Rosângela reprova governo e cita Ney no crime; prefeito faz ‘feio’ e ataca vereadora

Especial para o VERBO ONLINE

ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

Em comparecimento à Câmara para prestigiar o início dos trabalhos legislativos em 2018, na primeira sessão no ano após recesso parlamentar de quase dois meses, o prefeito Ney Santos (PRB) “baixou o nível” em discurso e fez um ataque à vida pessoal da vereadora Rosângela Santos (PT), na noite desta quarta-feira (7). Ele lançou a ofensa após ouvir a petista fazer um pronunciamento incisivo contra o governo. Um vereador governista reprovou a fala de Ney.

Vereadora Rosângela
Rosângela, após questionar gestão e lembrar processo criminal contra Ney, é alvo de ofensa moral do prefeito

Ney reagiu após Rosângela enaltecer projetos do PT e sugerir que o prefeito é incompetente ao aprovar medidas impopulares e depois recuar, diante da pressão da sociedade. “Com o Orçamento Participativo, o PT fez melhorias nos bairros, vendo as necessidades com a população, não com meia dúzia decidindo o que é melhor para a cidade, que fez, inclusive, o decreto da taxa de lixo, implantando num mês e já cobrando para a população pagar no outro”, disse.

“E foi o Partido dos Trabalhadores que conseguiu a Adin [ação] cancelando essa taxa abusiva e absurda cobrada pelo Ney Santos”, disse Rosângela, com o prefeito na mesa da presidência. Ela criticou a taxa de lixo de 2018, cobrada por área construída, que avaliou como injusta, e a alegação de Ney de que o IPTU subiu muito por erro da empresa. “É muito fácil falar que errou várias vezes, decreto errado, IPTU errado. É irresponsabilidade ou má gestão?”, disparou.

Rosângela disse que Ney não revogou a “promoção” das ADIs como professores por ser generoso. “Se fosse bonzinho, não tinha mandado o projeto de lei, tinha respondido ao Ministério Público que as auxiliares são agora professoras, que com próprio recurso buscaram a formação. Com o parecer favorável [do MP], foi bonzinho, fez um teatro no [na reunião] no [colégio] Valdelice. Quero que o prefeito faça uma boa gestão, mas sem prejudicar a população”, disse.

Em resposta a Ney que disse não ser da “iguala” – tentou dizer laia – dela, Rosângela lembrou a vida pregressa de Ney como assaltante a carro-forte (anos 2000) e agora denunciado por ligação com o crime organizado. “Quando falou que não era igual a mim, não é mesmo. Eu não tenho passado duvidoso, não estou [no cargo] sob liminar. Enquanto eu estava estudando e no movimento social, o prefeito fazia outras coisas que não me dizem respeito”, disparou.

“Eu durmo tranquila com o meu travesseiro, tenho caráter, honestidade. Se não tivesse, eu tinha feito como muitos, que estão aí ganhando cargos, comissão para estar na base do governo. Estou na oposição porque não aceito coisa errada”, declarou Rosângela. O presidente Hugo Prado (PSB), aliado de Ney, disse que a colega fez “acusações gravíssimas” e advertiu que fundamentasse. Ele sugeriu que Ney registrasse boletim de ocorrência contra a acusação.

Ney se disse feliz em prestigiar o Legislativo no reinício dos trabalhos, “por mais que a recepção não foi tão agradável”. Apesar da autonomia dos poderes, ele apelou por punição à vereadora na Casa onde é membro. “Fico muito chateado de ser o prefeito da cidade e ser recebido desta forma, fui citado várias vezes por uma vereadora oportunista. Os vereadores que decidem, mas que você [Hugo] instaure, sim, um processo de quebra de decoro parlamentar”, disse.

“Ela está acostumada a ofender as pessoas, mas com a gente vai ser diferente, vai ter que provar tudo que falou. Da mesma forma que fala besteira, por que ela não fala que o sindicato que bancou a campanha dela está sendo todo investigado por corrupção? Não fala que sai comprando lideranças com o dinheiro de contribuições ao Sindicato dos Químicos? Por que não fala que o amante dela que bancou sair comprando lideranças para falar mal da gente?”, disse.

Em entrevista, Ney reafirmou o ataque moral. “Vereador de oposição tem que aproveitar a oportunidade de aparecer, não é todo dia que o plenário está cheio como hoje. A vereadora usou das suas atribuições para falar o que eu não gostaria de ter ouvido. Também falei o que ela, de repente, não gostou de ter ouvido. Vim desejar bom retorno aos vereadores. Não gostaria que tivesse acontecido o que aconteceu, mas não poderia levar para casa o que ouvi”, falou.

Rosângela disse que vai processar Ney. “Vou entrar com uma ação contra o prefeito. Acusações muito sérias. Ele é machista, não tem nada do lado político, me ofende por ser mulher. E inverdades, nem verdade é. E eu não o acusei, falei que ele está no mandato sob uma liminar por ligação com crime organizado, tem processo jurídico”, declarou. Um vereador governista, reservadamente, reprovou a atitude de Ney. “Aí é feio, misturar vida pessoal com política”, disse.

> Colaborou Gabriel Binho, Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
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