Morre aos 81 anos padre Manuel Maria Tort, ex-pároco da igreja matriz de Embu

Especial para o VERBO ONLINE

ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

Morreu neste domingo (20), aos 81 anos, no Paraná, o padre Manuel Maria Tort, ex-pároco da Igreja Nossa Senhora do Rosário em Embu das Artes, matriz do município, na qual trabalhou por quase dez anos, de 1993 a 2002. O padre, que estava internado, morreu de parada cardíaca, segundo a Igreja Católica. Ele seria velado até esta tarde, na Capela Santa Paula Elisabeth, em Campo Mourão (453 km de Curitiba). Após missa de corpo presente, seria enterrado na cidade.

Padre Manuel Maria Tort
Pe. Manuel Maria, pároco no centro de Embu de 1993 a 2002, que morreu neste domingo de parada cardíaca

Nascido em Barcelona, na Espanha, em 3 de setembro de 1936, padre Manuel era muito culto, ao mesmo tempo simples e acessível, que procurava compartilhar o vasto conhecimento que detinha. Ordenado no dia 29 de julho de 1967, na Alemanha, ele possuía um rigor doutrinário e disciplina espartana, religioso da Companhia de Jesus, ordem que fundou o povoado que originou Embu – ao trabalhar na cidade, serviu em um dos “berços” dos jesuítas no Brasil.

Embora tivesse como superior o provincial da ordem, padre Manuel vivia a obediência própria dos jesuítas e era fiel cumpridor das diretrizes do bispo local. Apesar de não ser diocesano, foi coordenador de pastoral (uma das funções centrais) da Diocese de Campo Limpo, do hoje emérito dom Emílio Pignoli. Para não aborrecer o bispo, ele organizava os fiéis para romaria da diocese a Aparecida e ia sozinho, de ônibus, à Romaria dos Trabalhadores, no 7 de Setembro.

Ao participar do “Grito dos Excluídos”, no Dia da Pátria, organizado pela ala progressista da Igreja, padre Manuel já expressava a sensibilidade social e a preocupação com os marginalizados. Ele radicalizou, porém, a opção. Deixou de ser um administrador de paróquia e animador de ação mais voltada para dentro da igreja (“pastoral”), notadamente em apoio às famílias – assessor dos casais peregrinos, participou do 2º Encontro do Papa com as Famílias, no Rio, em 1997.

Com um par de sandálias “franciscanas” sempre nos pés, padre Manuel decidiu deixar a “racionalidade” jesuíta para se “entregar” aos pobres. Após deixar a diocese, nos anos 2000 ingressou numa comunidade conhecida como “Toca de Assis”, que assiste moradores de rua com entrega de comida até “cuidar das feridas” dos andarilhos enfermos, de característica franciscana. Em novo “estado de vida”, adotou, além da barba, o nome de frei Manuel da Virgem Maria.

Dom Luiz Antônio Guedes, bispo da diocese, lamentou a morte de padre Manuel. “Foram 50 anos de vida sacerdotal, parte deles em nossa diocese como pároco na igreja de Nossa Senhora do Rosário, no Embu. Viveu ainda a pobreza radical junto ao Instituto dos Filhos da Pobreza e do Santíssimo Sacramento, mais conhecido como ‘Toca de Assis’. Nos últimos [anos] era considerado um exemplo de dedicação e amor ao próximo, na Fraternidade O Caminho”, disse.

Dom Luiz orientou os padres nas paróquias da diocese a celebrar uma missa “em memória de frei Manuel”, a quem chamou de “sacerdote honroso”. De acordo com fiéis, o padre Sebastião Gomes, atual pároco de Nossa Senhora do Rosário, decretou sete dias de “luto paroquial” e pediu que os católicos rezem três Ave-Marias em memória do padre. Com “Maria” no nome, padre Manuel morreu no mês mariano e às 18h, quando é rezada especialmente a Ave-Maria.

Apesar de ter deixado Embu havia mais de 15 anos, ele era muito amado entre os fiéis. “Querido padre Manuel, o ensinamento que nos deixaste a morte não poderá jamais nos arrancar! O senhor, que escolheu servir e viver com os mais pobres, nos cativou e nos ensinou o evangelho do Cristo que ama os oprimidos e marginalizados”, escreveu Felipe dos Santos, diretor da Câmara de Embu. “Seus ensinamentos, vou levar para toda vida”, expressou a fiel Aline Morgana.

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