Ônibus da EMTU tiram cobradores e causam transtorno para passageiros em Embu

Especial para o VERBO ONLINE

ANA CAROLINA REIS
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

Passageiros de linhas intermunicipais que saem de Embu das Artes e vão até as estações do Metrô Campo Limpo e Capão Redondo (zona sul de São Paulo) estão sendo prejudicados pela extinção da função do cobrador nos ônibus. A medida retarda o embarque nos coletivos e aumenta o tempo de viagem ao destino, e leva usuários a se atrasar ou perder compromissos. Se não bastasse, arrisca a segurança, motoristas passam troco com o ônibus em movimento.

Passageira em ônibus sem cobrador
Sem cobrador, usuários sofrem demora no embarque e trajeto, além de risco, com motorista recebendo tarifa

A mudança reprovada pela população já era realidade em linhas que servem Embu da Miracatiba, mas se acentuou e passou a atingir outras empresas. A linha 178 Jardim Vazame – Metrô Campo Limpo, da Viação Pirajuçara, é uma das mais movimentadas da cidade. O itinerário, que custa R$ 4,55, sofreu alteração que afetou a viagem dos passageiros há cerca de dez meses, de acordo com os agentes fiscalizadores da linha presentes no terminal da estação Campo Limpo.

“Antes a gente entrava no ônibus e enquanto o cobrador trocava a passagem o motorista já seguia o caminho. Agora tem que esperar o motorista trocar a passagem de todos os passageiros para seguir. Complicado, né?”, critica Maria José de Lima, 55, que usa a linha 178 diariamente. O usuário Júlio César Oliveira, 30, acusa os riscos. “O motorista, às vezes, conta o troco enquanto dirige, é perigoso pois o ônibus vai cheio. Mas acaba sendo normal ver isso na linha”, diz.

Para “sentir na pele” a realidade dos usuários, o VERBO pegou a linha 178 em Embu às 6h da manhã desta quinta-feira (26) e foi até o ponto final, no Campo Limpo, e constatou que os coletivos vão com muitos passageiros em pé e, em certo ponto do trajeto, não tem como as pessoas passarem pela catraca. O motorista precisa desempenhar duas funções ao mesmo tempo, prestar atenção nas ruas, em um trânsito caótico, e cobrar a passagem dos que embarcam.

A reportagem conversou com alguns motoristas da linha 178 – que também passa por Taboão da Serra, na região do Pirajuçara – que afirmaram demorar um pouco mais nos pontos para cobrar todas as passagens. “A maioria dos passageiros usam o bilhete [cartão de transporte BOM – Bilhete Ônibus Metropolitano], mas tem muitos que pagam em dinheiro e eu tenho que garantir a segurança deles”, disse um motorista da linha que preferiu não ser identificado.

Mas não são somente os usuários da linha 178 que passam sufoco. Há mais de 18 meses, cerca de um ano e meio, os passageiros da linha 551 Jardim Mimás (Embu das Artes) – Metrô Capão Redondo, operada pela “pioneira às avessas” Viação Miracatiba, no outro lado da cidade, não têm mais a função do cobrador na linha e, a exemplo do que acontece nos coletivos do Jardim Vazame, os motoristas conferem o troco enquanto conduzem os veículos pelo trajeto da linha.

A usuária Thais Silva, 24, que pega a linha há três anos para ir e voltar do trabalho, conta que diariamente o motorista faz a função dele e a de cobrador. “Isso acaba atrasando a viagem, às vezes, porque o ônibus para e tem muita gente pra subir [no ônibus]”, diz. A usuária Lourdes Ferreira, 45, faz coro e conta que “a maioria das pessoas que pegam essa linha utiliza o BOM, mas mesmo assim é demorado porque o motorista tem que liberar a passagem da catraca”.

Em outubro do ano passado, a alteração já começou a ser percebida pelos usuários também das linhas 193 Jardim Santa Tereza – Metrô Capão Redondo e 343 Jardim do Colégio – Metrô Campo Limpo, ambas da Miracatiba. A mudança deve acontecer em outros itinerários, a exemplo da linha mais recente, a 510 Jardim Vazame – Pinheiros, que desde sábado (21) não conta mais com cobradores. “Está um caos lá, superlotação, reclamação”, resumiu uma usuária.

Funcionários da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), responsável pelos ônibus intermunicipais na região, afirmaram que modificação já constatada é o começo da extinção da função de cobrador nas linhas, mas não souberam informar quais serão os próximos itinerários a serem alterados. A reportagem entrou em contato com a EMTU para saber quais são as próximas linhas que não contarão mais com cobrador, mas a empresa não respondeu.

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