RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
O secretário de Comunicação do prefeito Ney Santos (PRB), Jones Donizette, admite em vídeo publicado em uma rede social que o servidor de Embu das Artes que não se cadastrar e tirar o “Cartão Cidadão” terá dificuldade de receber a cesta básica entregue pela prefeitura. O governo Ney falava que o trabalhador não perderia um direito conquistado, mas começou a pôr obstáculos para “coagir” os funcionários municipais a aderir ao cartão, protestam servidores.
Em vídeo que postou no Facebook no dia 1º, Jones – à frente da implantação do “Cartão Cidadão” – fala que o servidor não perderá um direito adquirido, mas longe de ter comodidade. “O funcionário que não tiver o ‘Cartão Cidadão’ vai ter certa dificuldade de retirar a cesta básica. Vai ter que ir no RH, pedir uma autorização que vai ser feita manualmente para ele. De posse da autorização, assinada pelos diretores do RH, vai retirar sua cesta básica normalmente”, diz.
Na sessão da Câmara no mesmo dia 1º, o vereador Daniboy (DEM) fez defesa enfática do “Cartão Cidadão” e rebateu que o servidor vai ficar sem cesta básica se não aderir. “Isso é mentira! O funcionário público que quiser a cesta básica e não quiser fazer o cartão, todo mês vai lá pegar uma requisição no RH. Vai ser um pouco mais demorado por ter que ir lá tirar a requisição, esperar sua vez. O ‘Cartão Cidadão’ é para tirar a burocracia, ter controle, tirar a fraude”, disse.
O vereador sugeriu que o recebimento da cesta básica não tem organização ou controle, mas os servidores já possuem um cartão próprio para retirar. Além do mais, o governo Ney afirma que a implantação do “Cartão Cidadão” é essencial para que a prefeitura limite o atendimento e disponha dos recursos da cidade apenas aos moradores, mas muitos funcionários não residem em Embu e não precisariam fazer o cadastramento, já que não usam os serviços municipais.
Servidores vêm enfrentando grandes filas diariamente para fazer o “Cartão Cidadão” sob protesto “contido”, coagidos. “Um abuso com a gente, todos na fila reclamando, sem exceção. Reclamando baixinho, com medo de represálias. A que ponto chegamos! Ninguém, nenhum funcionário quer fazer esse cartão, estamos fazendo porque estamos sendo coagidos a fazer”, disse uma servidora. “Após 3 horas e meia, fiz o cartão que não pedi e não queria fazer”, completou.
Os funcionários municipais demonstram indignação com a própria exigência de informações pedidas, de necessidade injustificada, além do procedimento adotado, e acusam invasão de privacidade. “Os servidores estão putos. Estão tirando todas as impressões digitais, perguntando quanto ganham, se têm animal em casa, quantos, qual raça, quantos cômodos. Qual religião! Me sinto invadida”, disse outra servidora. O cadastro dos servidores vai até quinta-feira (16).
“Já existe um cartão para retirar a cesta. Para que outro? Aí você tem que tirar uma autorização em papel no RH? Absurdo”, completou a funcionária. O Sindicato dos Servidores de Embu já reprovou a exigência da adesão. “Esse ‘Cartão [Cidadão’] é uma piada. Fazem uma espécie de ameaça para que os servidores mudem o cartão [para retirada] da cesta [básica] para o ‘Cartão Cidadão’. É uma administração muito complicada”, disse o presidente Sebastião Paixão.
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Pessoal, como sempre, percebe-se a nata, vê-se apenas o pico, divulga-se a imagem popular, O FUNDO: votamos em bonecos fabricados pelos patrocinadores das campanhas. Quem é o contratado para a gestão desta tecnologia deste cartão?