No 4º dia seguido, ‘estacionamento’ de caminhões trava região; ônibus não circula

Especial para o VERBO ONLINE

ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes e Taboão da Serra

No quarto dia seguido de paralisação da rodovia Régis Bittencourt pelos caminhoneiros que engrossam a mobilização nacional contra a escalada do aumento do diesel – que já subiu 56,5% na refinaria desde a vigência da nova política de preços da Petrobras, em julho de 2017 -, a região vive nesta quinta-feira (24) gigantesco transtorno que afetou não só o transporte, mas o funcionamento de serviços e equipamentos públicos e o próprio abastecimento de combustíveis.

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Estr. de Itapecerica perto do rodoanel bloqueada no fim da tarde como parte do movimento de caminhoneiros
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Av. Rotary com a rua Marcelino Pinto Teixeira, próximo à BR-116, em Embu, congestionada por volta das 10h

A Régis se tornou um grande “estacionamento” de caminhões e está parada por dois quilômetros no sentido São Paulo, a partir de Embu das Artes, em bloqueio “estratégico” a cerca de 500 metros antes do acesso ao Rodoanel – ligação a rodovias vitais do interior e litoral. Em direção a Curitiba (PR), a fila de veículos de carga é também de dois quilômetros. Os caminhoneiros não se limitam, porém, a fechar trechos contínuos e fazem interdições em outros pontos da estrada.

Além de bloquearem a Régis sentido Curitiba no km 281, por volta das 15h os manifestantes fecharam também um trecho mais à frente, na altura do km 283, no Jardim Pinheirinho, divisa de Embu com Itapecerica da Serra. Às 16h30, uma via de acesso à região, a estrada de Itapecerica, foi fechada embaixo do rodoanel com pneus incendiados. Desde a manhã, outros caminhos alternativos ficaram travados como no Parque Industrial, ao lado da BR-116, em Embu.

Motoristas reclamaram da falta de agentes em Embu para organizar o trânsito e indicar rotas de fuga. “Na confluência da avenida Rotary com a Marcelino Pinto Teixeira está um caos. E o pior é que não tem ninguém do Divitran [divisão de trânsito] para orientar”, disse uma moradora por volta das 10h. Ontem (23), um agente tentou multar caminhoneiros e teve de sair às pressas do local ao ter a viatura cercada. Os manifestantes pegaram e queimaram o talão de multas.

A Miracatiba, cujos principais itinerários trafegam pela Régis e durante a manhã já tinha reduzido a frota à metade, informou que uma das principais linhas da empresa, a 032 Parque Paraíso/Itapecerica – Pinheiros, não está circulando agora à noite. “Nenhum carro da linha está operando devido à paralisação dos caminhoneiros”, afirmou a fiscal Lúcia (não informou sobrenome). Ela disse que não é por falta de combustível. “Não tem como passar pela rodovia”, disse.

Parte das escolas municipais de Embu sofreu impacto com a paralisação, como a falta de alunos que dependem de transporte escolar. A Câmara Municipal teve número reduzido de funcionários pela dificuldade de locomoção e fechou duas horas mais cedo, às 15h. Postos de combustíveis registram filas desde esta quarta-feira. Alguns já não têm mais gasolina e etanol para vender devido à falta de abastecimento e à alta procura, como no centro de Taboão da Serra.

A Petrobras anunciou nesta quarta-feira a redução de 10% no preço do diesel nas refinarias por 15 dias – o presidente Michel Temer (MDB) pediu “trégua” aos caminhoneiros. A Câmara dos Deputados aprovou projeto que elimina um dos impostos sobre o diesel – falta o Senado fazer o mesmo. Mas os caminhoneiros continuam parados. Eles avisam que a paralisação só termina se o governo retirar os impostos (PIS/Cofins e a Cide – que são federais) dos combustíveis.

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