ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Itapecerica da Serra
A Câmara de Itapecerica da Serra aprovou na terça-feira (7), na primeira sessão após o recesso de julho, uma moção de apoio, apresentada pelo vereador Jonas Feijó (MDB), ao movimento Preservar Itapecerica pela mobilização popular contra a expansão da pedreira da Votorantim Cimentos no bairro Itaquaciara. Os ambientalistas denunciam que a empresa quer desmatar 21,38 hectares de mata atlântica para explorar granito em área de proteção de mananciais.
Integrantes do movimento se manifestaram no plenário, diante dos vereadores, com cartazes com alerta de que a expansão da pedreira irá “destruir” a mata e as nascentes, “matar” animais e comprometer a produção de água na região metropolitana, em recados a Votorantim. A aprovação da moção foi unânime e surpreendeu os ambientalistas. Em discursos anteriores, parte dos vereadores sustentou que o empreendimento irá gerar mais empregos na cidade.
“Jonas Feijó participou da audiência que fizemos aqui [na Câmara, em 28 de junho], se sensibilizou e na tribuna leu um documento do próprio movimento contra a expansão da pedreira, colocando a questão da defesa dos mananciais, dos animais e como isso vai impactar na crise hídrica em São Paulo. Nem esperávamos que a aprovação fosse unânime, outros vereadores também se manifestaram a favor”, disse a coordenadora do Preservar Itapecerica, Adriana Abelhão.
No entanto, o movimento criticou vereadores dizerem desconhecer o projeto de expansão da pedreira e os impactos. “Estranhamos a Casa dizer que não ouviu falar nada sobre o assunto até o momento, que não foi informada. Vários vereadores disseram isso, ficaram indignados. Isso não é verdade, já viemos aqui no começo do ano conversar com o presidente [pastor Márcio] explicar o que está acontecendo. Outros vereadores estavam na reunião”, afirmou Adriana.
Depois da audiência que promoveu, o movimento teve ciência de documentos da Cetesb no site da companhia sobre a pedreira. “São relatórios que conflitam com as informações que recebemos”, resumiu Adriana. No dia anterior ao da sessão na Câmara, na segunda-feira (6), a Assembleia Legislativa teve audiência sobre a expansão do empreendimento, convocada pelo deputado Carlos Gianazzi (PSOL) – que participara da audiência em Itapecerica. A Votorantim não foi.
“Estranhamos muito, soubemos que a Votorantim não iria pelo representante da Cetesb. Ele disse: ‘A Votorantim não vem’. Eu falei: ‘Mas é o senhor que vem trazer essa notícia para nós?’. Aí ele falou: ‘Não, eles fizeram um ofício, deve estar na Casa já’. Então, ficamos sabendo no próprio dia que eles mandaram ofício, dizendo que não compareceriam porque já tinham vindo [na prefeitura], exposto o projeto e não iam falar mais nada”, relatou ainda Adriana ao VERBO.
Em justificativa à moção, Jonas ressaltou a luta dos ambientalistas. “De acordo com o movimento, a exploração da pedreira vai impactar muito o meio ambiente, vai matar várias nascentes que abastecem a bacia da Guarapiranga e do Ribeira. Atualmente sofremos a crise hídrica, como as represas estão secando por falta de chuva, temos que preservar as nascentes e não destruir, como é a intenção da Votorantim”, disse. A Votorantim não respondeu neste domingo.
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