Vereadores contra taxa de lixo sugerem que favoráveis traíram população de Embu

Especial para o VERBO ONLINE

ANA PAULA TIMÓTEO
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

Vereadores de Embu das Artes que votaram contra a criação da taxa de lixo proposta pelo prefeito Ney Santos (PRB), na quarta-feira (27), não só rejeitaram a cobrança, mas sugeriram que os parlamentares favoráveis ao tributo foram insensíveis às dificuldades econômicas das famílias em meio a crise de desemprego no país ou traíram a confiança dos eleitores ao argumentar que ao pedirem voto na campanha fizeram “compromisso de defesa do cidadão mais carente”.

Vereadores Dra. Bete,
Vereadores Dra. Bete, André Maestri, Edvânio Mendes, Luiz do Depósito e Rosângela, contrários à taxa de lixo
Vereadores
Vereadores Bobilel Castilho, Daniboy, Gerson Olegário, Ricardo Almeida, Carlinhos do Embu, Joãozinho da Farmácia, Doda Pinheiro, Jefferson do Caminhão, Júlio Campanha e Índio Silva, que aprovaram taxa de lixo

A vereadora Rosângela Santos (PT), que questionou pleito de urgência para apreciar o projeto antes mesmo da votação propriamente da taxa – por desconhecer o teor, excluída de reunião de discussão com Ney por ser a única oposição ao governo -, protestou na sessão. “Estão votando sem discutir com a população? Que desrespeito é esse? Como está sendo colocada, querem empurrar goela abaixo da população, depois só mandar a conta. Não podemos aceitar”, falou.

Depois, ao justificar voto contra a taxa, Rosângela contestou argumento do governo de endividamento alto com a empresa de coleta. “Não existe essa dívida de mais de 40 milhões, em todos os anos foi pago. Somente em 2016 não foi, a dívida é por volta de R$ 20 milhões. E a população não tem o que comer, está desempregada. Vamos implantar os projetos dos vereadores da própria base, ecopontos, reciclagem, antes de jogar a conta para população”, criticou.

A vereadora Dra. Bete (PTB) disse reconhecer que os municípios, com a crise econômica no país, passam por perda de receita, mas que o tributo não é solução e penaliza a população. “Não vai ser a taxa que vai resolver o nosso problema. Não é este o momento, com desemprego total, de criar. Fomos julgados já que votamos a favor, e hoje que a taxa está vindo. Estamos com o povo. Não achei os meus três mandatos no lixo. Deixo claro que sou contra a taxa do lixo”, disse.

O vereador André Maestri (PTB) disse respeitar o voto dos colegas, mas que era preciso seguir o apelo dos moradores por ter mandato popular. “Por aqueles por quem fui escolhido, que me deram o direito e poder de decidir por eles, vou votar contra a taxa. Não só contra a taxa, mas contra aceitar uma empresa que explora contrato que teve aditivo muito alto. Eu não posso deixar de tomar essa decisão, não vão me persuadir porque estou em primeiro mandato”, declarou.

Em alfinetada nos favoráveis à taxa, Edvânio Mendes (PT) também considerou que não era propício aplicar o tributo. “Este momento de dificuldade do país e da cidade não é o ideal para colocar a taxa de lixo. Concordo que é preciso mexer na ‘capivara’ [contrato] da Enob, ela financiou vários prefeitos que por aqui passaram e ganha muito. Eu sempre estive do lado do povo. Sempre voltei em projetos do governo, mas neste, não posso ir contra a população”, disse.

Luiz do Depósito (PMDB), único eleito na chapa de Ney contra a taxa, foi o mais eloquente. “O governo é complemento do vereador. Mas ele não tem obrigação de estar aliado de forma que não tenha palavra ativa. Às vezes sou obrigado a discordar, tenho opinião própria. Fomos eleitos num grupo alto de vereadores [pró-Ney], temos responsabilidade, mas gosto de respeitar a rua, onde estão os eleitores. Aos que dei minha palavra sobre minha posição, vou manter”, disse.

Luiz falou quando a taxa de lixo ainda não estava em votação. Depois, após Rosângela questionar o que era votado, ele que revelou que o projeto era o do tributo, frustrando a estratégia dos vereadores da base de “esconder”. “Realmente estamos fazendo mudança no código tributário para que seja votada a taxa do lixo. Eu sei que várias cidades em volta já têm a taxa, mas ao pedir voto a gente fez compromisso de defesa do cidadão mais carente”, disse ele, aplaudido.

O vereador Júlio Campanha (PRB) tentou justificar o projeto, mas fez uma defesa “atrapalhada”, admitindo que o tributo estava sendo criado. “Estamos votando a taxa do lixo, mas a legalização, a cobrança no carnê do IPTU”, disse. Jefferson do Caminhão (PSDB) alegou que a dívida com coleta do lixo “vem de lá trás” e que governos passados tiraram dinheiro da saúde e educação para pagar. Mas ele foi eleito em 2012 na base do prefeito Chico Brito e nunca denunciou a dívida.

A taxa de lixo foi aprovada por dez votos a favor – de Índio Silva (PRB), Bobilel (PSC), Carlinhos do Embu (PSC), Daniboy (DEM), Ricardo Almeida (PRB), Joãozinho da Farmácia (PR), Gerson Olegário (PTC), Doda Pinheiro (PT), Júlio e Jefferson. O presidente só vota em empate, mas Hugo Prado (PSB) defendia a aprovação e pôs para votar o projeto colocado às “escondidas”. Chegou a dizer que o projeto passou pela Comissão Mista. Mas só foi protocolado após iniciada a sessão.

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