ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, no centro de Embu das Artes
O prefeito Ney Santos (PRB) anunciou na noite de quinta-feira (19), no Centro Cultural Mestre Assis (centro), corte de gastos de R$ 2,8 milhões por mês a partir de 2018, inclusive a alardeada redução de cinco secretarias. No entanto, conforme antecipou o VERBO, os ex-secretários foram mantidos no governo e tornaram o enxugamento de custos tímido. Na prática, alcançar a economia prometida vai depender da diminuição de várias despesas, até de cafezinho.
As secretarias que deixaram de existir são as de Turismo e Esportes, que foram incorporadas à de Cultura (Rosana Almeida); a de Serviços Urbanos, fundida à de Obras (Nelson Pedroso), a partir de dezembro; e a Companhia Pró-Habitação, que passou à Secretaria de Desenvolvimento Social (Roberta Santos). Trabalho e Emprego (Paulo Vicente) aglutinou Planejamento, antes integrada à de Meio Ambiente, que por sua vez incorporou a Amlurb (Daniel Cassio).
As pastas de Turismo e Esportes tinham como secretários, respectivamente, Zezinho Barros e Maurício Cafu, que passam a diretores. A Secretaria de Serviços Urbanos era chefiada por Léo Novais, que deixará o governo, por vontade própria, para se dedicar à candidatura a deputado federal. A Amlurb (Agência Municipal de Limpeza Urbana), autarquia, era comandada por Maria Wilma Assis. João Ramos chefiava a Pró-Habitação, autarquia, e foi o único exonerado.
Ney afirmou que economizar é preciso por causa da dívida recorrente. “Quando assumimos, no mês de janeiro, a prefeitura tinha R$ 257 milhões de dívida, e fecha no vermelho R$ 5,8 milhões todo mês”, disse ao argumentar que tinha que tomar medida necessária para não repetir ao final do mandato o passivo da gestão Chico Brito. “Por isso, resolvemos comprar a briga que tiver que comprar, arrecadar mais e gastar menos”, disse, em alusão à taxa de lixo.
“Se gasta menos enxugando, deixando de gastar com coisas supérfluas. Só na Secretaria de Governo a economia em café e açúcar será de R$ 80 mil. É uma coisa besta, mas com mais R$ 100 mil daqui, R$ 200 mil dali, é o dinheiro que sobra para trazer uma viatura [da Guarda] nova, fazer asfalto, paga o aluguel social”, afirmou Ney ao citar a secretária Roberta, que ao lado de Rosana acumulou pastas. “Vocês mulheres se sintam privilegiadas neste governo”, exaltou.
Ney disse que a meta inicial era fazer uma economia mais modesta. “Preparando o orçamento do ano que vem, falei que tínhamos que economizar pelo menos 1 milhão por mês para dar equilibrada nas contas. Mas economizar não é diminuir o serviço, é fazer gestão, é fazer bem feito, ficar de olho, saber se o dinheiro não está indo para o ralo. Perguntaram se vou cortar salário do servidor. Ao contrário, queríamos dar aumento, mas desde que trabalhe”, falou.
Ele disse, porém, que teve condições para planejar cifra maior de corte de gastos. “Todos os secretários cortaram na própria carne, e temos a proposta de que a partir de janeiro do ano que vem vamos economizar R$ 2,8 milhões por mês. No fim do mandato, teremos economizado R$ 100 milhões, imaginem o que dá para fazer com esse dinheiro. Eles [oposição] podem criticar, vão ter que engolir que o nosso governo vai ser o melhor da história de Embu”, afirmou.
Em entrevista, Ney disse que os secretários tiveram a “responsabilidade” de entender a necessidade de reduzir gastos e que a primeira saída pensada foi “acumular funções”. “Todas as secretarias contribuíram com o corte de despesas. Só a Saúde economizará R$ 725 mil por mês. Só com médicos que ganhavam acima do teto, vamos economizar R$ 308 mil. Nenhum médico vai ganhar mais que o prefeito, como nenhum servidor”, disse, sobre medida que gerou incredulidade.
Questionado pelo VERBO como a economia seria grande se quase todos os ex-secretários foram mantidos no governo, Ney demonstrou irritação e disse que pagar menos já é uma redução importante. “O salário do secretário é R$ 15 mil, o do diretor é quase R$ 8 mil. [Menos] R$ 7 mil não é uma economia, numa situação só e por mês? E não finalizei ainda a organização do governo. Pode ser que [ex-secretário] não seja mais diretor, seja cargo comissionado [menor]”, disse.
“A prática é mais difícil do que falar, mas confiamos nas decisões que tomamos, no trabalho de cada secretário. Este ano estamos executando um planejamento feito no ano passado [gestão anterior]. Mas no ano que vem vamos executar planejamento feito por nós. Vai dar certo”, afirmou Ney. Ainda indagado pela reportagem, ele enfatizou que o governo tinha 18 secretarias e passa a ter 13, além das duas autarquias. Na realidade, porém, eram 19 e passam a 16.
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