ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Itapecerica da Serra
Vereadores e comerciantes de Itapecerica da Serra lançaram na terça-feira (20), durante sessão da Câmara, um abaixo-assinado contra a falta de segurança e pelo aumento do policiamento na cidade, que registra uma onda de roubos e furtos nos últimos meses. Os idealizadores, que querem recolher 30 mil assinaturas para ir ao governo Geraldo Alckmin (PSDB) cobrar providências, reivindicam ações urgentes como a criação de uma companhia da Polícia Militar no centro.


Proprietários relatam “muitos” arrombamentos a comércios nas últimas semanas na região central de Itapecerica, principalmente durante a madrugada. Quando o estabelecimento já encerrou o atendimento, em geral, criminosos invadem, destroem e levam dinheiro do dia de funcionamento e mercadorias. Entre as ocorrências mais recentes, há dez dias, no centro, criminosos entraram em um restaurante pelo teto, fizeram quebradeira e destroçaram o caixa.
Outro caso foi o furto de uma loja de celulares, em maio, com grande repercussão na cidade. O comerciante, indignado por ter o estabelecimento roubado inúmeras vezes, pendurou na fachada uma faixa com os dizeres “Sr. Prefeito Jorge Costa e Vereadores de Itapecerica, nós comerciantes não estamos aguentando os assaltos à noite por vagabundos”. Fotos da mensagem circularam pelas mídias sociais e motivaram solidariedade ao lojista e revolta com a insegurança.
Os ladrões nem sempre usam armas de fogo para praticar os crimes. “Mas é o suficiente para o comércio perder um dia de faturamento, entre outros prejuízos. Fechou a porta, corre o risco de ser roubado”, diz o comerciante Alessandro Bento, 41, proprietário do restaurante invadido e um dos idealizadores do abaixo-assinado, ouvido pelo VERBO. “Nós pensamos em unir forças para pleitearmos mais segurança para Itapecerica, em especial para o comércio”, afirma.
Comerciantes afirmam que diante da crise no país não podem “sofrer mais uma degradação na receita”. “Hoje não é um problema da área central, acontece na área rural, na periferia, [mas] não é ‘privilégio’ de áreas menos favorecidas. Fizemos esta mobilização em relação ao comércio porque somos os geradores de empregos na cidade, precisávamos defender o nosso território. Falamos em nome dos empresários da cidade, independente de onde estejam”, diz Bento.
Os idealizadores lançaram o abaixo-assinado para pleitear mais verbas estaduais em segurança para Itapecerica diante da saída de companhia da Polícia Militar do centro e da alegação do governo Jorge Costa (PTB) de que a verba prevista para este ano não contempla o aumento do efetivo da Guarda Civil Municipal. De acordo com a administração, o contingente entre 20 e 30 novos guardas municipais aprovados em concurso só poderá se incorporar à GCM em 2018.
Diante do quadro, os comerciantes realizaram três reuniões com o comando das polícias Militar e Civil e o secretário de Segurança de Itapecerica, a mais recente convocada no último dia 14 pelo presidente da Câmara, pastor Márcio (PSC), que já produziram os primeiros resultados, inclusive fizeram o governo municipal se “mexer”. Após os encontros, a gestão Jorge não mais se limitou a dizer que sem orçamento para incorporar os GCMs não tinha mais nada a fazer.
“O próprio secretário disse que fez uma revisão na escala de trabalho dos policiais [GCMs] para nos atender. Não é uma solução definitiva, é paliativa, precisava de mais efetivo para ter reforço consistente. Não abrimos mão de ter de uma unidade móvel da polícia municipal no centro. Inibe a ação de meliantes, uso de entorpecentes. Mas não somente isso, há necessidade de rondas, batidas policiais à noite. Ficamos reféns dos meliantes por falta de policiamento”, diz Bento.
“Não aceitamos o governo dizer que não tem verba, não vai buscar solução. Não dá para esperar até 2018 e continuar com problemas recorrentes”, diz Bento. A mobilização levou também a delegacia a fazer BOs com mais rapidez. “Maior policiamento depende de registros. Mas para o proprietário se ausentar do comércio quatro, cinco horas é complicado. Dr. Higino se sensibilizou, para que tenha mais agilidade”, diz o dono do restaurante, que registrou BO em meia hora.
O vereador Zecas (PSB), vice-presidente da Câmara, atribui o aumento da criminalidade à mudança da companhia da PM do centro para o Jardim Jacira. “A área central ficou muito desguarnecida de policiamento, antes eram os bairros que estavam desguarnecidos, agora é o centro”, diz ao justificar a realização do abaixo-assinado. A iniciativa ocorre pouco mais de um mês depois da audiência dos vereadores com o secretário estadual de Segurança, Mágino Alves.
“Teve um efeito [a audiência], ele [secretário] tinha prometido mandar algumas viaturas e mandou. Só que queremos a vinda da terceira companhia para cá. Ele não deu posição de quando virá, por isso o abaixo-assinado, é para apelar ao governador para que seja criada no município”, diz Zecas. “Mas que venha mais contingente [para a nova companhia], se for dividir o número de policiais que já são poucos aqui, aí não compensa”, adverte ele, que é GCM licenciado.
De acordo com Zecas, a GCM também está com efetivo defasado. “Hoje, a GCM compõe-se de 72 guardas, mas com os afastados, em licença-prêmio e férias não chega a 15 [em serviço] por dia. Quatro ficam na prefeitura. O prefeito tinha que fazer como a Câmara, não temos GCMs na Casa para compor mais uma viatura na rua e ajudar a população”, diz. Ironicamente, no mês passado, Jorge disse que a cidade está bem servida de policiais e a criminalidade, sob controle.
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