos fins de semana, e falando em trazer uma secretaria para ampliar os direitos das mulheres”, disse.
“E aí já se entrou no debate em que nem sentamos com o prefeito ainda para fazer avaliação, falando da secretaria, de [criação de] cargos”, queixou-se Luiz, evasivo. Ricardo teria ouvido reprimenda para parar de criticar. Luiz foi orientado a não confrontar o colega, mas soltou que Ricardo estava “com dor de cotovelo”. Mas o estrago já estava feito. Ricardo indicou que Ney fez apenas marketing de que cortava custos e o enganou ao adotar a velha política do “toma lá, dá cá”.
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