ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
Em Embu das Artes para encontro com dirigentes e militantes, o presidente estadual do PT-SP, Luiz Marinho, disse no sábado (19), na Câmara Municipal, que a vereadora Rosângela Santos está “com a razão” ao ser contra a taxa do lixo criada pelo prefeito Ney Santos (PRB) e que os outros dois vereadores petistas na cidade, Doda Pinheiro e Edvânio Mendes, poderão ser expulsos do PT. Filiados rechaçam ambos pela adesão ao governo Ney e serem a favor da taxa.
Em “caravana” pelas cidades da região de Osasco para “animar” a militância em vista das eleições para presidente, senador, deputado e governador em 2018, Marinho teve de se deparar em Embu com clima “doméstico” tenso e discursos duros de reprovação aos dois vereadores petistas aliados de Ney. Em evidência da insatisfação com Doda e Edvânio, Rosângela foi ovacionada pelos filiados e ouviu elogios e palavras de apoio pela resistência “solitária” à taxa.
Doda e Edvânio não compareceram. O presidente do PT de Embu, Gabino Silva, informou aos cerca de cem militantes que Doda se recuperava de internação e que Edvânio tinha viajado – eleito com apoio de ambos, Gabino demonstrava constrangimento. Os militantes reagiram com desconfiança ou desprezo à justificativa. Um filiado chegou a dizer que, com exceção de um dirigente que casava a filha, a ausência de outros membros do partido era “uma desculpa”.
Em instante de maior agitação, um militante lembrou protesto na Câmara contra a taxa e disse que Doda e Edvânio envergonham o partido. “Fui tratado como ‘lixo’ e agredido pela Guarda. O PT fechou questão em ser oposição e não ter cargos no governo Ney. Os dois têm. O PT se posicionou contra a taxa. O sr. Doda, além de ficar do lado do governo, publicamente criticou a gestão do PT. O presidente do partido [estadual] diz que é caso de expulsão”, disse, aplaudido.
Em entrevista exclusiva ao VERBO antes de se reunir com os militantes, Marinho disse ver a falta de sintonia entre os vereadores petistas “com preocupação”. “No parlamento há sempre espaço para debate no processo de composição, mas não é legal quando a bancada se divide dessa forma. Se o partido não fecha questão, os parlamentares têm liberdade para atuar conforme a sua consciência, mas aqui tinham que seguir a orientação partidária tomada”, disse.
“Em relação à taxa de lixo, eu creio que a vereadora [Rosângela] está com a razão, até porque, com [o PT com] quatro mandatos de prefeito [em Embu], fazer um posicionamento tão crítico à gestão do PT não é o comportamento mais adequado de um militante”, disse Marinho em recado a Doda. O vereador discursou que o tributo devia vigorar a partir de 2008 e que o PT não cobrou para se manter no poder e não prejudicar candidatos petistas em futuras eleições.
Marinho defendeu que o PT local faça “uma reflexão” para tomada de posição, ou seja, “libera” Doda e Edvânio para fazerem parte do governo Ney ou expulsa os dois. “Eu nunca gosto de trabalhar a expulsão de ninguém, precisamos de todo mundo que queira construir o partido. Agora, se uma orientação partidária não tiver cumprimento, o caminho natural é a saída”, afirmou o presidente. Ele ponderou, porém, que atuará na “lógica da cooperação e do bom senso”.
OUTRO LADO
Procurado pelo VERBO para comentar as declarações do presidente estadual do PT, Luiz Marinho, sobre a defesa que fez da taxa do lixo criada pelo prefeito Ney e a crítica aos governos petistas na cidade em relação à não aplicação do tributo, o vereador Doda, líder da bancada do PT na Câmara Municipal, preferiu não se manifestar. “Não acompanhei a fala dele”, disse Doda. A reportagem não conseguiu localizar nesta terça-feira (22) o vereador Edvânio Mendes (PT).
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