RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
Derrotado nas eleições internas do PT em Embu das Artes ao não conseguir eleger presidente do partido o nome que lançou, o deputado estadual Geraldo Cruz virou alvo de incisivas críticas de vereadores do próprio PT e de ataque de adversário, municiado pelas farpas dos “companheiros”, na sessão na quarta-feira (12). Irredutível a acordo para evitar prévias, Geraldo viu Anésio Martins perder disputa pelo comando da sigla para Gabino Silva por diferença de 13 votos.
Os vereadores Edvânio Mendes e Doda Pinheiro e o ex-vereador João Leite, que deixava a presidência do PT, aliaram-se e integraram chapa adversária a Geraldo – considerada de centro, aberta a diálogo com o governo Ney Santos (PRB). A vereadora Rosângela Santos, a mais votada de Embu para a Câmara em 2016, e a ex-vereadora Maria das Graças, ex-presidente do Legislativo, compuseram grupo fiel ao deputado – mais à esquerda, de oposição firme ao prefeito.
Apesar de não citar o nome de Geraldo, Edvânio fez crítica contundente dirigida ao deputado, chamado de autoritário – tachado até de “reizinho” – por parte dos militantes. “O PT [com a eleição de Gabino] está sendo construído com uma nova ideologia, novo pensamento. O PT não tem dono, não tem cacique, não tem quem manda, é feito de discussões. A nossa chapa foi vencedora, mas não foi um ou outro que brilhou, o agrupamento que foi vitorioso”, disse o vereador.
Após dizer que “era para ser eleição do PT” com Gabino com 201 votos e Anésio, 188, ao citar o 13 (diferença) como número da sigla, Doda frisou que se deve “respeitar o surgimento de novas lideranças”, em farpa a Geraldo. “Tem gente que pensa o partido como se fosse seu, que é o candidato já instituído. Se a lei permitisse, seria candidato a vereador, prefeito, deputado, governador, senador, presidente e a papa. Pensa a política do umbigo, em torno de si só”, disse.
Doda enfatizou que é preciso “romper cada vez mais com o sistema de autoritarismo de dizer ‘eu sou, eu faço, eu aconteço'”. “Não dá para aceitarmos, na atual conjuntura política do país, algumas pessoas quererem aniquilar o espaço das outras”, disse o vereador, que sinalizou diálogo com o governo Ney. “Estamos prontos para fazer uma discussão propositiva para o bem da nossa cidade e da política pública que o PT implantou nos últimos 16 anos”, falou.
Estimulado pela fala dos colegas, o ex-petista Gilson Oliveira (PMDB) também alfinetou Geraldo, de quem já foi aliado. “Eu não podia deixar de falar, até porque eu também nasci no PT. O Doda é meu professor, parece que eu entendi o recado dele, tem gente que concorre a tudo, mas está percebendo que está perdendo seus espaços. Mas vai crescer ainda, quando ele estiver grande vai enxergar”, disse o vereador, irônico também sobre a baixa estatura do deputado.
O vereador Bobilel Castilho (PSC) foi mais ácido na reprovação a Geraldo e mostrou satisfação com a eleição de chapa adversária do petista. “A ditadura na nossa cidade está acabando, esse político quis ser tudo na nossa cidade, vereador, prefeito, deputado. Hoje é um momento de felicidade, o povo deu um basta nele [na eleição] e agora mais um basta. E não volta mais, perdeu na rua e até dentro do partido está perdendo. Tchau, tchau, querido, mais uma vez”, disse.
Aliada de Geraldo, Rosângela não defendeu o deputado e preferiu um discurso de conciliação. “O importante nesta eleição é pensarmos na unidade, no crescimento do PT, independente de quem ganhou, temos que sair fortalecidos, buscarmos novas lideranças. Que formemos pessoas e tenhamos pensamentos não individuais, mas coletivos”, disse ela, que cogitou se lançar candidata a presidente e irritou militantes antigos. Procurado, Geraldo não se manifestou.
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