Em festa sob ‘vista grossa’ da prefeitura, jovem de 18 anos é morto no Pirajuçara

Especial para o VERBO ONLINE

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

O jovem Marcos Felipe da Silva, de 18 anos, foi assassinado na madrugada de domingo (8) quando estava em uma festa julina, chamada de “Quermesse do morro”, na avenida Fernando Fernandes, no Pirajuçara, em Taboão da Serra. Ferido por um tiro na cabeça, o rapaz chegou a ser socorrido ao Hospital Geral do Pirajuçara, mas não resistiu ao disparo. Em via pública, o evento não tinha autorização para acontecer, mas era realizado sob vistas grossas da prefeitura.

Jovem Marcos Felipe
Jovem Marcos Felipe, 18, que foi atingido por um tiro durante a ‘quermesse do morro’, crime não solucionado

A motivação do crime ainda é desconhecida, mas três versões são investigadas, duas seriam por causa de briga. Uma hipótese é de que Marcos pisou no pé do atirador. A outra é que os criminosos passaram de moto por cima do pé do jovem, que acabou reclamando e irritou a dupla que fez o disparo. A terceira é de execução. Segundo a mãe, o rapaz tinha se envolvido em uma briga no Jardim São Judas, na região, na noite de sexta e teria sido ameaçado de morte.

“A pessoa chega do nada e dá um tiro na cabeça da outra. Uns falam que a moto passou em cima do pé dele, ele foi tirar satisfação, e o cara atirou. Outros falam outra coisa. Ninguém sabe ao certo o que aconteceu”, disse uma cunhada. A família nega que Felipe era usuário de drogas e que na festa tenha provocado alguma briga. “Um monte de gente viu esses dois meninos que ‘brigou’ com meu filho. Só que falaram que não conhecem, não são do bairro”, disse a mãe.

No município com quase nenhum espaço público ou atividade de lazer, principalmente na periferia, a tradicional quermesse foi idealizada pelos próprios moradores para suprir a carência, mas já estava sem controle e com falta de segurança que favorecia o uso e comércio de drogas e ostentação de armas de fogo. Não só práticas criminosas eram problema. Os moradores também se queixavam do transtorno de “gente de fora” fazendo sujeira na frente das casas.

No mês passado, o governo Fernando Fernandes (PSDB) tinha negado autorização para funcionamento da quermesse e indicado documentação necessária para obter liberação da festa no local. Em ofício com data de 14 de junho de 2018, o secretário Gerson Brito (Trânsito) escreveu: “Indefiro. Juntar AVCB (Bombeiros), autorização da PM, GCM, ambulância. Não há segurança no local. O Setran [Secretaria de Trânsito] não dispõe de pessoal e material para o evento”.

Mas a festa acontecia “à vontade”. Desde longa data. Em 2016, Fernando, em campanha à reeleição, deparou-se com queixa de vizinho contra a quermesse. “A gente pediu mais disciplina, liberar a festa é fácil. Você chega com a família, tem gente urinando na sua porta, um evento com 5 mil pessoas não pode ter quatro banheiros químicos”, protestou André Pereira. Em ano eleitoral, a reclamação foi ignorada. Agora, com a morte do rapaz, o evento foi cancelado.

> Compartilhe pela fanpage do VERBO ONLINE

comentários

>