ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
O vereador Eduardo Nóbrega (PSDB) minimizou sobre as vaias e um áudio contra a presidente Joice Silva (PTB), mas “falou sozinho”, os colegas não o defenderam nem ignoraram os ataques à vereadora, na sessão no dia 12. Ele chegou a pedir duas vezes para não “dar ênfase” ao caso. No encontro com o pré-candidato a governador João Doria (PSDB) em Taboão da Serra, no dia 5, Joice foi vaiada, após um áudio indicar pagamento a pessoas para hostilizar a vereadora.

No áudio, a que o VERBO teve acesso, uma mulher não identificada diz: “Oi, Baiano, tudo bem? Deixa eu te falar: vai ter um ‘job’ [trabalho] ali no Vinttage, na BR. Vai ‘tá’ aquele político, o Doria, fazendo palestra, tal, e depois vai entrar uma vereadora no palco. Na hora que essa vereadora entrar, teria que estar vaiando ela. ‘Tô’ chamando umas pessoas para poder ‘tá’ lá, e vai ganhar R$ 50 só para, na hora que ela entrar, vaiar, tumultuar. Se você quiser me dá um toque, tá?”
O site “Taboão em Foco” noticiou a existência do áudio e que a mensagem de voz seria de pessoa ligada a Nóbrega. O vereador reagiu de forma ofensiva. “Eu fui pego de surpresa por uma matéria no mínimo irresponsável, do jornalista Allan [dos Reis], do ‘Taboão em Foco’, que diz que suposto áudio supostamente levaria à suposição de que uma pessoa supostamente teria sido levada por mim ao evento do Doria para vaiar Vossa Excelência [Joice]”, ironizou o tucano.
Nóbrega buscou comparar a reportagem a ideologia genocida. “No nazismo, havia o braço direito do Hitler, [Joseph] Goebbels, que difundiu uma prática terrível, de se repetir várias vezes uma mentira para que se tornasse verdade. […] Fala do batalhão de polícia que o Doria prometeu, que vai chegar metrô em Taboão da Serra. Não, o ‘Taboão em Foco’, que poderia se chamar Taboão fofoca, vem falar que levei pessoas para vaiar a presidente Joice Silva”, atacou.
“Eu estava lá com quase 400 pessoas. Se tivessem vaiado, a presidente não conseguiria nem falar”, completou Nóbrega. O “TF” disse que não acusou Nóbrega de levar pessoas para vaiar, mas que líderes políticos, inclusive Joice e vereadores que a apoiam, sustentam que as vaias foram tramadas por apoiadores dele. “A quem interessa uma discórdia do grupo político do prefeito Fernando Fernandes? Só interessa a quem está a trabalho da oposição”, alegou o parlamentar.
Nóbrega, que tentou evitar a publicação do texto, disse que a mesma investida se deu em eleição já distante e chegou a culpar a imprensa pelo revés nas urnas. “Em 2004 fomos para a rua com Arlete Silva para prefeita. Perdemos por causa de discórdia, fofoca e por causa de notícias de profissionais mal intencionados”, apelou. Porém, o grupo de Fernando perdeu a eleição pelo racha e indefinição do candidato (ex-vereador Paulo Félix foi substituído) e pela saúde precária.
Em seguida, Joice foi à tribuna e protestou “que as mulheres ainda não têm o respeito dos homens políticos, ainda sofremos atos de covardia”, indicando responsabilizar Nóbrega, mesmo se apoiadores foram os autores. “Eu sou muito maior que as pequenas vaias que fizeram a mim. Se fizeram um ato como esse, sabiam o que estavam fazendo. Pode ser que algumas pessoas não estejam de acordo com o que aconteceu, mas às vezes alguns atos falam por si”, disse.
Colegas não deram “ouvidos” a Nóbrega em minimizar a vaia e condenaram o ato. “O que aconteceu foi vergonhoso, indigno da política. Estavam rolando áudios convocando pessoas a vaiar determinada parlamentar, claro que era Vossa Excelência [Joice], era a única que ia falar em nome de todos os vereadores”, disse Ronaldo Onishi (SD). “Não adianta querer abafar, dizer que não houve. Todo mundo viu. Não vou citar nomes, mas eu vi”, falou Priscila Sampaio (PRB).
Contundente, Marcos Paulo (PPS) chamou os que vaiaram de “gente baixa”. “Eu estava na sala do prefeito quando chegou a informação, alguns no meio político já sabiam que ia ter a vaia à noite, não sabíamos para quem, mas que uma mulher seria vítima. Os covardes e vagabundos estavam lá no meio, não vaiaram do jeito que foram pagos para vaiar, era um grupinho que vaiava e abaixava. Quem olhar o vídeo vai ver eu de cara feia, olhando um por um”, disse.
Nóbrega disse que o áudio tem que ser discutido, “mas daí [o site] dizer que é ligado a mim é muita irresponsabilidade”. “Jamais vamos dar ênfase a uma semente do mal”, disse. Joice exibiu o áudio e desfez qualquer dúvida. “O áudio existe, sim, é claro, objetivo, bem sugestivo. Não fala nomes, mas não há mentira que não seja descoberta. Já recebemos o ‘print’ da pessoa que mandou o áudio e do rapaz que estava contratando. Fica provado que a sujeira existiu”, disse ela.
> OUÇA ÁUDIO EM QUE MULHER NÃO IDENTIFICADA ‘CONTRATA’ POR R$ 50 PARA VAIAR JOICE EM ATO DE DORIA
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