ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
O presidente do Pros de Embu das Artes, João Leite, ex-vereador da cidade, diz que deixou o PT, no fim do ano passado, por ser “barrado de crescer” no partido pelo deputado estadual Geraldo Cruz (PT), o que define como “ciumeira”, e nega que tenha abandonado a sigla por estar prestes a ser expulso. João seria banido do PT por ter buscado a cassação de Geraldo. Ele também nega. Neste domingo (22), o Pros realiza encontro regional na Câmara de Embu, a partir das 9h30.
Conforme apurou o VERBO, no ano eleitoral de 2016, o processo contra Geraldo por uso irregular de jornal parou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com pedido de vistas. Mas no início do ano João peticionou para entrar como assistente processual e apressou o caso. O advogado de João dizia nos autos que, mesmo “em um remoto provimento do recurso, se juntaria ao MP para produzir novas provas” – mesmo que Geraldo tivesse recurso aceito, levantaria outros fatos.
A petição de João, porém, chegou ao gabinete do ministro Napoleão Maia quando o processo já estava em plenário e foi considerada prejudicada. No entanto, em junho de 2017, apenas uma semana após o julgamento em que Geraldo foi absolvido, apareceu no sistema que alguém entrara no processo. O juiz negara o pedido do requerente de entrar como assistente, e apareceu o nome de João – suplente, ele ficaria com a vaga de deputado se Geraldo fosse cassado.
Com documentos sobre o episódio e apontamentos dos artigos do código de ética que João teria infringido, Geraldo entrou com processo disciplinar contra o então vereador no PT em Embu. Com grupo minoritário no diretório, perdeu. Ele recorreu ao PT estadual e teve processo acolhido pela executiva e depois pela comissão de recursos. Em reunião na macrorregião do PT (Osasco e região), Geraldo expôs o ato de João, que ficou contrariado e foi embora constrangido.
Partidários de João reclamaram que Geraldo não devia ter exposto o caso fora de Embu. “Mas João foi para fora, para Brasília, para dentro do processo”, diz um aliado de Geraldo. Em agosto, em reunião em Embu com o presidente estadual do PT, Luiz Marinho, João fez discurso hostil de que “não me arrependo de nada”. Geraldo só ouviu, mas ficou “indignado”. Na semana seguinte, o PT estadual começou a pedir mais documentos. João ia ser expulso. Ele saiu antes.
Chamado de “caráter vil” por Geraldo no processo interno, João, indagado pelo VERBO, nega que tentou provocar a cassação de Geraldo e alega que buscou “resolver” o caso do colega no TSE para que o PT tivesse um candidato apto a disputar a prefeitura de Embu em 2016. “Não pedi a cassação de ninguém. A minha proposta era construir. Agora, não dá para entregar uma eleição na cidade por causa de uma pessoa com problema na Justiça que não se resolve”, disse.
João nega ter se disposto a levantar novos fatos contra Geraldo. “Até porque nem podia, o processo já estava finalizado. O que se fez foi um pedido para encaminhar o processo. Só isso”, disse. O VERBO teve de insistir para que João explicasse o que seria encaminhar. “Como é que se encaminha? Não teve pedido nenhum para apresentar provas, até porque não precisava, as provas já existiam. Precisava era uma definição [se Geraldo poderia concorrer apto]”, disse.
Ele rebate ter agido “pelas costas” e diz não acreditar que seria expulso. “Foi uma decisão tirada dentro do coletivo do partido, de que tinha que resolver o problema que tínhamos na cidade, o PT de Embu, com conhecimento de todo mundo, queria resolver. Eles não iam ter coragem de fazer isso [expulsar], tudo que fizemos foi com concordância do presidente estadual, do coordenador da macro, de todas as pessoas que representam o partido no Estado”, disse.
Questionado se o deputado também tinha conhecimento de como procederia, João Leite foi reticente. “O grupo do Geraldo também sabia, eles estavam no diretório, sabem que não foi isso [traição]. Hoje, eles estão passando uma imagem como se eu tivesse entrado para prejudicar o andamento do processo dele”, falou. Ele afirmou que não saiu do PT por estar pressionado pela iminência de ser expulso. “Foi uma decisão minha e do grupo que está comigo”, disse.
João alegou que o problema não foi o PT local, que presidiu. “Dentro do PT de Embu a gente sempre conseguiu fazer o que quis, elegemos o sucessor para presidente, e três vereadores, apesar de todas as dificuldades. Mas fora existe ciumeira, o partido não pode se dar o luxo de impedir que outras lideranças cresçam. Tentei, quando presidente, fortalecer as micro [PT na região], mas toda hora que tentava fazer agenda com os presidentes era barrado”, acusou.
“Todo mundo dentro de um partido tem que ser importante, pessoas não podem ficar sempre barrando que outras cresçam. Foi muito trabalho, muita dedicação. Eu não tirei 10 votos, tirei quase 60 mil. Faltou dar importância para isso”, disse João, sobre a candidatura a estadual em 2014. Ele teve, porém, a votação – insuficiente – com a máquina do governo Chico Brito em peso e com apoio de grupo do PT da zona leste da capital. Em 2016, não se reelegeu vereador.
Indagado se Geraldo o barrou, João se esquivou. “Não vou citar nomes. Isso fica para o passado, agora estou no Pros. Estou tendo toda a liberdade de construir o partido na região”, disse. Em janeiro, o Pros tinha em Embu pouco mais de 70 filiados. João afirma que será candidato a deputado federal. No PT, chegou a colocar o nome a estadual. A expulsão era iminente. “Não esperei para ver [se teria legenda]”, disse. No novo partido, João diz defender a ética na política.
SERVIÇO
Encontro Regional do Pros (Partido Republicano da Ordem Social)
Neste domingo (22), a partir das 9h30, na Câmara de Embu das Artes (rua Marcelino Pinto Teixeira, 50, Parque Industrial)
> Compartilhe pela fanpage do VERBO ONLINE