ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
Nesta sexta-feira (14), Taboão da Serra vive a tradicional Paixão de Cristo encenada na região central, na 61ª edição, produzida antes mesmo da emancipação do município (1959). Com ensaios em ritmo intenso desde o início do ano, uma das encenações dos últimos passos de Jesus mais antigas do Estado de São Paulo ocorrerá em frente ao Parque das Hortênsias (ao lado da prefeitura), como no ano passado, a partir das 18h, com atores veteranos e novas caras.
Neste ano, o destaque principal vai para Washington dos Santos Gabriel, que vai interpretar Jesus na adaptação pela primeira vez. Apesar de formado em comédia, recentemente ele decidiu fazer dramas, o que o aproximou do papel que vai fazer na Paixão de Cristo – criada em 1956 por Manoel Francisco da Nova. “Tenho que suprir as duas necessidades, tanto como profissional do teatro e também como uma figura religiosa muito forte. Tenho que estar 100%”, disse.
A Paixão de Cristo no centro de Taboão acontece graças ao esforço de grande equipe que está por trás da produção. São cerca de 120 pessoas trabalhando para que a apresentação tenha êxito, como a figurinista Maria Aparecida Ribeiro, que trabalha na peça há 11 anos, além dos moradores do município. Os doze apóstolos são interpretados por fiéis do serviço de acolhimento do Santuário Santa Terezinha. Há também pessoas de Embu das Artes e São Paulo envolvidas.
Cerca de 30 atores são profissionais e garantirão a carga dramática da Paixão, que conta com a volta do diretor Valter da Costa e do produtor artístico Zé Maria. Ambos já protagonizaram a concepção da encenação, que neste ano chega com surpresas e novidades, como nova trilha sonora e telão. “Estamos fazendo esse trabalho para resgatar o público”, contou Zé Maria. A peça já chegou a ser exibida para cerca de 20 mil pessoas, quando culminava no Morro do Cristo.
O palco em frente ao Parque das Hortênsias foi erguido com antecedência, mas teve de ser remontado e atrapalhou os planos de realizar com antecedência os ensaios no local, que começaram só domingo passado (9) – pelo segundo ano seguido, a Paixão está limitada a espaço em frente ao parque. Nos anos anteriores, após ser traído por Judas, Jesus era obrigado a carregar a cruz por mais de 1 km até o Morro do Cristo, no bairro Santa Luzia, quase divisa com São Paulo.
A encenação neste ano terá homenagem a Mário Pazini Júnior, considerado ator-símbolo do papel de Jesus da Paixão de Cristo de Taboão, que morreu em 2014 aos 51 anos. Mário era conhecido por ter “participado” da Paixão desde quando no ventre da mãe, em 1962 – ano em que nasceria, em 26 de novembro, na cidade. Therezinha Pires Pazini era “Maria”. Já falecido, Mário Pazini, o pai, fazia Cristo, papel que mais tarde o Júnior viveria, após ser o “Menino Jesus”.
‘PEGOU PRA CRISTO’
Washington viverá Cristo após o ator Clayton Novais ser o protagonista por seis anos, quatro consecutivos. Após viver Jesus no ano passado, Novais criticou políticos e religiosos da cidade ao dizer que se utilizavam da encenação e pouco valorizavam os profissionais. “Os artistas não são mercenários, como já ouvi algumas vezes, mas eles pagam contas, pagam impostos, se alimentam, vestem e possuem outras necessidades, não vivemos apenas de luz e aplausos”, disse.
Conforme apurou o VERBO, os atores que interpretarão personagens principais na Paixão de Cristo neste ano, fora Jesus, estão recebendo R$ 800 mensais por três meses de ensaio e espetáculo – caso de Maria, Maria Madalena, Caifás, Pilatos, Caifás, José de Arimateia, Herodes, chefe da guarda. “Mas todos esses atores e atrizes são profissionais”, disse um membro do espetáculo. O ator que fará Jesus e diretores ganham R$ 1.500,00. Os demais atores recebem R$ 600.
SERVIÇO
61ª Paixão de Cristo no Centro de Taboão da Serra
Nesta sexta-feira Santa, 14 de abril, a partir das 18h – gratuito
Estacionamento do Parque das Hortênsias – Praça Miguel Ortega, 500, Parque Assunção
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