‘Intervencionistas’ param Régis também de manhã; ainda não é hora de agir, diz PRF

Especial para o VERBO ONLINE

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

Em mais um dia de sufoco para a população que trafega pelo principal corredor da região sudoeste da Grande São paulo, a rodovia Régis Bittencourt teve trânsito caótico nesta quinta-feira (19) em consequência de manifestação no km 280, em Embu das Artes, nas duas pistas, no sentido de Itapecerica da Serra e Sul do país e em direção ao Rodoanel e a São Paulo. Mas, no terceiro dia seguido de congestionamento na BR-116, o transtorno não foi apenas em um período.

Rodovia Régis Bittencourt
Em Embu, Régis Bittencourt travada nesta 5ª-feira, pelo 3º dia consecutivo, mas pela primeira vez pela manhã
A`noite
Régis volta a registrar caos à noite desta 5ª-feira em Embu, com congestionamento antes do acesso a Rodoanel
Motorista
Motorista mostra cansaço com trânsito lento na altura do km 278 da Régis, em Embu, devido a manifestação
Grupo de "intervencionistas
Grupo de “intervencionistas”, militares reformados e apoiadores, à margem da Régis na madrugada de quarta
Faixa e barracas de manifestantes
Na Régis, faixa e barracas de manifestantes, que falam em ‘limpar’ o Executivo, Legislativo e Judiciário federal
PRF
PRF, que diz que não é hora de remover manifestantes, ‘monitora’ o grupo; juiz Moro é apoiado por ‘patriotas’

A Régis foi bloqueada nos dois primeiros dias de manifestação no fim da tarde até o meio da noite – na terça-feira (17), o congestionamento chegou a 26 quilômetros (20 no sentido de São Paulo) e afetou até o Rodoanel, que ficou parado até a rodovia Castelo Branco. Nesta quinta, a BR-116 foi fechada também pela manhã, desde antes de 7h, quando teve 13 quilômetros de lentidão (dez em direção à capital). Agora à noite, o tormento se repetiu – nove quilômetros de filas.

A Régis está sendo bloqueada por um grupo de cerca de 30 pessoas formado por militares reformados ou expulsos das Forças Armadas e apoiadores que querem uma “faxina geral” no governo federal, no Congresso e no Supremo Tribunal Federal com intervenção militar – carregam bandeiras do Brasil e faixas com palavras de ordem contra os “comunistas” e a corrupção e em apoio ao juiz Sérgio Moro, responsável pela operação Lava Jato em primeira instância, em Curitiba.

Autodenominados “patriotas” ou “intervencionistas”, os manifestantes se “instalaram” à margem da rodovia, ao lado da entrada de um posto de combustíveis, no km 280, sentido Sul, inclusive com barracas de “camping”. Na madrugada de quarta (18), gelada (menos de 10ºC), o VERBO visitou o local e conversou com quatro membros do grupo, três com semblante fechado, ar disciplinador e voz impositiva. A reportagem pediu para falar com o “líder” – não agradou.

Um “veterano” fardado, alto, disse que ali não tinha “líder”, que todos tinham igual importância. O VERBO retirou o termo, mas o coronel disse que o repórter já tinha pedido para falar com o “líder” e encerra a conversa. Falaram, porém, que o “comandante” é o coronel Azim, septuagenário, mas de pulso firme, porém foi descansar. Mais afável, um microempresário, de família de militares, contou que o grupo é formado de militares da reserva e apoiadores.

Davi Benedito garante que os manifestantes não são apoiadores do pré-candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL). “Ninguém gosta dele aqui, ele vai para a eleição, que para nós é uma enganação. Queremos intervenção cívica. Não é ditadura, é o povo no poder”, disse. A reportagem questionou, porém, que o grupo quer intervenção militar. “O povo vai governar sob o comando dos militares, eles vão fazer a ‘limpeza’ das instituições e aí sim teremos eleições”, insistiu.

O primeiro a falar com o VERBO foi mais “radical”. “Amanhã [naquela quarta] vamos fechar essa porra aqui [Régis], já fechamos hoje”, disse, porém, sem apoio do “povo”. “Quando será feita a intervenção militar neste local (que tanto pedem)? Já está virando palhaçada tirar o direito das pessoas de ir e vir”, protesta Heleir Aguiar. “A pergunta que o VERBO tem que fazer à PRF [Polícia Rodoviária Federal] é: por que estão deixando isso acontecer”, diz Magá Vasquez.

A pedido, a PRF foi questionada pelo VERBO e respondeu. Disse que retirar o grupo à força ainda não é “a melhor alternativa”. “A atuação da PRF na gestão da crise instaurada na rodovia Régis Bittencourt, em que manifestantes exigem a queda dos três poderes e a intervenção militar no país, se faz de maneira técnica, considerando todas as variáveis e cenários possíveis decorrentes da ação policial frente às pessoas que participam do protesto”, afirma.

“Se não houve até agora o uso de força legal para remover os manifestantes é porque analisamos todo o contexto da situação e ainda não consideramos que esta seria a melhor alternativa. Apenas o uso da força, sem outras medidas que impeçam ou desmotivem esses manifestantes de retornar à rodovia, não é eficaz. O uso da força é um recurso extremo e que deve ser definitivo. Se usado indevidamente, a chance de ter de se recorrer a esse expediente seguidas vezes numa mesma crise aumenta, com prejuízos ainda maiores para a sociedade, polícia e mesmo a ordem pública”, conclui.

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