Policial militar acusa secretário de Governo de Jorge Costa de agressão no rodeio

Especial para o VERBO ONLINE

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, no centro de Itapecerica da Serra

Uma moradora de Itapecerica da Serra policial militar afirma ter sido agredida por um dos principais auxiliares do prefeito Jorge Costa (PTB) em público durante evento tradicional da cidade. A PM Nanci Nicolatti Tavares relata que na madrugada de 16 de julho, em espaço da 39ª Festa do Peão de Itapecerica, levou uma cusparada e um soco no rosto do secretário de Governo, Cláudio Silvestre Júnior, conhecido como Juninho ou Júnior, que era o presidente do rodeio.

Secretário Cláudio Silvestre Júnior, que é acusado de agressão por uma policial miliar, participa do r
Secretário Cláudio Silvestre Jr., que é acusado de agressão por uma PM, preside festa do peão de Itapecerica
Moradora de Itapecerica, PM Nanci Tavares fala ao VERBO na semana passada no centro do município
Moradora de Itapecerica, PM Nanci Tavares fala ao VERBO sobre agressão que afirma ter sofrido de secretário

Nanci conta que, após o show do rodeio – de Henrique e Juliano, de encerramento -, ficou no salão do camarote, onde também estava o secretário, que a conhecia, sabia que é PM. Ao ir ao banheiro no local, diz que foi agredida. “Quando passei na frente do Júnior, ele falou alguma coisa. Não consegui escutar, o som estava muito alto, a gente estava de frente com o palco do baile. Eu perguntei: ‘Você falou comigo?’. Ele pegou e já cuspiu na minha cara”, diz Nanci, 39.

“Eu fui para cima dele. Nisso veio dele um soco. Eu caí no chão, fiquei desacordada, não sei por quanto tempo. Não sei quem me levantou. Quando fiquei de pé, vi o Júnior rodeado por oito, dez seguranças”, relata. Nanci estava no rodeio com mulheres, mas foi ao banheiro sozinha. “Fui avisar minhas amigas o que tinha ocorrido. Quando voltei, ele estava sendo retirado. Ele me xingava de ‘puta’, ‘vadia’. Quis chegar perto dele para tirar satisfação, mas não consegui”, conta.

“Para ir ao banheiro feminino eu era obrigada a passar por ele. Eu podia ter dado a volta [no salão], como estava cheio de gente não havia necessidade. Também não estava esperando agressão nenhuma”, justifica. Nanci relata, porém, que desde o primeiro contato se sentiu hostilizada. “Tinha uma escada, ele desceu e deu de encontro comigo, olhou para mim e deu uma risada. Falei: ‘O que foi?’ Ele disse: ‘Eu vi você e lembrei que foi aqui que bati no seu irmão'”, conta.

De acordo com Nanci, na festa do peão em 2009 ou 2010 Júnior “deu um soco no rosto do meu irmão, sem falar nada”. Antes, ainda segundo a PM, o irmão tinha mandado Júnior sair de estabelecimento onde trabalhava por ter “agredido um funcionário que era deficiente visual”. “Não dei muita importância para o que ele falou para mim. Só que ele passou a olhar para mim direto, com sorriso irônico, ar ameaçador. Fiquei receosa, até comentei com minhas amigas”, lembra.

Há 17 anos na PM, Nanci estava em férias, à paisana, não carregava arma. Ela podia, porém, ter dado voz de prisão ao secretário por lesão corporal e desacato. Sem a ação, virou alvo de gozação na PM. “Antes de saberem a verdade, eu fui motivo de chacota dentro da própria corporação por ser policial, não vou negar. Eu poderia ter reagido, mas não tive condições. Não tive contato mais com ele, e me recuperava, levei a mão até o nariz e saiu um pouco de sangue”, diz.

Nanci, que registrou boletim de ocorrência, diz que vai aos tribunais contra o secretário, que é advogado. “Vou entrar com processo contra ele, criminalmente, civilmente. E vou representar contra ele na OAB. Não vejo como uma pessoa que não tem estrutura psicológica pode defender alguém. Que a justiça seja feita, estou correndo atrás para que seja punido, ele não agrediu só meu irmão e a mim, outras pessoas também, inclusive no condomínio onde ele mora”, diz.

Ela defende que Jorge exonere ou afaste o secretário. “O prefeito tem de escolher bem os componentes da gestão dele. Espero que veja com olhos de que poderia ter sido a esposa dele que poderia ter apanhado, uma filha, se tem uma. Não sou da família dele, mas tem que ver que uma mulher foi agredida. Se já está provado que ele [Júnior] é agressivo, o prefeito tem que pensar se compensa ter alguém assim para representá-lo, como ele o representou no rodeio”, diz.

OUTRO LADO
Procurado pelo VERBO, o secretário Cláudio Silvestre Júnior não quis falar sobre a acusação. “Vou aguardar ela [Nanci] dar entrada no processo, porque ela me acusou disso tudo, e até agora não tem processo, estou acompanhando isso diariamente. Assim que eu for representado, vou me manifestar. Pode ser que exista boletim de ocorrência, mas não virou inquérito policial nem processo civil. É difícil, ela está me acusando, mas não estou sendo nem processado”, disse.

Diante da insistência da reportagem para falar o que teria ocorrido, Silvestre Júnior negou a agressão. “Eu nego todos esses fatos, não aconteceu absolutamente nada. Mas vou me manifestar assim que eu for processado. Enquanto não for, eu simplesmente vou negar”, afirmou. Ele pôs em dúvida a credibilidade do relato da PM. “Constitucionalmente inadmissível eu ter feito estrago como está sendo dito e não ser processado. […] Qualquer tipo de lesão corporal, a partir do momento que você faz boletim de ocorrência, você já tem o direito de fazer a representação”, afirmou.

Também contatado pelo VERBO, o governo Jorge Costa disse ser “pertinente” a reportagem ouvir a pessoa acusada e considerou que “parece um tanto quanto estranho as pessoas estarem diante de um fato como este mais preocupados em largos e acalorados manifesto por um cargo do que de fato saber o apuramento pela verdade [sic]”, disse a diretora de Comunicação, Patrícia Costa. “Se existe uma questão policial, penso que cabe aguardarem pela resolução e não condenarem como de fato está ocorrendo uma vez que SOMENTE estão preocupados o que o prefeito fará diante do que REPITO a Sra. Nanci, narra [sic]. O posicionamento diante do narrado neste momento é: ESTAMOS AGUARDANDO A APURAÇÃO DOS FATOS JUDICIAIS! e somente após tal ocorrido que tomaremos as medidas cabíveis”, finalizou Patrícia.

LEIA NA ÍNTEGRA NOTA DO GOVERNO JORGE COSTA
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comentários

  • Esse mesmo senhor agrediu covardemente meu cunhado, e também tenho documentos que provam que ele desmatou e construiu em uma área de preservação ambiental.

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