Pais reclamam da má qualidade de uniforme escolar; secretário de Ney reprime mãe

Especial para o VERBO ONLINE

RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes

Pais de alunos da rede municipal de Embu das Artes estão reclamando dos uniformes escolares entregues pelo governo do prefeito Ney Santos (PRB) e cobram outros itens ainda não distribuídos, mostra reportagem de “O Estado de S. Paulo” publicada nesta terça-feira (16). De acordo com o blog “Blitz Estadão”, eles relatam que as roupas são de qualidade muito ruim e apresentam defeitos e o kit de higiene e as mochilas ainda não foram entregues às crianças.

Uniformes
Uniformes com bermuda que lembra calça capri, em tamanho desproporcional e com material fino e ‘gelado’

Mãe de crianças de 9, 8 e 3 anos, alunas de escolas da prefeitura, a moradora Desirée Magalhães está descontente com a qualidade dos uniformes, conforme vídeo que enviou à reportagem com descrição dos itens. “O tecido é muito fino e as costuras estão extremamente tortas. Já teve caso de uniforme que rasgou nos primeiros dias de uso. Observei que o material da roupa da creche para crianças na fase 2 é bom, já para crianças do ensino fundamental é muito ruim”, diz.

Desirée recebeu uma calça, um short, um par de meia, um par de tênis, três camisetas de manga curta, uma de manga comprida e um agasalho por criança, mas “só gostei do tênis”. “A única definição que achei para o material é pano de guarda-chuva”, diz. Avó das crianças, Márcia Magalhães diz temer pela chegada do frio, já que “o tecido é fino, brilhante e gelado”.”Crianças carentes que dependem somente deste uniforme vão passar frio e ficar doentes”, reclama.

A moradora Crisleine Oliveira Souza, mãe de crianças de 12 e 8 anos matriculadas nas unidades da prefeitura, também se queixa da má qualidade. “São inúmeros os defeitos. As calças não têm forro. O pano é muito fino e não protege em dias frios. Também vieram em tamanhos desproporcionais. Um muito grande e outro muito pequeno. As crianças não ficam à vontade com o short que parece uma calça capri [com a perna longa, que passa inclusive do joelho]”, descreve.

Cristiane de Oliveira reclama que o material do uniforme para crianças de creche de 5 anos é o mesmo para alunos do ensino fundamental”. “É muito fino e para não passarem frio seria preciso usarem mais de duas mudas de roupa. O tamanho também veio errado. A roupa da Maria Eduarda serviu para o Kauã [filhos de 7 e 4 anos]”, conta. Ela diz que o uniforme antigo era de boa qualidade. “Mas já há rumores que as crianças serão barradas se usarem”, observa.

Márcia diz na reportagem querer “saber sobre a documentação de licitação do uniforme quanto foi gasto”. Cristiane também quer explicações da prefeitura sobre “como é feita a licitação para a compra dos uniformes”. Crisleine diz que teve reclamação por escrito apagada e que foi reprimida pelo secretário de Comunicação, Jones Donizette. “Eu, inclusive, fui reprimida por funcionários da Prefeitura de Embu das Artes nas redes sociais. Tive posts deletados”, diz.

No áudio enviado às mães que reclamaram, a que a reportagem teve acesso, o secretário de Ney diz: “A gente sentou, nós conversamos ontem, quase uma hora e meia de conversa. Nós nos inteiramos de tudo, mas do mesmo jeito você saiu, foi para as redes sociais por uma situação que sabe que não tem como resolver nas redes sociais. Falei pra você do caminho que tem que ser tomado para resolver isso daí. Claro que você tem o direito de se expressar da maneira que você achar melhor, mas é uma coisa que você já sabe qual é o caminho que tem que ser tomado contra a empresa que fez o uniforme, se de fato eles não atenderam o que foi pedido, e vai ter que ser tratado juridicamente”.

OUTRO LADO
A prefeitura informa que os uniformes confeccionados para creche são de malha de helanca colegial, 100% poliéster. Já para o ensino fundamental, o material usado foi o tactel. “As escolas estão coletando informações quanto aos defeitos apresentados para posteriormente realizar as trocas necessárias, tanto de tamanho, quanto de defeitos, pois todas as peças defeituosas serão substituídas. Todas as escolas possuem material de higiene pessoal para os estudantes, porém, a sua licitação está em análise pelo Tribunal de Contas, que suspendeu o processo em 22 de março”, diz a nota.

“Neste ano, o investimento foi de R$ 6.307.123,31, pois está sendo atendido um número maior de estudantes, devido à inauguração de quatro creches, e ainda foram acrescidos aos uniformes: dois pares de meias, um par de tênis e dois pares de meia com solado de borracha. E as crianças da creche fases I e II tiveram ainda a aquisição de toucas. A empresa que ganhou a licitação foi a Revertex. No ano passado, foi a Cely Confecções. Neste ano serão entregues aproximadamente 29 mil uniformes”, explica ainda o governo municipal, conforme a reportagem de o “Estado”.

“A Secretaria Municipal de Educação está elaborando um relatório que reúne todos os problemas pontuais na entrega de kits e uniformes para verificar casos em que estes não estejam adequados e, após a finalização do documento, será encaminhado à Secretaria de Assuntos Jurídicos, que aguarda o envio do documento para adotar as medidas cabíveis e acionar a empresa contratada para confeccionar os uniformes”, acrescenta a gestão Ney Santos no comunicado.

Ney se eximiu de culpa pelos problemas, conforme apurou o VERBO. “Não sou eu que costuro os uniformes”, disse em entrega nesta terça-feira (16), em “atraso do atraso” – após entregar só em maio, ele anunciou que até dia 10 todos os kits seriam entregues. Quanto às mochilas, a prefeitura diz que serão entregues nos próximos dias, segundo o “Estado”. Sobre a repressão que uma das mães relatou, a prefeitura afirma que o secretário Jones Donizette abriu um canal de diálogo próximo e dirigido à munícipe com cordialidade e posicionamento em nome do poder público municipal.

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