RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
O prefeito Ney Santos (PRB) espalhou pelos quatro cantos de Embu das Artes outdoors com a promessa de entrega dos kits escolares “nos primeiros dias de aula”, em fevereiro. Quis ser ainda mais persuasivo ao dizer aos pais que “fiquem tranquilos”. Não passou de discurso vazio. Quase dois meses depois do início das aulas, os materiais e uniformes ainda não foram distribuídos aos quase 28 mil alunos. No ano passado, Ney também demorou a entregar e ainda fez piada.
Com foto de uma menina sorridente de uniforme e material “voando” ao redor, Ney diz no outdoor: “Papais, fiquem tranquilos! O kit escolar 2018 será entregue logo nos primeiros dias de aula. #maisgestão #maiscompromisso”. Mas nem sinal dos itens escolares. Em vez dos atributos alardeados, desorganização e desrespeito. Na rede municipal as aulas começaram no dia 5 de fevereiro. Os outdoors já estão até desgastados de tanto tempo que Ney fez a promessa.
Diante da cobrança crescente dos pais com a não entrega do material e do uniforme, Ney chegou a fazer um vídeo para dizer que a produção do kit estava “a todo vapor”. “[Estamos] apresentando para vocês, oficialmente, todo o nosso kit de material escolar que vamos começar a entrega nos próximos dias para todos os nossos alunos. Fico feliz em poder, mais um ano, garantir um material de qualidade”, disse. Mas a nova promessa, de viva voz, foi há exato um mês.
“Parabéns, prefeito, a todos da gestão e aos vereadores, todos os alunos de Embu Das Artes já receberam o kit escolar, os maravilhosos uniformes nos primeiros dias de aula. Os pais e os alunos estão todos felizes e satisfeitos”, ironizou o morador Eder Inacio, ao apontar piada de mau gosto do governo Ney. No ano passado, a gestão postou imagem do “Seu Madruga” (do seriado “Chaves”) com os dizeres “Kit escolar atrasou, mas chegou e tá demais!” e revoltou pais.
Na terça-feira (20), o “SPTV 1ª edição” (TV Globo) noticiou o atraso também neste ano. “O município disse que oferece uniforme e material escolar, para os 27.828 alunos da rede municipal. O problema é que até agora os pais não receberam nada, e olha que as aulas começaram em fevereiro”, disse a reportagem. Informou que os estudantes têm usado uniforme do ano passado. “Já está gasto, a roupa está apertada, mas é o que temos para hoje”, contou uma mãe.
Ao final, o apresentador Cesar Tralli reprovou a gestão. “Você deve estar pensando: ‘Todo ano é a mesma coisa?’ É, todo ano é a mesma coisa. Por isso, todo ano falamos desse problema aqui no ‘SP1’, não podemos perder a capacidade de nos indignar com isso. As prefeituras prometem, dão prazo, falam que vão fazer isso e aquilo, e não cumprem. É melhor não dar prazo, não prometer nada, porque pelo menos não gera frustração para a população”, advertiu.
OUTRO LADO
Procurado pelo VERBO, o secretário de Educação de Embu alegou culpa das empresas fornecedoras dos kits para a prefeitura. “Havia a programação de entrega nos primeiros dias, no entanto, os fornecedores não cumpriram os prazos de entrega por questões diversas e as medidas contratuais foram tomadas, conforme prevê a legislação vigente, ao mesmo passo que intensificamos ações para que regularizássemos as entregas em menor tempo”, disse Pedro Ângelo.
“De maneira que iniciaremos nos próximos dias as entregas, as escolas já estão recebendo os materiais e se organizando para a distribuição aos estudantes”, falou Pedro Ângelo. O VERBO questionou a partir de que data os kits seriam entregues. Ele não respondeu. Educadores reprovam o atraso. “Eles propagaram na entrega no ano passado que já haviam fechado com antecedência a compra, que iria ser entregue no início do ano”, disse uma professora.
O “SPTV” informou que a “prefeitura de Embu garantiu que todos os alunos vão receber uniforme e que o kit material vai ser entregue até abril”. O governo Ney pode bater novo recorde de atraso. No ano passado, a entrega dos kits escolares (uniformes e materiais) começou em 18 de abril e terminou só em maio. “Não se ouve falar nada, eles estão muito quietos. Nos outros anos vinham antes folheto informativo e propaganda. Até agora nada”, afirmou a educadora.
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