ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
A prefeitura de Taboão da Serra destruiu com um trator na terça-feira (27) uma horta comunitária e o plantio de canteiros na praça Madre Tereza de Calcutá, no Jardim Saint Moritz, na periferia, trabalho realizado há cerca de dois meses pelo coletivo Horta Di Gueto com a participação de moradores do bairro. O governo Fernando Fernandes (PSDB) alega que apenas fez a limpeza do local, mas mostra que não tem critério para executar serviço de zeladoria.
O pedido de limpeza do espaço público partiu do vereador Cido (DEM), que anunciou pelas redes sociais que o local estava sendo limpo para receber a encenação da Paixão de Cristo feita por uma igreja da comunidade. “Atendendo a solicitação deste vereador, neste momento esta [sic] sendo limpa a Praça Madre Tereza de Caucutá [sic]”, postou o parlamentar, sem se atentar que a intervenção da prefeitura destruía um trabalho comunitário feito pelos moradores.
Moradores logo denunciaram a “tratorada” – mostraram foto do trator destruindo a ação comunitária. “Que patifaria. Deveria ter comunicado os moradores e o coletivo que estava cuidando da praça. Destruir o trabalho do grupo que cuida lá não foi uma boa”, disse Adriano Barbosa, do coletivo. “Que absurdo! Destruição do trabalho coletivo que cuida e recupera os espaços públicos e os vínculos sociais, com educação ambiental e arte”, disse a apoiadora Chris Tine.
Na página do grupo no Facebook, o Horta Di Gueto não poupou críticas à prefeitura. “Não dá pra entender como uma iniciativa cidadã, local, comunitária recebe a tratorada literal que foi a ‘limpeza’ da praça. Arrancaram várias árvores, a composteira, as orquídeas plantadas pelos moradores. O que acontece com o poder público nessas horas? Por que essa cegueira?”, questionou. Não é a primeira vez que a gestão Fernando realiza podas indiscriminadas de árvores.
Em particular, o vereador Cido virou alvo da ira de moradores. “Quando pedimos ajuda no gabinete deste senhor para a realização das ações na praça, só encontramos dificuldades e burocracia. Agora quando é pra destruir o trabalho feito com braços da comunidade, ele traz até máquinas sem nem mesmo dialogar com as pessoas que doaram energia para cuidar da praça. Isso é uma falta de consideração enorme com toda a comunidade […]”, disse Gabriel Baeta, do coletivo.
Cido se defendeu. “Quero deixar claro que a solicitação que fiz foi limpar a praça e podar as árvores, sou um apoiador de hortas comunitárias e estarei verificando quem autorizou a destruição dos canteiros”, disse o vereador. Rogério Balzano é o secretário de Serviços Urbanos. O Horta Di Gueto criou na internet um abaixo-assinado para “pressionar” a prefeitura. “Queremos autonomia para cuidar da pracinha do Saint-Moritz! Cuidar e não destruir!”, reivindica o grupo.
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