Defesa negocia prisão de Lula neste sábado; petistas da região engrossam protesto

Especial para o VERBO ONLINE

ANA CAROLINA RODRIGUES
THAIS MARINHO
Especial para o VERBO ONLINE, em São Bernardo do Campo
RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em São Bernardo do Campo
ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE

Os advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estão negociando com a Polícia Federal (PF) e a Justiça Federal na noite desta sexta-feira (6) como deve ocorrer a prisão do ex-presidente. Neste sábado (7), uma missa será celebrada em memória da mulher de Lula, Marisa Letícia, que comemoraria 68 anos na data. Somente após a missa é que o petista deverá ser preso. Lula teve a prisão decretada pelo juiz Sérgio Moro no fim da tarde desta quinta-feira (5).

Lula faz gesto
Lula faz gesto de luta para militantes ao aparecer em janela do prédio do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
Vereador Edvânio Mendes (PT), de Embu das Artes,
Vereador Edvânio Mendes (PT), de Embu das Artes, participa de mobilização contra ‘arbitrariedade’ de Moro
Militantes em vigília
Sobre faixa com crítica a juiz da Lava Jato, militantes fazem vigília no sindicato em S. Bernardo na madrugada

Apoiadores de Lula que permanecem desde quinta diante do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), confirmam a negociação para que a prisão aconteça só depois da missa. Eles dizem que o ato político já ocorreu, uma vez que Lula não se apresentou à Justiça dentro do prazo estipulado por Moro. Na ordem de prisão, o juiz informou que o ex-presidente poderia se apresentar voluntariamente até as 17h desta sexta-feira à PF em Curitiba.

Mais cedo, a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, disse que Lula ia permanecer “junto com a militância” na sede do sindicato e exercer “a opção” de não se apresentar à PF. “Eu queria deixar claro que não há por parte do presidente Lula nenhum descumprimento da sentença do mandado de prisão expedido pelo juiz Sérgio Moro. Ele tinha a opção dada pelo juiz de ir até Curitiba. Não exerceu essa opção”, disse Gleisi, que é senadora pelo Paraná.

Cartazes espalhados pela fachada do sindicato e outros mobiliários expressam palavras de ordem como “Não à prisão de Lula” e acusam “Abaixo o golpe” e “Eleição sem Lula é fraude”, além de hostilizar a TV Globo – “Rede Golpe de Televisão”. Em uma das aparições, Lula surgiu na janela do prédio do sindicato, ao lado do senador Lindberg Farias (PT-RJ), do ex-ministro Celso Amorim e da deputada estadual gaúcha Manuela D’Ávila (PCdoB), e acenou aos apoiadores.

Ao longo do dia, em meio à multidão, seguidores de Lula na região também estiveram em São Bernardo para apoiar o petista. O vereador Edvânio Mendes (PT), de Embu das Artes, classificou o protesto como ato de resistência. “Vamos resistir de todas as formas a essa arbitrariedade que o Moro está fazendo, esse descaso com o povo brasileiro”, disse, ao lado da filha, em transmissão ao vivo no fim da tarde. Desde 2011, Lula é cidadão embuense, título não entregue.

A vereadora Rosângela Santos (PT), também de Embu – a mais votada na cidade em 2016 -, também compareceu ao protesto contra a prisão do ex-presidente em frente ao sindicato, berço da trajetória política do petista. “Estava um clima de resistência, de luta, vários deputados, senadores, militantes, um ato importante. A prisão é um golpe contra a democracia, a forma rápida que estão despachando mostra que tem muitos interesses por trás”, disse ela ao VERBO.

O vereador Doda Pinheiro, também de Embu, que foi expulso do PT pela direção do partido na cidade, mas recorre da decisão, não foi ao ABC e preferiu participar à tarde da posse do novo governador de São Paulo, Márcio França (PSB) – Geraldo Alckmin (PSDB) se afastou para concorrer à presidência da República. O vereador virou aliado do prefeito Ney Santos (PRB), apoiador de França. A um site da região, porém, Doda classificou a prisão de Lula como “política”.

Militantes permanecem do lado de fora do sindicato em vigília. No início da madrugada deste sábado, cerca de 500 petistas e simpatizantes ocupam rua em frente ao prédio, parte deitada em faixas com inscrição em crítica ao juiz que decretou a prisão do ex-presidente – “Moro Juiz Imoral Parcial”. Ao ser cumprida a ordem de Moro, Lula voltará a ser preso quase 40 anos depois. Em 1980, foi preso pela ditadura militar por liderar greve, e também causou comoção.

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