Sujo até o pescoço, grupo de Ney não vai apurar nada, CPI é politicagem, diz Geraldo

Especial para o VERBO ONLINE

ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

Alvo de uma CPI (CEI – Comissão Especial de Inquérito) articulada pelos vereadores da base do prefeito Ney Santos (PRB) sobre irregularidades apontadas pelo Tribunal de Contas do Estado na obra da UBS Nossa Senhora de Fátima, em 2008, quando era prefeito, o deputado estadual Geraldo Cruz (PT) disse ao VERBO que a CPI criada revela “desespero” de um grupo político “sujo até o pescoço” e que “a Câmara não vai apurar nada, o que está fazendo é politicagem”.

Deputado Geraldo Cruz, alvo de CPI sobre obra
Deputado Geraldo Cruz (PT), alvo de CPI da Câmara sobre obra da UBS Fátima, em 2008, quando era prefeito

O TCE julgou irregulares termos aditivos (dispositivos para mudar cláusulas) do contrato da prefeitura com a empresa Tumi Construções e Empreendimentos Ltda. Os aditivos datam de 10 de março de 2008, “com a finalidade de alteração da implantação do prédio”, e 1º de agosto de 2008, para “acréscimo do valor de R$ 170.546,48 e prorrogação dos prazos de vigência e execução por mais 6 (seis) meses”. A obra custou no total R$ 685.315,24, com prazo de 12 meses.

Geraldo atribui os aditivos à adequação na contratação da obra. “O tribunal aprovou as contas, fez um aparte que é esse contrato. Fizemos exigências no edital de licitação que inviabilizavam outras empresas. Pedimos que a empresa tinha que ter engenheiro com registro no Creas de São Paulo, ter certidão de experiência na área de saúde. Isso [suplemento] não caracteriza roubo, o tribunal não aponta em momento algum que a obra foi superfaturada”, disse.

Geraldo diz que obra tinha um valor por metro quadrado padronizado e foi paga com verba do governo federal “que vem pela Caixa com preço de tabela lá embaixo”, além do “olhar” da sociedade. “Nosso governo foi de transparência, delegados do Orçamento Participativo acompanhavam a obra do Fátima, e eles eram respeitados quando faziam qualquer questionamento. Não era assim por achar bonito, mas por achar importante a participação social”, disse.

Geraldo cita que o TCE já aplicou sanção. “O tribunal aplicou a primeira multa, quem recorreu foi a própria prefeitura, os assessores do governo atual, nem fui eu. Depois, pedimos a diminuição do valor, achávamos injusto, conseguimos. [A CPI] É coisa de quem não sabe o que faz, que fica procurando algo que não tem o que fazer. O tribunal já fez, deu a multa, já fui penalizado. Vai para a Justiça, é uma interpretação deles, os advogados achavam que estava correto”, disse.

Geraldo diz que é alvo por causa das eleições em outubro e que a CPI já nasce desmoralizada. “É uma atitude de desespero, eu não sei por que esse povo ligado ao Ney, da base do governo dele fica preocupado comigo, nem sei se vou ser candidato, estou na minha, fazendo o meu trabalho como deputado, sem falar nada de ninguém. Esse povo está sujo até o pescoço, e agora quer fazer uma CPI sobre algo que já está caducando, de dez anos atrás”, reagiu.

“A Câmara não vai apurar nada, o que está fazendo é politicagem. É incompetência de quem não tem projeto para a cidade, esse povo fica governando a cidade através de liminar”, disparou Geraldo sobre Ney ser réu por ligação com o crime organizado. Ele também mira o presidente da Câmara, Hugo Prado (PSB). “Esse povo que está fazendo obra superfaturada, a reforma na sala da presidência custou quase R$ 100 mil, eles [vereadores] não falam isso”, acusou.

“Esse povo que senta numa cadeira e eleva uma condução de ônibus para [quase] R$ 4 para uma população como a nossa não tem moral para falar nada do nosso governo”, declarou Geraldo, ainda sobre Hugo. Ele voltou a questionar Ney. “A Câmara deveria se preocupar em fiscalizar o gasto do dinheiro público atual. Cadê os R$ 5 milhões [com o] que contrataram para medir as casas, e o prefeito cancelou? Quem pagou isso, a empresa devolveu o dinheiro?”, disse.

Geraldo diz não estar preocupado com a CPI. “Não estou nem aí, tenho consciência do que eu fiz. Estou preocupado com a falta de remédio nos nossos postos de saúde, falta de médicos, exames que continuam demorando, consultas que levam seis meses para marcar. Se tivesse corrupção no meu governo, eu seria o primeiro a punir. Mais de três vezes levamos à delegacia funcionário com desvio de conduta. Se eu tivesse roubado, tinha me denunciado”, disse.

Ele diz aguardar “sereno” ser notificado, mas estranha o tempo de vigência da CEI – até 180 dias, 28 de setembro, às vésperas das eleições. “Eu não tenho medo de denúncia, sou o único prefeito de Embu com oito contas aprovadas. Aliás, estou no parlamento desde 1983 [quando vereador], nunca vi uma CPI demorar seis meses para apurar uma observação num contrato. A UBS existe até hoje, sem nenhuma reforma desde 2008, e o povo usando bem”, disse.

Ele diz que prefeito e vereadores “ganham bem”. “Poderiam estar trabalhando em vez de pegar pelo em ovo por questão pessoal. É triste uma Câmara, com o custo que tem para a cidade, se preocupar com o que o TCE já resolveu, tanto que quando é grave manda para o Ministério Público. Mandou para a Câmara, para ter cuidado com as licitações. Que a CPI se transforme em séria e diga ‘aqui não tem corrupção’, porque o tribunal não fala em corrupção”, afirmou.

A CPI teve a primeira reunião de trabalho na segunda-feira (23) – depois de quase um mês em que foi instalada, em 28 de março. A comissão é composta pelos vereadores Jefferson do Caminhão (PSDB), presidente; Daniboy (DEM), relator; Índio Silva (PRB), Gerson Olegário (PTC) e Carlinhos do Embu (PSC), todos aliados de Ney. A acusação de Geraldo de superfaturamento em obra na presidência da Câmara ficou sem resposta. Hugo disse que não fala com o VERBO.

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