RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
Como parte das investidas resultado da reunião com funcionários municipais nomeados por indicação política no último sábado (29), em um hotel, o prefeito Ney Santos (PRB) determinou que os “apadrinhados” na administração compartilhem e espalhem vídeos e mensagens preparados pela “turma do marketing” para tentar convencer os moradores de Embu das Artes a pagar a taxa de lixo a qualquer custo, em tática de verdadeira guerra de informação.
Ney criou a taxa de coleta e remoção do lixo por meio de decreto que assinou no dia 7 de julho, sem alarde, sem audiência pública e em pleno recesso da Câmara, onde a população poderia pressionar para anular a cobrança. Com o ato, o contribuinte será obrigado a pagar mais um imposto, e já a partir deste mês. O valor é de R$ 174,35, que pode ser pago em cinco parcelas, a primeira no próximo dia 20 de agosto. Em 2018, a taxa prevista é de pelo menos R$ 418.
Por ordem do prefeito, o secretário Jones Donizette (Comunicação) e o adjunto Renato Oliveira estão disparando os conteúdos em grupos de redes sociais com comissionados para que retransmitam para moradores com quem mantenham amizade. Para cada empregado no governo, a meta é atingir 20 amigos por dia, no mínimo. Mas pode chegar a 30. “Cada um vai falando para 30 contatos até chegar no número máximo de pessoas”, conta um morador.
A tática dos “meninos do marketing” do prefeito, como eram chamados na campanha eleitoral os assessores de Ney que viraram secretários, para levar os comissionados a convencer a população a pagar a taxa do lixo se inspira no “recrutamento progressivo” de pessoas para “pirâmide financeira”, golpe para angariar dinheiro fácil. Jones e Renato são denunciados por conta do esquema. “É bem técnica de pirâmide”, comentou outro morador sobre a “abordagem”.
Entre as primeiras mensagens, os secretários de Ney “jogaram nos grupos para que as pessoas aceitem a taxa”, na fala de morador, entrevista de Jones à TV Globo em que diz responder que a taxa do lixo foi “criada no ano de 2007 pelo prefeito Geraldo Cruz do PT”. Ele apela a confusão. Na verdade, foi aprovada em 1997 (gestão Oscar Yazbek) como parte do código tributário, atualizada em 2007 mas será cobrada a partir deste mês por decisão do prefeito Ney Santos.
Na reunião, Ney foi bastante “contundente” para que os comissionados compartilhem as mensagens encaminhadas. No relato de participantes, Ney praticamente obrigou os ocupantes de cargos na prefeitura sem concurso a repassar. “Ou você é político ou não é político”, disse, segundo ouviu o VERBO. Ele foi, porém, ainda mais “persuasivo”. Disse que os secretários Jones e Renato “irão rastrear as redes sociais de cada um para saber se iriam mesmo compartilhar”.
Os dois usariam, inclusive, sistema que poderia levantar as informações, em ação vista como “terrorismo” por parte de livre-nomeados – que resistem à taxa. O “Big Brother” do governo não se restringirá ao ambiente virtual. Ney convocou todos os comissionados – mais de 400 – a irem à Câmara nesta quarta-feira, às 18h, para enfrentar os contrários à taxa do lixo. Em caso de recusa, tanto no compartilhamento das mensagens como ausência à sessão, exoneração “a galope”.
> Compartilhe pela fanpage do VERBO ONLINE