‘Deprimente’, Câmara de Embu tem palavra de baixo calão e discurso homofóbico

Especial para o VERBO ONLINE

RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
GABRIEL BINHO
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

A sessão da Câmara de Embu das Artes mudou no dia 28 de fevereiro para o período da manhã (10h), mas se passasse na TV aberta poderia ser classificada, pelo menos a da semana passada, como um programa impróprio para o horário, com recomendação para tirar as crianças da frente da televisão. Na quarta-feira (7), o vereador Júlio Campanha (PRB) não se controlou e gritou uma palavra de baixo calão (“chupa”) e o presidente Hugo Prado (PSB) fez fala homofóbica.

Júlio Campanha, que gritou "chupa" a vereadores da oposição
Júlio, que falou ‘chupa’ à oposição, inclusive duas mulheres, e Hugo, que fez insinuação sexual contra Edvânio

Um dos vereadores governistas entre sentimento de euforia e vontade de ir à forra pela decisão no Supremo Tribunal Federal favorável ao prefeito Ney Santos (PRB), Júlio não se furtou de fazer as honras da Casa e abriu o expediente “deprimente”. “Não poderia deixar de falar da grande vitória que tivemos ontem [dia 6], nós não, o povo brasileiro, pelo julgamento do [contra o ex-presidente] Lula, e o povo embuense, pelo nosso [a favor do] prefeito Ney Santos”, disse.

Na sequência, Júlio soltou a “pérola”. “Desde que adoeci, tenho escutado discursos hipócritas e ficado em silêncio. Hoje quero fazer um desabafo, não poderia deixar de falar: chupa, oposição; chupa, PT; chupa, Datena; chupa, Lula!”, gritou, ao se referir também ao apresentador do “Brasil Urgente”. Ele ainda advertiu os colegas que ao falar dele “sejam homens, não maricas, falem na minha presença”. Alguns vereadores fizeram cara de constrangimento e vergonha.

Hugo fez foi parabenizar Júlio por ser “autêntico” e “firme”. O presidente da Câmara, porém, não deixou de ter parte no “papelão” e fez uma fala vista como preconceituosa aos homossexuais ao atacar o colega Edvânio Mendes (PT). “Ontem, o vereador falou que não votou no projeto pedindo a licença do prefeito porque o presidente é arrogante. Não votou no projeto das ADIs [progressão a professor], que era uma questão legal, porque o presidente é arrogante”, disse.

“Ué, ele não vota por causa do presidente, o presidente que pauta o mandato dos outros vereadores? Vamos ler [os projetos], vamos trabalhar, vamos cumprir o nosso papel. Sou casado, bem casado, não venha atrás de mim, não, que não vai arranjar nada”, disse Hugo, ao se referir a Edvânio, “vizinho” na mesa-diretora, em nova “baixaria”. Edvânio disse que não votou contra os projetos por ser oposição, não pela postura de Hugo. “Se ele entendeu isso, que pena”, disse.

O vereador André Maestri (PTB) chamou “à consciência” e pediu um “pacto” por “discussões que elevem o nível do debate” da Câmara. “O vereador Júlio fez uma fala que faltou com respeito a duas mulheres, que são da oposição. E aí alguns vêm com discurso de que o 8 de Março é o Dia das Mulheres. O primeiro princípio para enaltecer a mulher é respeitá-la”, afirmou. Ao final, apesar da “sessão de horror”, Hugo e outros vereadores entregaram flores às vereadoras.

Moradores presentes à sessão também ficaram perplexos com os discursos com “baixaria”. “Desrespeitando os munícipes, hoje temos a presença de crianças e donas de casa. Um munícipe sentado atrás de mim, o sr. Marconi, que pela primeira vez tenta acompanhar as sessões, está indignado com as palavras proferidas pelo vereador [Júlio]. E também insultos vindos do presidente da Câmara, que deveria manter a ordem”, disse a moradora Halana Souza.

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