ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, no centro de Embu das Artes
A família Trindade participou na noite deste domingo (22) da missa de sétimo dia de morte da artista plástica, folclorista, coreógrafa e ativista da cultura negra Raquel Trindade, na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário no centro de Embu das Artes, pedida pelos parentes. Um dos três filhos de Raquel, o músico Vitor – Regina Célia e Dada moram no Rio -, e um neto, o rapper Zinho, acompanharam a celebração, além de “discípulos” e amigos da artista.
Nascida em Recife (PE) em 10 de agosto de 1936 – radicada em Embu desde 1961 -, Raquel morreu no domingo (15) aos 81 anos, em São Paulo, de infecção após cirurgia no coração. Depois de mais de 20 horas de velório, ao som de tambores e berimbaus, no Teatro Popular Solano Trindade, que fundou, ela foi sepultada na segunda-feira diante de duas mil pessoas que tomaram as ruas do centro de Embu em cortejo que saiu do teatro até o Cemitério do Rosário.
Raquel, que não era cristã, foi lembrada no sermão do padre, que a chamou de “irmã”. “É importante que possamos celebrar, nós como católicos temos como dogma a vida eterna, a morte não é o fim, mas o início dessa vida que Deus nos chamou desde quando nascemos. Celebramos na certeza de que a vida continua. Foi uma alegria celebrar esta figura, nossa irmã Raquel Trindade”, disse o padre Márcio Melo, vigário paroquial, auxiliar do padre Sebastião Gomes.
A família fez questão da missa. “A minha mãe era do candomblé, como também sou, mas a gente precisa de todas as permissões para entrar no céu, o céu não pertence a só um povo. Foi uma forma não só de agradecer pelos momentos que ela teve na vida, pelos amigos – veio monte de gente de outras religiões -, mas pedir permissão à Igreja Católica, ao Deus cristão para que ela possa trafegar, andar para lá e cá, como gostava de estar em todos os mundos”, disse Vitor.
Após a missa, Vitor foi até o padre para agradecer as palavras afetuosas sobre a mãe. Ele também saudou “os muitos amigos carinhosos que vieram”. Ele citou o deputado estadual e ex-prefeito Geraldo Cruz (PT), o presidente estadual do PSOL, Juninho, o ativista do movimento negro e ex-coordenador de Promoção da Igualdade Racial da prefeitura de São Paulo Mauricio Pestana. Em sinal de “luz” e “vida”, admiradores de Raquel vestiam branco, conforme pedido da família.
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Sobre a passagem de nossa irmã Raquel,faço uma observação na noticia irônica que diz “Com Deus Cristão”. Lembrando que Cristo não é de propriedade de ninguém, muito menos da igreja católica, aliás religião esta que foi fundada pelo povo que o crucificou. Sem ressentimento, mas sigam as palavras do judeu que os romanos crucificaram. Amai vos uns aos outros, mas não sejam irônicos, o Candomblé conhece e reconhece Cristo.
Prezado Cosme Felix, absolutamente fiz ironia com a expressão a que se refere. Perplexo com tal interpretação, esclareço que apenas indiquei ao citar “Deus cristão” que Deus é reconhecido por outras religiões ou crenças, ou seja, que Deus não existe só para os cristãos, que existe o “Deus judeu”, “Deus dos muçulmanos”, “Deus do candomblé”, ou, como preferir, que Deus não é “propriedade” de ninguém ou da Igreja Católica. Aliás, o termo “Deus cristão” está entre aspas, sabe por quê? Porque foi uma citação de um entrevistado, do próprio filho de Raquel Victor Trindade. Obrigado por ser leitor do VERBO ONLINE. – Adilson Oliveira, jornalista, autor da reportagem.