RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, no centro de Taboão da Serra
A 61ª edição da tradicional Paixão de Cristo de Taboão da Serra, encenada na região central, reuniu cerca de 5 mil pessoas que acompanharam ato de cerca de duas horas em frente ao Parque das Hortênsias na noite desta sexta-feira (14). Apesar de uma apresentação mais sóbria comparada à de anos anteriores, com cerca de 30 atores profissionais entre 120 pessoas no elenco e na produção, o público se emocionou diante de cenas realistas da vida e morte de Jesus.
Durante a encenação, transmitida por telões, os atores representaram passagens da vida pública de Jesus, desde os milagres até a sua paixão, morte e ressurreição. O cenário foi mais simples este ano, a via-sacra (cortejo de flagelação) de Jesus se concentrou em frente ao palco como na edição passada – não mais como em alguns anos anteriores, em que Jesus passava pelas ruas da região central até o Morro do Cristo, onde aconteciam a crucificação e ressurreição.
Na ressurreição, Cristo, de túnica branca, surgiu no chão, não sendo elevado ou suspenso. Uma outra diferença foi a não realização da cena do enforcamento de Judas, sempre preparada e aguardada com curiosidade pelo público. De acordo com o diretor-geral Ricardo da Hora, a encenação foi mais simples para ter como foco principal a qualidade do elenco. “A gente quis mudar um pouco, a gente quis trazer a família e investir mais na qualidade dos atores”, disse.
No papel de Jesus pela primeira vez na Paixão de Cristo, o ator profissional Washington Gabriel destacou que o fato de ter formação específica como artista circense contribuiu para representar o protagonista. “Poder representar um personagem dramático, eu sendo palhaço por formação, é uma experiência louca, porque o palhaço chega a essas duas extremidades e Jesus chega também porque ele era cativador, ele era feliz e alegre e cativava as pessoas”, disse.
Washington enfatizou que Cristo transcende a identificação religiosa. “Todo elenco tem a sensação de que hoje não fez só teatro, representamos algo bem maior, maior que a própria religião, representamos o perdão e o amor, o que falta muito hoje, mas era mensagem que Jesus passava, e no espetáculo neste ano quisemos frisar que Jesus perdoava e ensinava a perdoar, não discriminava ninguém, não era racista, não era homofóbico, mas recebia todos”, declarou.
A Paixão de Cristo de Taboão teve a volta do diretor de elenco Valter Costa e do produtor artístico Zé Maria, que estariam afastados por falta de espaço na produção. Criado em 1956 – três anos antes da própria emancipação política do município – pelo dramaturgo Manoel Francisco da Nova, a 61ª edição foi em homenagem ao ator-símbolo do papel de Jesus no espetáculo, Mário Pazini Júnior, reverenciado pela classe artística de Taboão, morto em 2014 aos 51 anos.
Apesar do cenário de qualidade inferior com relação aos anos anteriores, o vice-prefeito Laércio Lopes (PTB) elogiou os organizadores da Paixão de Cristo e disse que a representação teatral tem evoluído. “Quero parabenizar o diretor-geral Ricardo da Hora, ao Valter, ao Zé Maria e toda a Secretaria de Cultura, o espetáculo realmente emocionou. O nosso espetáculo, a cada ano, está crescendo mais na cidade de Taboão da Serra, e todos os atores estão de parabéns”, disse.
Pároco do Santuário Santa Terezinha, monsenhor Aguinaldo de Carvalho, que fez orações durante o espetáculo, também elogiou a encenação e disse que foi até melhor que a do ano passado por conta do mau tempo. “Esse ano a experiência foi maravilhosa, ano passado a avaliação ficou difícil porque a chuva foi muito intensa, mas esse ano superou, foi uma apresentação espetacular e a nota que dou é 10”, disse o padre. Fiéis do santuário também atuaram.
“A apresentação foi muito linda, breve e conseguiu demonstrar a trajetória de Jesus, toda a paixão e ressurreição muito próximas da maneira que o evangelho nos sugere”, enfatizou monsenhor Aguinaldo. Moradora de Taboão, Paula Silva assistiu pela primeira vez à encenação e se disse tocada, principalmente quando Jesus foi crucificado. “Ele mostra o amor que tem pela gente, pela humanidade”, resumiu Paula, 33, “idade de Cristo”, lembrou a reportagem. Ela riu.
Além do vice-prefeito Laércio, estiveram presentes os vereadores Eduardo Nóbrega (PSDB), Cido da Yafarma (DEM), Alex Bodinho (PPS) e Rita da Saúde (PSDB), e o secretário de Cultura, Israel Luciano. O prefeito Fernando Fernandes (PSDB) não compareceu. Ele esteve no ano passado, quando era candidato a reeleição. Em 2016, foi um dos alvos de crítica do ator que fez Jesus, Clayton Novais, que disse que os políticos se promoviam e não valorizavam os atores.
> Colaborou Adilson Oliveira, especial para o VERBO ONLINE, no centro de Taboão da Serra
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Desculpa faz 3 anos que assisto a paixão do Taboão e achei bem fraca esse ano, não tinha quase nada, gostei mais dos outros anos.
Infelizmente sou obrigada a discordar dá matéria.
Assisti nos outros anos e posso afirmar que foram bem melhores que este ano.
No ano passado além de muita chuva, mesmo assim as cenas foram mais bem feitas e foram emocionantes pois muitas pessoas choravam de emoção.
Neste ano muitas cenas não se encaixaram e levei minha filha pequena que ficou chocada ao ver a cena do palácio de Herodes